DIÁRIO DE IDEIAS EM ESTUDO PARA ARTIGOS, LIVROS, PROGRAMAS DE TVFILMES , ETC.

Por: PIRES PORTUGAL , piresportugal@hotmail.com

2003-02-23

PAZ, GUERRA, TERRORISMO E ANARQUISMO NO WWW.AZINE.ORG :

Todos os anarquistas actuais são pela paz. Como todos os políticos da direita ou da esquerda. Mesmo os que fazem a guerra justificam-na com célebres frases em latim do tempo dos Romanos: "Se queres a paz prepara-te para a guerra".

Na História em que estudei, o anarquismo apareceu sempre associado a revoltas e guerras. A História em que estudei foi escrita no tempo de Salazar, o último ditador de Portugal. Seguindo a clássica norma de que "a história é escrita pelos vencedores", é normal que eu tenha aprendido numa História pouco favorável aos anarquistas. O essencial do que recordo era isto: devido ao "anarquismo", (no sentido mais popular do termo de desordem, individualismo, cada um faz o que quer e ninguém se entende), e às contínuas guerras e revoluções a economia portuguesa estava de rastos. Apareceu Salazar que estabeleceu a ordem e a paz restabelecendo a economia. Devido à diplomacia de Salazar Portugal não entrou na Segunda Guerra Mundial ... Deixo aos historiadores do anarquismo, especialmente aos que estudaram no tempo de Salazar, de corrigirem e rescrever a História.

Em Itália encontrei uma pessoa de mais de 80 anos que me deu uma visão idêntica: Perguntei-lhe: "Como explica que Mussoline tenha sido eleito, tão aplaudido pelas massas populares daquele tempo e governado por 20 anos?". Respondeu-me que antes havia muita "anarquia" , os governos sucediam-se uns aos outros e havia contínuas guerras civis.

No essencial o anarquismo defende a liberdade individual, sem normas nem hierarquias. Mas não resolve o problema de quando a liberdade de um tira a liberdade a outro. Se dois têm conceitos diferentes de justiça ou se sujeitam às normas e hierarquias existentes ou lutam vencendo o mais forte. Esquema idêntico funciona entre os povos: se dois povos têm religiões e culturas diferentes ou se sujeitam a normas internacionais e hierarquias políticas ou morais ou lutam terminando com a vitória do mais forte. A História foi feita essencialmente de guerras em que venceu o mais forte que geralmente era o mais evoluído e levou progresso aos vencidos.

Essa História do passado deve dar lugar à ética em vez da força não só na resolução dos conflitos mas em evitá-los. Mas a ética esteve quase sempre associada a religiões. Neste momento encontramos um fanatismo religioso na base de muitas guerras. Talvez a paz possa resultar de uma ética universal acima de todas as culturas e religiões que procura o melhor global em cada momento. Deve caracterizar-se por uma grande tolerância com todos os usos e costumes locais que não prejudiquem a Humanidade e grande intolerância contra tudo o que pode causar desastres globais.

Eu proponho uma nova anarquia: relativismo de todas as leis normas e autoridades do passado com novos princípios de convivência universal e novas hierarquias dos melhores em ética e justiça global.

2003-02-22

PACIFISMO E GUERRA

GUERRA COMO RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS? Não! Mas pior do que a guerra pode ser o pacifismo contra os que tentam evitar guerras piores.

Neste momento sinto vacilar muitos dos meus ideais pacifistas, sobretudo o radicalismo que defendi durante dezenas de anos. Muitas vezes pensei que era heroísmo mesmo o crime para evitar a guerra. Mas aqui surgem as dúvidas: poucos duvidam que quem matasse Hitler antes de iniciar a guerra que provocou dezenas de milhões de mortos seria um herói. As dúvidas aumentam se falarmos de Lenin, Stalin, e os "heróis" da "grande revolução russa" cuja vítimas se aproximaram da centena de milhões para miséria económica, moral e civil que ficou à vista quando se abriram as fronteiras.

Neste momento senti prazer de ver a maior manifestação pacífica de todos os tempos. Mas fiquei menos contente ao descer ao pormenor da maior manifestação a Roma com as bandeiras comunistas e de Che Guevara, mais contra Bush do que contra Saddam, mais contra o povo que mais se sacrificou pela liberdade e democracia do que contra o pior guerreiro, ditador e tirano dos últimos tempos.

Alguns manifestantes impediram o caminho de um combóio que transportava armas americanas. Nenhum manifestante impediu nada quando a Rússia invadiu Hungria e Checoslováquia ou quando Saddam invadiu o Kuwait. Um escritor iraquiano que recebeu um relógio de ouro de Saddam para o "corromper", (ou convencer a ser favorável ao regime), contou como viu desaparecer sem deixarem rasto os amigos que se opunham a Saddam, antes de fugir do Iraque.

Não quero a guerra. Mas duvido se não terão razão alguns intelectuais que dizem que esta manifestação pela paz afastou a possibilidade de desarmar pacificamente Saddam.

BICICLETAS E CARROS ECOLÓGICOS?

PODERÃO FABRICAR-SE CARROS E BICICLETAS QUE ACOMULEM ENERGIA NAS DESCIDAS E TRAVAGENS PODENDO DEPOIS SER UTILIZADA NAS SUBIDAS?

2003-02-20

HUMOR E POLÍTICA

Recordo uma sindicalista italiana que já me contou a mesma anedota 3 vezes, esquecendo que já ma tinha contado:

"Os EUA gastaram 12.000 US$ para inventar uma esferográfica que escrevesse em todas as posições para ser utilizada pelos astronautas. Os russos usaram um lápis".

Esta insistência numa anedota que não me fez rir, tem certamente conotações políticas ou ideológicas inconscientes: por um lado, tendo sido representante sindical numa empresa italiana, absorveu o anti-americanismo típico dos sindicatos e da esquerda italiana. Por outro lado é orgulhosa de ter mudado para uma multinacional americana que lhe dá melhores condições e garantias. O que me surpreende é esta contradição de amor-ódio pela América, como me surpreende que Portugal tenha recebido ajudas humanitárias dos EUA quando era considerado um país pobre, tenha dado emprego a muitos e exista um anti-americanismo que me parece injustificado.

Curioso sentir o humor de certos regimes comunistas: Na Hungria de 1980, quando era ainda comunista, contaram-me estas duas anedotas:

1) "Sabes porque o capitalismo está à beira do abismo? ... Está a ver o abismo em que caiu o comunismo."

2) " O condutor do presidente americano perguntou ao chegar a um cruzamento: seguimos em frente, viramos à direita ou à esquerda? À direita, naturalmente, respondeu o presidente americano. O condutor do presidente russo à mesma pergunta respondeu: "À esquerda, naturalmente. O condutor do presidente húngaro à mesma pergunta respondeu: faz sinal à esquerda mas vira à direita".

Imagino que estas anedotas só tenham piada no seu ambiente. Mas reflectem como que um inconsciente colectivo dos sentimentos que se vivem no momento. A Hungria, invadida pela URSS, era o país do bloco comunista mais orientado para o capitalismo. Penso que o humor é muitas vezes uma válvula de escape contra as repressões sociais ou culturais. Na Hungria "comunizada" pela força das armas compreendem-se as anedotas anticomunistas e pró-capitalistas. Não consigo compreender o anti-americanismo em Itália e Portugal.

2003-02-19

SENSIBILIDADE CANIL

Um canil perto de Roma parece um "laguer": 700 cães numa espécie de prisão sem condições, mantidos por voluntários e administração regional. A região destinou €200.000 para que os cães tenham "condições humanas".

Eu aceito que as pessoas tenham cães ou animais domésticos se isso lhes dá prazer. Mas penso que esta sensibilidade para manterem animais sem dono seria melhor se fosse orientada para essas crianças que morrem de fome. Quantas crianças se salvariam se esses cães servissem para alimentar outros animais úteis, de companhia, de circo ou dos zoos e com o lucro se alimentassem famintos? Quantas crianças morrem porque não têm para comer tanto como cada um desses cães? E se esses €200.000 fossem utilizados para escolas em vez de canis?

JUSTIÇA AO CONDUTOR BÊBADO ASSASSINO

Conduzindo em estado de embriaguez matou um homem e foi condenado a um ano e seis meses de prisão. Os familiares da vítima apareceram na televisão muito indignados por ter sido condenado a poucos anos e pedindo ao Estado ajuda económica.

Os mais honestos contribuintes pagam para um estúpido castigo, para a prisão e segundo estes familiares devia sustentá-los em compenso da vítima. Não me consta que o condutor tenha pagado para os familiares da vítima. Aí estaria a verdadeira justiça: se tivesse bens seriam sequestrados e dados à família da vítima, se não tivesse bens nem oferecesse garantias seria condenado não a essas tradicionais escolas do crime da estúpida justiça tradicional mas a trabalho reeducativo sem consumo de álcool até indemnizar os familiares da vítima. Se tivesse meios ou oferecesse garantias através de familiares ou amigos que pagassem ou hipotecassem os bens poderia ser condenado a trabalhar toda a vida para indemnizar dos danos mas nunca ir para a prisão castigando os mais honestos contribuintes sem nenhuma utilidade individual ou social.

Segundo uns dados divulgados em Itália cada preso custa à sociedade €155 por dia o que equivale a uns €80.000. Com esses €80.000 podia dar-se trabalho a um desempregado que se ocupasse da educação dos condutores, prevenção desses e outros problemas, ou actividades de utilidade social.

2003-02-18

PAZ, MASSAS E ELITES

Das manifestações pacíficas impressionou-me a prevalência dos comunistas contra Bush. Das elites europeias reunidas a Bruxelas vem a prioridade a desarmar Saddam e a guerra como último recurso. A "Lega Árabe não ajudará militarmente os EUA" - aparece no comunicado final. Mas na prática parece ser diferente. "Os EUA não devem invadir Iraque"- diz-se oficialmente. Na prática alguns governos árabes dizem que Saddam deve ser desarmado ou exilado e oferecem apoio aos americanos.

Em Itália prevalecia a foice e martelo nas bandeiras dos manifestantes pacifistas e as mensagens eram essencialmente contra Bush. O presidente da EU Romano Prodi disse à saída da reunião: Todos unidos num ponto: "Saddam deve ser desarmado. A guerra não é inevitável e resta como último recurso".

2003-02-15

PACIFISMO À ITALIANA

A maioria das bandeiras partidárias da manifestação pela paz tem a foice e o martelo, o mesmo partido que no seu jornal fez grandes elogios à URSS quando invadiu a Hungria.

A bandeira de Che Guevara faz-me duvidar da inteligência, ingenuidade ou ignorância de quem a porta: um guerrilheiro que matou e morreu por um ideal errado no país onde isso está bem à vista. Um guerrilheiro que matou agricultores porque não concordavam com as suas ideias revolucionárias pelo comunismo e contra o capitalismo. Nesta Itália que graças ao capitalismo se tornou dos povos mais ricos e viu os miseráveis desesperados do comunismo a invadir as suas fronteiras a qualquer custo, não tem vergonha de apresentar a bandeira de Che Guevara numa manifestação pacifista.

Um cartaz mostra uma caricatura de Bush e Berlusconi com a legenda de Hitler e Mussolini. Isto faz-me recordar os pacifistas franceses quando Hitler invadiu a Polónia. Saddam não se parece mais com Hitler do que Bush? Saddam não é um dos mais guerreiros ditadores? Não foram os americanos que livraram Europa do nazismo, fascismo e comunismo soviético? Se Saddam não fosse obrigado a recuar do Kuwait não teria continuado com a sua política expansionista com 70% do petróleo ao serviço da guerra?

Conferati diz que os 3 milhões a manifestar contra a guerra mostram a vontade popular e não estão contra o povo americano mas contra o governo de Bush. Alguém lhe responde que ficaram a casa 54 milhões que representam também a vontade popular e que Bush tem mais de 70% do povo americano a seu favor.

"Na América pode ser-se contra América". Um curdo conta como são presos e martirizados os pacifistas do Iraque.

"Os italianos não querem a guerra. A manifestação de hoje demonstra-o". Também sou contra a guerra. Mas temo que seja verdadeira esta frase de 1936: "Alguns pacifistas servem para dar o poder político aos menos pacifistas".

2003-02-16

PACIFISMO CONTRA A MAIS ANTIGA DEMOCRACIA E A FAVOR DO DITADOR MAIS GUERREIRO DOS ÚLTIMOS TEMPOS

Fiquei contente de ver as imagens da maior manifestação pacífica de todos os tempos: 110 milhões manifestaram em todo o mundo, 3 milhões a Roma, cerca de 1 a Paris, Berlim e Londres, 0,1 a Nova Iorque ... Fiquei menos contente ao ver que grande parte dos pacifistas são contra a mais antiga e melhor das democracias e a favor do pior e mais guerreiro ditador dos últimos tempos. Fiquei sensibilizado de sentir vários americanos de Nova Iorque contrários às represálias americanas aos ataques terroristas que sofreram. Mas ao ver no TG5, (o mais popular telejornal italiano),um manifestante italiano dizer que "Bush é fascista como Berlusconi" ... Isto fez-me pensar na grandeza das democracias: uma televisão de Berlusconi dá voz a um anti-americano e anti-Berlusconi. Podia dar a voz a muitos católicos pronunciar-se pela paz em geral como ideal religioso ou civil sem estarem com Bush ou com Saddam. Podiam dar a voz aos que recordam os milhares de militares americanos que perderam a vida para livrar Itália do fascismo, nazismo e comunismo soviético. Há muitas verdades, algumas são populares em determinado momento e os mais populares meios de informação das democracias escolhem-nas para o momento exacto. Nas ditaduras as verdades são escolhidas para servir o ditador. Enquanto alguns pacifistas ingleses, italianos e ... manifestam pela paz a Bagdade com cartazes, uma outra manifestação do regime levanta as armas da "unidade islâmica contra os infiéis".

Fiquei contente de ver uma tão grande manifestação pela paz, mas ficaria mais contente se soubesse que essa manifestação não contribuirá a dar mais poder aos menos pacifistas.

Um repórter da tv itliana que esteve no Iraque antes da guerra contou como os grupos de música rock pareciam um comício a favor de Saddam, ao contrário do Ocidente onde em geral são críticos em relação ao governo. Na rádio ouvi música do "mais famoso grupo rock americano da actualidade" com os comentários de que aumentaram popularidade e venda de discos por serem contra Bush e contra a guerra.

GUERRAS E BATALHAS PACIFISTAS, MORAIS, IDEOLÓGICAS E RELIGIOSAS

Todas as guerras que se fazem com a força das armas têm por detrás razões económicas, culturais, ideológicas e religiosas. Todas as guerras são consideradas justas por quem as faz e injustas pela parte oposta.

A História em que eu estudei foi feita de guerras em que os vencedores escreveram o que é bom e justo. Com a globalização da informação muitas armas deram lugar ao poder da informação, da opinião pública, dos intelectuais. A queda da URSS sem a força das armas foi uma revolução da informação. A TV da Alemanha Ocidental que apesar de proibida era vista na ex-DDR, (Alemanha Oriental comunista), foi um elemento cultural importante.

Com o fim do perigo do comunismo da ex-URSS esperava-se paz. Saddam invadiu o Kuwait e os EUA em nome de certa cultura obrigaram-no a retroceder. Em certa informação os EUA são culpados dos milhões de mortos da miséria provocada pela guerra. Outra informação diz que o principal culpado foi Saddam que invadiu o Kuwait. Continua a dedicar 70% do petróleo para armamento e se não fosse a oposição dos EUA poderia causar muitos mais milhões de mortos com guerras e terrorismo. Há quem pense que mesmo que os EUA façam esta guerra para apoderar-se do petróleo pode ser uma guerra "boa" se grande parte desses 70% do petróleo forem orientados para bem do povo do Iraque e da economia geral em vez de serem orientados para armas de destruição de massas. Há quem diga que os EUA não querem apoderar-se do petróleo do Iraque mas colocá-lo em mercado livre que baixará o preço e melhorará a economia mundial, especialmente a dos mais pobres. Há quem diga que grande parte da dívida externa dos países pobres é devida ao preço do petróleo e indirectamente devida à invasão do Kuwait e suas consequências.

Hoje, 2003-02-11, penso que a guerra não se deve fazer, penso que se deve continuar com um controle internacional não só do Iraque como de todos os mais guerreiros, os que apoiam terroristas, os que constituem um perigo para a convivência universal. Acredito na boa vontade dos pacifistas, eu próprio fui um pacifista radical, mas hoje penso que certos pacifistas parciais acabam por ajudar a dar o poder aos menos pacifistas. Existe algum governo menos pacifista do que Saddam? Se não fossem os EUA não estariam hoje os poços do petróleo do Kuwait a dar 70% para guerras? Não acabaria por colocar bombas atómicas e de destruição de massas nas mãos de quem tem a mentalidade, a religião e a cultura dos que mandaram os aviões contra as torres americanas?

Sugestão, (em inglês):

Conferencia de Bill Clinton para a BBC: A LUTA PELA ALMA DO SECULO XXIhttp://www.bbc.co.uk/arts/news_comment/dimbleby/clinton.shtml

PAZ E FICÇÃO

(PARA UM ENSAIO LITERÁRIO COLECTIVO EM PREPARAÇÃO)

Diversas personagens fictícias enfrentam o problema da eventual guerra ao Iraque e cada um faz a sua proposta. Convido os leitores deste fórum a criticarem ou apoiarem estas personagens e a criarem outras.

PERSONAGENS:

ZÉ JUSTO (o idealista que quer revolucionar o mundo com a justiça):

ZÉ POVINHO:

AMERICANO:

CHE GUERREIRO: (Inspirado em Che Guevara)

AMERICANO:

ADVOGADO DO DIABO:

AMERICANO:

CHE GUERREIRO:

2003-02-07

LEIS, TEMPO, LUGAR, POLÍTICA E JUSTIÇA

Um dos juizes mais populares de Itália que há mais de 15 anos aparece durante horas na tv4 de Segunda a Sábado, não tem vergonha de confessar publicamente que se iniciou sexualmente com prostitutas "como todos os jovens do seu tempo, da sua idade, da sua região", que falsificou a sua identidade e viveu muito tempo com falso nome conseguido "legalmente" com os conhecimentos "legais" que possuía para evitar o serviço militar no tempo do nazismo e fascismo ...

Aquilo que em determinado tempo e lugar pode ser considerado ilegal ou criminoso, pode ser considerado noutro tempo ou lugar normal ou mesmo heroísmo. Muitos comportamentos ilegais que salvaram judeus no tempo do nazismo são hoje considerados boas acções e muitos autores são considerados heróis por arriscarem a vida para salvar inocentes.

Berlusconi é acusado de fazer leis para resolver os seus problemas judiciais. Mas essas leis só são aprovadas com a maioria dos votos do Parlamento. E se há uma maioria que as aprova pode significar que interessam para a maioria neste momento concreto. Mas essas leis podem amanhã deixar de corresponder às necessidades ou servir mesmo para grandes vigarices. Se não existir uma força política ou pressão popular que lhe dê prioridade, essa lei que amanhã pode ser injusta e prejudicial pode continuar por séculos. Algumas leis esquecidas tornam-se ridículas com o passar do tempo. Isso não impede que "grandes advogados" não as desenterrem do esquecimento para os interesses dos seus clientes que podem não ser os mais justos.

Em geral a justiça funciona melhor contra os perdentes. Mas Berlusconi foi derrotado pela justiça após a vitoria nas eleições de 1994 e está a ser atacado pela justiça no ano 2003 por suposta corrupção em 1985. Aos olhos da moralidade actual é muito grave se um Primeiro Ministro corrompe juizes. Mas em 1985 a corrupção em Itália era um fenómeno comum e Berlusconi era um empresário que ainda não tinha entrado na política.

Parece-me que a justiça italiana fazia melhor em ocupar-se da criminalidade actual do que disturbar Berlusconi enquanto voa de Londres a New York e Moscovo para resolver a questão de uma guerra que pode ter consequências astronómicas. Talvez essas leis que colocam Berlusconi imune à justiça tenham razão de ser num momento em que a justiça se mostra eficiente quando interessa a uma corrente política.

Li uma reportagem do companheiro de cela do pior mafioso italiano dos últimos tempos ao qual se atribui a ordem de morte aos juizes Falcone e Borsellino com os respectivos guarda costas: lê 3 jornais, joga às cartas com o companheiro de cela, vê televisão ... num espaço de 3x7 passos ...

Li uma reportagem de uma família que vive debaixo de uma ponte ... ao frio ... no meio de lixo ... com os ratos ...

Quanto pior não vive esta família inocente em comparação com o pior dos criminosos responsável por tantas mortes inocentes?

Onde está a justiça? Esta família inocente está na miséria precisamente pela falta de justiça: todos trabalhavam e tinham feito algumas economias ao longo de anos, €25.000 que pagaram a uma imobiliária para a compra de um apartamento. A imobiliária faliu, ficaram sem dinheiro e sem alojamento ... com estes problemas acabaram por perder o trabalho e viver na rua.

Isto fez-me lembrar o meu primeiro contacto escolar com a justiça: passaram mais de 30 anos e nunca esqueci como o professor de OPAN, (Organização Política e Administrativa da Nação), explicou como se faziam as falências: criava-se uma outra empresa com outro nome ... transferia-se para lá o que dava lucro e deixava-se na primeira o que dava prejuízo ou era duvidoso. Dá-se falência a uma e continua-se com a outra. Já nessa altura pensei se os juizes não saberiam isso e se não se sentiriam fantoches de uma fantochada a que chamam "justiça". Nestes anos que se seguiram tomei conhecimento de muitas desgraças de inocentes vítimas dessas "falências": emigrantes que perderam o fruto de anos de trabalho e se viram condenados a viver os últimos anos de vida num carro, outros que perderam a paciência, deram um tiro no director do banco que lhes ficou com o dinheiro e foram para a prisão ...

Por experiência própria, pelo que estudei e pelos casos que conheci sei como as vigarices causam danos psicológicos muito superiores aos danos materiais. Nunca vi a Justiça Tradicional indemnizar pobres vítimas dos danos psicológicos de milionários das vigarices. Os milionários das vigarices têm bons advogados que fazem funcionar o sistema judicial a seu favor. Os pobres nem sabem nem têm meios de obter justiça. Contra essa justiça e por uma nova justiça lutarei com as minhas ideias, minhas criações, minha vida. Se legalmente não obtiver justiça, e me tirarem a esperança de obter justiça, não excluo que passe à ilegalidade. Talvez faça "ofensas ao bom nome da justiça". Talvez me vista com uma túnica em que escrevo "FAÇAM OUTRAS LEIS OU CAGUEM NAS LEIS MAS FAÇAM JUSTIÇA" ... E talvez não a tire enquanto não obtiver justiça. Talvez um dia essa ilegalidade seja considerada heroísmo e os responsáveis por esta justiça julgados pela História ou pela opinião pública como fantoches de fantochadas a que chamam justiça.

ACTUALIZAÇÃO: 2003-02

(Nota: A continuação e actualização destas ideias poderá ser fornecida de forma personalizada, em condições a combinar, para órgãos de informação, publicações, documentários,  ARTIGOS, LIVROS, PROGRAMAS DE TVFILMES , ETC.

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