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   A saga de Colombo

24 de junho de 1493

     Enquanto em Nuremberg, centro dos estudos geográficos da Europa, as prensas de Anthonius Kobeger estão ativas, da corte dos reis  da Espanha em Barcelona sai uma curiosa peregrinação.

     Abrem a procissão servidores reais, com vestimentas vermelhas, dourada e branca, que ostentam as armas de Aragão e Castela. Seguem atrás monges penitentes, com seus círios, cabeças descobertas sob o sol escaldante. O povo se espreme nas ruas para assistir esse cortejo estranho, pois entre eles estão cinco homens vestidos estranhamente, semi-nus com penas de aves  exóticas.

     Índios, gente de além-mar! Súditos do Grande Kan da Ásia! Até misturados na procissão parecem estranhos e ameaçadores. Ouve-se entre a platéia um murmúrio: "Salve-nos virgem santíssima de Guadalupe!"

     Todos sabem quem trouxe esses estranhos seres, o Almirante, o vencedor do oceano, o homem que descobriu terras na margem oposta das ondas infinitas.

     Não foi a intervenção de forças sinistras? Foi realmente a graça do Todopoderoso que permitiu que ele tivesse sucesso, de quem se afirma é judeu, meio mouro meio bruxo? Não será tudo aquilo obra do demônio e arte da feitiçaria? Como pode salvar seus barcos quando, deslizando-se pelas bordas da Terra, se precipitam ao abismo sem fundo? De quem ele se valeu? Quais forças infernais o trouxeram de volta, contradizendo todas as leis da natureza? Como se salvou do abismo infinito?

     Já, em meados de março de 1493, Don Luís de la Cerda, duque de Medinaceli, Grande de Espanha, rico comerciante e armador, foi informado pelo seu serviço particular de informação, que Colombo estava de regresso, depois de achar o que buscava. E apenas oito dias mais tarde, chega no serviço secreto da Senhoria de Florença, um informe de seus agentes, segundo o qual, vários homens, navegando em três caravelas para o rei da Espanha, haviam descoberto, a oeste do oceano, uma grande ilha habitada por seres humanos. Não conheciam o ferro, porém havia grande quantidade de ouro, algodão e especiarias.

     Na Itália e Alemanha, os ricos comerciantes ficam preocupados, eles percebem a importância dessa descoberta, que logo  a rota comercial para Catay (China), Sipango (Japão) e Ilhas da Especiarias (Indonéisa) se desviará para o Oceano Atlântico. Eles fatalmente perderão o monopólio desse comércio.

     Em 14 de julho de 1493, o Dr. Jerônimo Munzer. de Nuremberg, escreveu uma carta ao rei de Portugal, Don João II, a mando do imperador alemão Maximiliano, incentivando o dirigente português a conquista a América, afirmando que o comércio com essas terras seria muito vantajoso:

     "Considerando estas  circunstâncias, Maximiliano, o rei Invicto que, por parte de mãe também é descendente de portugueses, pretende pela minha mediação, estimular Sua Majestade a explorar a terra oriental, a rica Catay. Como admite Aristóteles no final do livro II do Céu ao Universo, e como afirmam Sêneca no livro V de sua História Natural, e Petrus Aliacus, o mais culto cardeal de seu tempo, e muitos outros homens ilustres, que o litoral das terras habitadas do Oriente se encontra muito próximo do Ocidente habitado. Prova disso são os elefantes, tão numerosos em uma e outra região, e as "canas" das costas do Oriente que as tempestades levam a partir dos Açores. São inúmeras as provas, e posso afirmar com segurança, que em poucos dias pode-se cruzar o mar em direção oeste até a oriental Catay (China).

     Vossa Senhoria possui meios e riquezas em abundância, tem marinheiros experimentados que querem conquistar a imortalidade e a glória. Que glória seria a tua, se por suas ordens o Oriente habitado fosse conquistado a partir do Ocidente? E quanto benefício não traria ao comércio? As ilhas do Oceano serão suas tributárias, e monarcas se submeterão à sua soberania".

     Os eruditos alemães dão crédito ao italiano, filho de um tecelão de lã? O que ele diz é que esteve em Catay (China), o maravilhoso país onde esteve, 200 anos antes Marco Polo. Mesmo admitindo que Colombo descobriu todas as ilhas que procurava. Porém seria Catay?

     Durante muito tempo, após o descobrimento, ainda se discutia, na Europa, se faziam parte da China, as terras descobertas por Colombo.

     Enquanto o Almirante avança lentamente, passo a passo, com a pulsação agitada, seus pensamentos retrocedem à sua amorosa cidade italiana, aos tempos felizes da infância, à adolescência e ao início de suas longa carreira.

     Via de Gênova e a casa paterna, na Porta dell´Olivella, a porta oriental da cidade. Via seu pai, Domenico Colombo, jovial genovês, tecelão de lã de ofício e ao mesmo tempo, porteiro da Olivella. Porém os pagamentos que recebe, são escassos. Com freqüência passavam dificuldades, e mesmo quando Domenico  prestigiado pequeno burguês, nunca chegou a ficar rico. Além de sua tecelagem, abriu uma queijaria e tentou ingressar no ramo do vinho, sempre formulando promessas que não podia cumprir, comprando a crédito mercadorias que não podia pagar, contraindo dívidas...

     Assim cresceu Cristóvão Colombo, nascido em 1451: filho de pessoas honradas, porém indubitavelmente muito humildes. Até muito tarde, não aprendeu a ler e a escrever, entende um pouco do ofício de tecelão, e as atividades de seu pai lhe permite ingressar em vários ramos da produção. Por isso, não conhece o latim, e isso lhe fecha o acesso a toda cultura superior, a toda preparação científica; nem sequer domina bem a língua italiana. Evidente que, quando jovem, não falou outra língua além do dialeto genovês, que não era entendido em toda Itália. Porém, já com 19 anos, em 31 de outubro de 1470, ele se torna fiador de uma dívida de quarenta e oito libras contraída por seu pai. Cristóvão Colombo parece ter aprendido algo sobre negócios e ganhado dinheiro desde jovem.

     Pouco tempo depois o encontraremos empregado na casa bancária dos Centuriões: pelo visto, o jovem possuía algumas aptidões e despertava confiança. Seu trabalho no estabelecimento bancário exigia viagens por mar. Como todos os jovens crescidos na costa, havia saído com frequência para expedições pesqueiras. Deve ter visto, também, alguns cartógrafos ocupados com seus portulanos (mapas de portos). Pois Gênova é a sede de uma famosa escola cartográfica que fabrica mapas de todas as cidades marítimas da Itália, e é consultada por Portugal cada vez que regressa à metrópole uma nova expedição africana. entre 1470 e 1472, ele se alistou em um dos muitos veleiros mercantes de Gênova. Porém, até 1475, não encontramos uma prova de uma viagem marítima de Colombo: uma viagem à Quíos à serviço da casa bancária dos Centuriões. Sabemos também que no começo do verão de 1476 parte de novo com um grande comboio genovês que se dirige do Mediterrâneo para Lisboa e Flandres. Porém, em meados de agosto os barcos, achando-se em águas de Portugal, próximos ao Cabo de São Vicente e de Lagos, são atacados e destruídos por uma frota lusitano-francesa.

 Este é para Colombo um momento crucial. Ligeiramente ferido, agarrado a uma prancha de madeira, depois de seu barco afundar-se, ele é arrastado pelas ondas até a terra, nas proximidades de Lagos, desde onde, uma semana depois, vai para Lisboa. Para os comerciantes e marinheiros, a formosa cidade do Tejo é, naqueles dias, o lugar mais interessante do mundo. Ano após ano entram em seu porto, procedentes da remota África, as frotas mercantes reais abarrotadas de valiosas mercadorias e de objetos maravilhosos: pesadas caixas cheias de ouro, enormes sacos de pimenta, marfim, e grupos e mais grupos de escravos negros, com uma grotesca angústia em seus rostos. Junto às esbeltas caravelas portuguesas ancoram os veleiros hanseáticos de Hamburgo e Londres, e na Praça do Comércio se amontoam as mercadorias. Uma enorme e densa multidão caminha em todos os sentidos, espremendo-se nas ruas e vielas: mouros de olhos brilhantes, rubros islandeses, altivos e taciturnos castelhanos, gregos roliços e escuros príncipes negros da Costa do Ouro, italianos, corpulentos flamengos e elegantes franceses.

Fernando V, rei de Aragão

   

Isabel, rainha de Aragão

Qual o verdadeiro retrato de Colombo?

Até hoje é um mistério, temos algumas imagens abaixo:

Cabo São Vicente, ao sul de

Portugal, onde

Colombo naufragou

Foto do Cabo

São Vicente

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