SUPERIORIDADE DE BERLUSCONI E DE POUCOS OCIDENTAIS, HIPOCRISIAS E "IMBECILIDADE" NO JORNALISMO

Berlusconi construiu o maior império económico de Itália, apesar das guerras judiciárias e do seu "conflito de interesses" foi votado pela maioria dos italianos para seu presidente e a sua popularidade continua a aumentar. Se um desconhecido jornalista o chama de "imbecil" no título de um artigo è justo perguntar quem será mais imbecil. Mas se este título è repetido à infinidade sobretudo em Itália, outras perguntas se devem pôr:

- Será pelo interesse jornalístico? Se um cão morde uma pessoa não è notícia. Se uma pessoa morde um cão faz notícia. As "cruzadas" dos terroristas islâmicos contra a "civilização ocidental" são consideradas normais. Em Itália já antes dos ataques terroristas se vendiam videocassetes com sermões dos "teólogos" islâmicos apregoando o terrorismo contra os "infiéis" como um dever sagrado e que a recusa de participar na "guerra santa" è humilhante e vergonhoso. Mas se um político ocidental diz o que a maioria pensa è considerado "imbecil" por certos meios de informação. Não será uma hipocrisia?

- Enganou-se e cometeu uma "gaffe"? Ou foram os jornalistas que deformaram e manipularam o que ele disse? Uma coisa è certa: os jornalistas transformaram uma frase fora do contesto em escândalo mundial e Berlusconi recebeu os embaixadores da "Lega Àraba" para durante 3 horas estabelecer as pazes dizendo-lhes que os jornalistas da oposição italiana tiraram a frase do seu contesto e disseram o que ele não disse: não afirmou a superioridade do Ocidente sobre o islão mas de uma certa cultura tipicamente Ocidental em que se incluem muitos islâmicos contra certos terroristas que se consideram "teólogos" do verdadeiro islão e proclamam o terrorismo.

Durante mais de um mês, um dos temas de opinião que mais ocupou os meios de informação italianos e mesmo internacionais, foi a chamada "imbecilidade" de Berlusconi por falar de "superioridade ocidental". Mas não será a imbecilidade de certo jornalismo que deforma a informação para fins discutíveis?

No dia 2001-10-16, na RAI1 às 7.40, falando do encontro entre Bush e Berlusconi, mais uma vez se falou dos "erros" ou "gafes" de Bush que falou de "cruzada" e de Berlusconi que falou em "superioridade ocidental".

Os meios de informação ocidentais dão voz a certos "teólogos" de um certo "islamismo" que convidam o mundo islâmico a uma cruzada de terror contra EUA e povos que os apoiam: "assim como os americanos amam a vida há milhares de muçulmanos que amam a morte … Os que lançaram os aviões contra as torres americanas fizeram bem … Como eles há muitos outros dispostos a dar a vida para matar infiéis … Os infiéis devem ser perseguidos em todo o mundo… "

Num contexto de luta contra o terrorismo, num discurso de Berlusconi na Alemanha apelando à unidade do Ocidente contra os terroristas e seus cúmplices políticos que declaradamente se dizem "teólogos" do "verdadeiro" "fundamentalismo islâmico" e convidam os seus adeptos a morrer para matar o máximo de "infiéis", è evidente que falar de "civilização ocidental" não è falar de cristianismo contra islamismo. Entre as vítimas das torres americanas ficaram 400 islâmicos. A grande maioria dos islâmicos ocidentais condenou os ataques e não se identifica com aqueles "teólogos" de um certo "islamismo" que condena à morte quem tem uma Bíblia católica ou pura e simplesmente è cidadão americano. Confundir esses "teólogos" desse "islamismo" com o islamismo em geral è como confundir certas seitas brasileiras ditas "católicas" com a Igreja Católica. Alguns jorlalistas tiraram as palavras de Berlusconi do seu contexto, chamaram-no "imbecil" nos títulos de vários jornais sobretudo americanos e italianos. Estes jornalistas não serão mais imbecis? Em vez de darem voz à "cruzada" dos terroristas não fariam melhor contrapondo os jovens dissidentes da cultura terrorista? Eu vi dezenas de vezes nas televisões os discursos de Bin Laden e do seu porta-voz apelando à cruzada islâmica contra os "infiéis", apelando à morte e aos actos de terrorismo contra os que "profanam" a terra sagrada… com a liberdade religiosa e cultural ocidental. Só vi uma vez numa hora de pouca audiência um jovem dissidente do Afeganistão que contesta a falta de liberdade, as mulheres que não podem sair de casa se não estão cobertas até aos pés e acompanhadas dos maridos, pais ou irmãos, a impossibilidade de namorar, de se cultivarem, a prisão de um mês só por cortar a barba, etc.

Quantos da "civilização ocidental" não consideram a sua civilização superior? Penso que só para os "imbecis" è necessário esclarecer que quando falo de "civilização ocidental" não falo de cristianismo ou islamismo nem de Ocidente ou Oriente mas de uma cultura e uma civilização que foi preconizada pelo Ocidente: europeus fugidos das guerras religiosas da velha Europa fundaram na América uma nação mais evoluída em liberdade e eficiência que se tornou líder mundial na economia, na filosofia pragmática e na tolerância universal de valores, religiões e culturas. A segunda nação que tentou seguir-lhe o exemplo foi a Polónia que teve a primeira constituição livre da Europa e a segunda do mundo depois da dos EUA. Hitler e Estaline invadiram a Polónia e dividiram-na inicialmente entre eles. Os pacifistas europeus não deram um passo para salvar a Polónia, só começaram na França a protestar contra os que fizeram guerra a Hitler e Estaline. Os pacifistas desenvolveram-se sobretudo nos EUA quando esta defendeu meio mundo das duas pragas do século passado: nazismo e comunismo soviético. Mas falta saber se sem EUA, seus mísseis e suas bombas atómicas não estaríamos hoje ao nível da ex-URSS, certa África e certa América Latina.

"Itália não esquece que deve o seu bem-estar à América" – Disse Berlusconi na sua visita aos EUA. Os pacifistas italianos talvez nem sequer pensem que se não morressem soldados americanos no Vietname e na Itália para impedir o alastramento do comunismo soviético talvez Itália tivesse hoje nível de vida dos seus vizinhos albaneses e ex-jugoslavos. Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/dfalbania.htm : ALBÂNIA: DO PARAÍSO AO INFERNO OU AS MENTIRAS DE CERTOS COMUNISTAS ).

Esta "civilização ocidental" alastrou-se ao extremo Oriente: o Japão, Suíça e EUA são talvez os melhores representantes dessa "civilização ocidental" cuja característica essencial deveria ser a tolerância das diferentes culturas convivenciais e intolerância dos terroristas, criminosos e intolerantes, especialmente dos "teólogos" da morte contra os que amam a vida.

Os jornalistas que chamaram "imbecil" a Berlusconi e dão voz à cruzada dos terroristas não seriam mais inteligentes e mais úteis à sociedade se fizessem uma verdadeira "cruzada" de educação e moralização para um mundo mais convivencial? Em vez de dividirem a "civilização ocidental" e darem "pedras" ou "bombas" aos terroristas não fariam melhor em colaborar com os políticos na evolução para um mundo melhor? Não seria melhor darem os micros aos jovens dissidentes "contaminados" pelas liberdades "ocidentais"?

O vídeo de Osana Bin Laden foi transmitido nas televisões de todo o mundo. As suas mensagens e dos seus adeptos foram repetidas à infinidade: "atacaremos o coração da América … como os americanos amam a vida há milhares de islâmicos que amam a morte e estão dispostos a sacrificar a vida para matar os infiéis em qualquer parte do mundo" … Imaginemos a bomba atómica nas mãos destes "teólogos"!?

A guerra aos que iniciam as guerras talvez seja um mal necessário, um mal menor para evitar um pior: a vitória dos "teólogos" da morte contra a vida. Mas à "cruzada" religiosa de Bin Laden os povos mais civis deviam responder com outra cruzada de valores convivenciais e orientados para um mundo melhor. Em vez de darem tanto a voz aos terroristas islâmicos deviam dar voz aos dissidentes, aos jovens que abandonaram aquela cultura e a criticam, aos islâmicos mais tolerantes e menos agressivos, a todos os que favorecem uma convivência pacífica.

2001-10-24

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