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A Capital do Turismo Histórico do Circuito das Águas


As origens de Amparo

A versão clássica da fundação de Amparo, escrita por Bernardino de Campos, diz que em princípios do século XIX, lavradores de Nazaré, Bragança Paulista e Atibaia , além de Mogi-Mirim, acorreram para Amparo, atraídos pela fertilidade das terras.

Edificaram uma capelinha às margens do rio Camanducaia e, em 1829, pediram ao bispado, que lhes dessem um cura, o que se caracterizou a 8 de abril desse ano. Francisco da Silveira Franco, Francisco Xavier dos Passos, João Bueno e seus companheiros, subscritores desse pedido, são considerados os fundadores da cidade.

Essa narrativa em linhas gerais absolutamente verdadeira, não esclarece, porém, as origens de Amparo, que remontam do século anterior. Bernardino de Campos, entretanto em 1870, não dispunha da documentação necessária para um melhor esclarecimento dos primeiros tempos do povoamento da região. Só mais tarde, já em nosso século, com a divulgação dos documentos do Arquivo do Estado de são Paulo, tornou-se possível o estudo desse período.

Duas versões existem sobre a fundação de Amparo. Uma de autoria de Francisco de Araújo, foi publicada alguns anos depois da de Bernardino e coincide com este nos pontos principais. Outra anônima está expressa numa informação contida na revista do Arquivo Municipal de São Paulo em um artigo sobre os nomes das ruas da Capital. Nessa publicação se informa, sem esclarecer a fonte e sem apoio em qualquer outro, que Amparo foi fundada em 1808, pelo bragantino João Pedro de Godoy Moreira. A verdade é que o território amparense, já palmilhado em 1596 pelo pirata inglês Antony Knivet, que desceu o Jaguarí numa jangada, só começou a ser percorrido com frequência a partir do inicio do século XVIII, quando a corrida do ouro de Goiás e de Minas Gerais tomou esta região a encruzilhada das bandeiras que se dirigiam para essas jazidas.

Antes disso, porém ao final do século, XVII, o padre Mateus Nunes de Siqueira fez uma exploração sistemática do chamado Sertão de Jundiaí arrebanhando índios Guarulhos para catequese aldeiando-os em sua fazenda, o que mais tarde daria origem à cidade de Atibaia. O Sertão de Jundiaí é região mal definida pelos historiadores, mas presume-se que abrangia toda a área montanhosa da Mantiqueira ao norte então da vila de Jundiaí, que era revestida de densa cobertura florestal. Compreenderia atualmente Amparo, Serra Negra, Lindóia, Itatiba, Bragança Paulista, Atibaia, Monte Alegre do Sul, Socorro e alguns municípios mineiros. Logo porém passou a predominar a denominação de Sertão de Manducaia, para designar esta vasta região, que se estendia dos arredores de Campinas até Pouso Alegre. No ano de 1722, o Anhanguera II na sua célebre expedição a Goias atravessou e um dos s participantes da bandeira a mencionou, com o nome de Mato de Jundiaí. Numa região tão inóspita, devido ao relevo e à vegetação, as estradas foram as grandes vias de penetração e de povoamento. A principio, elas se limitaram a penetrar timidamente nas margens da grande floresta. Uma sesmaria concedida aos frades beneditinos de Jundiaí, por volta de 1660, atingiu o rio

Camanducaia, na altura de Santo Antônio de Posse, ao longo de uma estrada que alcançava os Sertões dos Tupis e dos lanceiros, o primeiro situado na Bahia e o segundo no Piauí. O traçado desse caminho no trecho paulista, provavelmente, correspondia grosseiramente a atual rodovia Ademar de Barros.

Com a descoberta do ouro em Goiás, essa rota passou a ser muito freqüentada e novas sesmarias foram distribuídas ao longo do caminho, inclusive para o bandeirante Amador Bueno da Veiga, que deu origem à atual cidade de Jaguariúna. No ano de 1726, uma sesmaria foi dada a Francisco Pais da Silva, no Camanducaia ou feijão queimado, como dizem. Essa gleba se estendia pelo dito rio de Jaguarí acima até um saco de um campo onde os Guarulhos têm sua pescaria.

A partir dessa sesmaria a floresta começou à ser desbravada e penetrada, a partir de suas bordas, Atibaia, Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Bragança ( até então chamada de Jaguari ), surgiram do lado paulista. Na outra encosta da Mantiqueira em território de Minas, as povoações de Ouro fino, Pouso Alegre e Camanducaia foram fundadas. Um núcleo de selva, porém, resistia aos desbravadores. A área ocupada pelos municípios. de Amparo, Pedreira, Itatiba, Monte Alegre, Serra Negra e Socorro, continuava intocada, recoberta pela floresta ainda em meados do Século XVIII. O regime opressivo do governo colonial, perseguindo a ferro e a fogo os devedores fiscais e delinqüentes, recrutando soldados para guerras distantes, e combatendo quilombôias, escravos fugidos, transformou esta região inacessível num polo de refugiados a principio , uns poucos desertores, mas logo dezenas e, depois, centenas de perseguidos afluíam pura as margens do Camanducaia. Alguns trouxeram as famílias, constituindo os primeiros focos populacionais permanentes nas terras amparenses. Os documentos interessantes, periódico do Arquivo do Estado de São Paulo, publicam dezenas de papéis referentes às providências ordenadas pelas autoridades da capital às Câmaras de Atibaia e Mogi-Mirim, para capturar os refugiados no vale do Camanducaia. O próprio Afonso de Escagnolle Táunay, nos anais do Museu Paulista, dá noticia de um coiteiro de escravos no Camanducaia, nessa época. Assim, em 1768, já existia um pequeno núcleo urbano às margens do nosso rio, com a denominação de Retiro do Camanducaia. Nesse ano, Morgado de Mateus, governador da capitania escrevia ao rei informando que os moradores do Retiro do Camanducaia, não só não sabiam o nome do rei, como ignoravam totalmente a existência de um rei em Portugal. Mal sabiam da existência de um governador em São Paulo.

Os amparenses sempre foram homens realmente muito independentes. Ao mesmo tempo, surgem, nos documentos de Mogi-Mirim, repetidas menções sobre um Bairro do Camanducaia, especialmente batizados e casamentos, mostrando um cerro intercâmbio dos nossos montanheses solitários com aquela vila.

No ano de 1770, entretanto, um novo fator vinha perturbar a tranqüilidade do lugarejo. Um paulista, Simão de Toledo Piza, fundador das cidades mineiras de Pouso Alegre e de Toledo, descobriu ouro nas nascentes do Camanducaia. Mas, em vez de comunicar a descoberta ao governo paulista, dirigiu-se ao governo mineiro. Uma verdadeira guerra, onde até uma batalha fluvial foi travada no rio Sapucai, marcou a disputa pelo ouro do Camanducaia. Do lado paulista, o guarda-mor Lustosa um dos fundadores de Ouro Fino, comandou os nossos. Do outro Simão de Toledo, contou com apoio do governo e acabou repelindo o guarda-mor Lustosa, obrigando-o a abandonar a região. Para evitar que os mineiros se apoderassem de toda a área, o governador paulista determinou ao tenente Francisco José Machado e ao guarda-mor coronel Francisco Pinto do Rego, que abrissem uma estrada margeando o rio Camanducaia, até os limites de Minas Gerais, provavelmente esse caminho partia do largo da Cadeia Velha ( hoje, praça Jorge Pires de Godoy ), e subia acompanhando o rio até Socorro. É oportuno registrar que a existência dessa estrada em sentido transversal, na direção, leste-oeste, já havia sido prevista pelo historiador amparense Roberto Pastana Teixeira Lima.


Já a essa altura outra estrada cortava o centro do sertão de Manducaia ligando Atibaia a Mogi Mirim. Era um ramal da estrada de São Paulo a Goiás, origem mais tarde da ferrovia Mogiana e da Via Anhanguera. No ano de 1797, surgiu uma polêmica entre Atibaia e Mogi Mirim a respeito do limite entre as duas vilas e os mogianos plantaram um marco num morro a uma légua da margem sul do Rio Camanducaia a beira dessa estrada.

Mas, nessa mesma ocasião, Bragança pleiteou sua elevação à vila, o que foi impugnado pela Câmara de Atibaia, a qual alegou já possuir moradores na margem norte do Camanducaia. Ao que parece, trata-se dos atuais "becos" da rua Anna Cintra. . A estrada São Paulo-Góiás atravessava o Retiro, no sentido norte- sul cortando ao meio o nosso largo da catedral, antiga praça Barão Rio Branco, hoje, Monsenhor João Baptista Lisboa. São remanescentes dessa estrada as ruas Arthur Godoy, Sete de Setembro, Oito de Abril e Conde de Parnayba.

Seu percurso, depois de atravessar o rio é de difícil reconstituição, mas o professor Teixeira Lima sustenta, com ponderáveis argumentos, que ela margeava o rio até os Feixos, onde atravessava a serra do Caraguatá, para se dirigir a Mogi, via Duas Pontes. Ao iniciar-se o século XIX, pois, já existia uma significativa população em terras amparenses, constituída não apenas de foragidos, mas também de agricultores, antigos garimpeiros, tropeiros que ali estanciavam, ou que dali eram originários. É possível que, nessa época, como quer Bernardino de Campos, grandes levas de lavradores de Atibaia, Mogi e de outros lugares tenham afluído para Amparo. Mas eles já foram recebidos ali por uma população de autóctones, que se agrupava ao longo da estrada São Paulo-Goiás, esboçando um núcleo urbano, centralizado no largo da Cadeia Velha, hoje praça Jorge Pires de Godoy.


A partir daí, a cidade começa a se expandir invadindo a encosta sul do vale. A Capela , que se encontrava à margem do Camanducaia, foi transferida para o lugar do atual largo catedral, por volta de 1818 (14). O centro urbano a acompanhou e à volta da igreja que se erguem as construções mais. imponentes. E é do largo da Matriz que nascem as principais artérias urbanas: a Rua do Meio, atual 15 de Novembro, a rua Direita, atual 13 de Maio e a rua da Ponte, atual Marechal Deodoro. A ereção da capela curada no dia 8 de abril de 1829. No dia 4 de março de 1839, uma representação de amparenses consegue na Assembléia Provincial a elevação a Freguesia . No dia 14 de março de 1858 era elevado a município independente de Bragança Paulista e elevada a cidade. A licença da Cúria Metropolitana de Campinas que autoriza a celebração de missas em 24 de março de 1873, pelo vigário local dá demonstração da pujança desta região. Na época Amparo era limítrofe com Bragança Paulista, Serra Negra, Socorro, Itapira, Mogi Mirim , Pedreira e Itatiba. No ano de 1872 um grupo de ricos amparenses criava a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. No dia 21 de abril de 1873 era criada a Comarca com nomeação de Antonio José da Veiga Cabral, como primeiro juiz. As ruas passaram a contornar a encosta em vez de enfrentá-la frontalmente, como se fizera em Bragança Paulista e Atibaia. As margens do Camanducaia foram abandonadas por mais de um século. A povoação se emancipava do rio que lhe dera nascimento.

A essa altura Amparo era um lugarejo estritamente agrícola voltado para a produção de subsistência. O cultivo do feijão, milho e mandioca, a criação de porcos, de gado e de cavalos eram as atividades da maioria da população. O burgo servia como centro comercial fornecedor de produtos importados de outras regiões como o azeite, sal, vinho, ferramentas e tecidos. Provavelmente, alguns serviços de pouca especialização como a confecção de calçados, a fabricação de móveis rústicos e outros, ocupavam parte dos citadinos.

A documentação desse período, entretanto, é escassa e não permite mais do quê suposições. Capela Curada em 1829. Freguesia em 1839. Vila em 1857. Amparo tornou-se cidade e sede de comarca em 1873. No ano de 1945 seria declarada Estância Hidromineral, o que lhe custou a autonomia municipal em vários períodos.

No ano de 1842, as lutas políticas entre liberais e conservadores repercutiam em Amparo, onde um grupo sob a liderança de Joaquim Pinto, mais tarde Barão de Campinas, tentou uma ação militar para tornar a vila e dali marchar contra São Pau1o. Os revolucionários foram dispersados por uma tropa vinda de Mogi Mirim, antes que dessem início à revolta. A partir de 1850, a questão da escravatura, começou a preocupar os agricultores amparenses, que passaram a procurar soluções para o problema da mão de obra. O café introduzido na região na época exigia grandes contingentes de trabalhadores e provocava significativo aumento no valor da produção, permitindo um acúmulo de capital que possibilitava a busca de outras formas de relações de trabalho. A Guerra do Paraguai, interrompeu as discussões sobre o assunto, mas em 1870, as primeiras colônias de imigrantes foram instaladas na fazenda Salto Grande. Italianos, Espanhóis, Austríacos e Suíços começaram a afluir para o município.

A chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Mogiana, ao mesmo tempo em que facilitava o escoamento da produção cafeeira, tornava ainda mais premente a necessidade de incrementar a imigração, para que a "falta de braços" não atrapalhasse a crescente atividade agrícola. A década de 1870 marca o apogeu econômico e político de Amparo. Maior município cafeeiro do mundo, rico e próspero, o Amparo é procurado por gente de todas as partes e de todas as condições. Paulistas da capital e do interior, brasileiros de outros estados, imigrantes estrangeiros de toda a Europa, médicos, advogados , artesãos ou simples agricultores convertem para Amparo. A imprensa local chega ao luxo de publicar edições diárias, a política se incendeia com as disputas entre liberais e conservadores, de que resulta o aparecimento do primeiro Clube Republicano do país. Amparenses participam da convenção de Itu e militam no parlamento provincial. Cria-se o primeiro hospital de isolamento, surgem a cada passo clubes e associações; cidade fervilha de vida.

A imigração aumenta gradualmente e vai resultando numa diversificação da economia, com o surgimento de pequenas oficinas e das primeiras fábricas, os abolicionistas redobram os esforços para a libertação dos escravos e não hesitam em recorrer a meios violentos para isso, Chico Tristão e outros abolicionistas estimulam levantes de escravos e os escondem em quilombos. A Lei Áurea encontra grande parte dos escravos amparenses já libertos.

Esta rotina é contribuição

de

Ana Cristina Vellardi  

 Município de

Amparo

Col. Nossa Senhora

do Amparo

Catedral Nossa Senhora

do amparo

Residência do

Dr. Franco da Rocha em

Amparo

Córrego Camanducaia

Casarão do Ciclo do

Café, em Amparo

Rio Jaguari

Afluente do

Rio Camanducaia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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