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" TERRORISMO, CRIMINALIDADE, G8 E GLOBALIZAÇÃO

Num anterior encontro dos G8 sobre a luta internacional contra a criminalidade, dos órgãos de informação italianos pareceu que a principal preocupação dos seus delegados era encontrarem os americanos para negociarem a revisão do acordo e darem a liberdade a Silvia Baraldini, uma terrorista italiana condenada na América a 43 anos de prisão, por pertencer a um grupo terrorista que num assalto a um porta-valores matou 3 pessoas.

Imagino que os americanos devem ter pensado: "morrem todos os dias milhares de vítimas inocentes que poderiam ser salvas com uma política e justiça mais eficiente. Não se sentem ridículos de se preocuparem mais com uma terrorista cúmplice da morte de inocentes do que em salvarem milhares de inocentes?" Não lhes chegou o ridículo de se empenharem tanto com a transferência para 3 meses depois ela dizer que estava melhor na América? Não lhes parece uma ofensa às vitimas?"

A transferência desta terrorista empenhou tanto o anterior ministro da Justiça italiano Oliviero Deliberto, (comunista), que foi chamado "ministro da terrorista". Queria ir pessoalmente à América para acompanhá-la no seu regresso triunfal a Itália. De Berlusconi, nessa altura na oposição, ouvi as primeiras palavras contra aquilo que me pareceu uma loucura colectiva: "Este tratamento de uma terrorista como sendo uma heroina serve a estimular o terrorismo e criminalidade".

Depois de ocupar as primeiras páginas dos jornais italianos durante vários dias como se fosse uma heroína, os meios de informação internacionais, sobretudo os americanos colocaram a imprensa italiana em ridículo. Três dias depois do seu regresso começava a imprensa italiana a rodar ao contrário: criticou-se as despesas com o avião especial que a foi buscar, os 50 mil dólares que o Estado Italiano pagou à América da sua multa, os milhares de italianos presos no estrangeiro pediram o mesmo empenho, etc.

Três meses depois voltou a ser notícia de primeiras páginas dos jornais italianos porque disse que estava melhor na prisão americana do que na italiana.

Pouco antes das eleições de 13 de Maio de 2001 que deram a vitória a Berlusconi rebentaram duas bombas, uma a Roma e outra a Turim, reivindicadas por movimentos anti-imperialismo americano de ideologia idêntica ao da terrorista Silvia Baraldina. Outra explosão num assalto a um porta-valores morreu um guarda-jurado como dois dos que morreram no assalto que originou a condenação de Silvia Baraldini. Talvez por isto a opinião pública italiana já não queria ouvir falar da terrorista que durante mais de dez anos teve mais honras de primeira página do que muitos presidentes. Por motivos de saúde deixou quase secretamente a prisão e foi para casa sem os holofotes da imprensa.

Silvia Baraldini e Che Guevara são dois heróis de enorme popularidade em Itália e que encarnam a mesma filosofia dos contestatários da G8 de Génova, da globalização e do imperialismo americano. Por exemplo uma exposição de fotos de Che Guevara em Espanha ou a morte em Paris do fotógrafo de Che tiveram em Itália uma repercussão muito superior à de outros países.