A2000-11
AS FANTOCHADAS DA "JUSTIÇA" TRADICIONAL
Um pequeno título no fundo da pág. 3 de "LA STAMPA" DE 26.11.2000 diz:
"DECORRENZA TERMINI, SCARCERATI TREDICI PRESUNTI MAFIOSI"(Decorrência do tempo,
fora da prisão 13 presumíveis mafiosos). Na televisão alguns foram mais longe:
chamaram-lhes assassinos e chefes de organizações criminosas que mataram dezenas de
pessoas. Foram postos em liberdade só porque uma comunicação do público ministério
foi feita a viva voz durante uma audiência e não foi posta por escrito. Que fantochada
esta "Justiça"!? Mobilizam uma força policial enorme que arrisca a vida para
prender os grandes criminosos mas só alguns pequenos ficam nas prisões. Aos grandes è
quase impossível condenar: depois da invenção do chamado "justo processo" em
que as provas contra os mafiosos só terão valor se confirmadas em tribunal. Como querem
condenar os grandes mafiosos? Quem arrisca a vida a testemunhar quando se sabe que os
grandes mafiosos mesmo condenados continuam a mandar matar da prisão e saem em breve?
Quem se atreve a dizer que viu um crime mafioso quando se sabe que 8 testemunhas contra
mafiosos foram assassinados, alguns na noite anterior ao testemunho em tribunal?
No mesmo jornal, no fundo da pág. 13, mais uma notícia do mesmo género: Uma criança de
8 anos foi assassinada por mafiosos que já tinham matado outra criança, tinham estado
presos e soltos: um pela tradicional "decorrência do tempo de custódia" e
outro porque um juiz se enganou a fazer umas contas, um chamado vício de forma: tempos
calculados da apresentação ou transmissão dos actos judiciais.
Quantos inocentes morrem por estas fantochadas da "Justiça"?
Os pais da primeira criança assassinada parece que sabiam quem tinha sido, mas em vez de
recorrerem à "Justiça" recorreram à mafia.
Poucos dias depois vi só num jornal uma pequena notícia de mais um milionário boss da
mafia internacional que foi condenado a 28 anos de prisão e anulada a sentença por um
chamado "vício de forma" que eu prefiro chamar "fantochada da estúpida
máquina judiciária": Tinha sido preso em França, pagou 30 mil contos de caução e
fugiu. Entretanto Itália pediu a extradição e condenou-o antes de chegar a
autorização. Os bons advogados recorreram e a sentença foi anulada.
Em Itália morrem milhares de honestos e eficientes juizes, políticos, polícias,
empresários,
e inocentes crianças vítimas de uma mafia perfeitamente
identificada e conhecida até do público em geral que vê televisão e lê jornais. Mas
no teatro dos tribunais tradicionais ou não aparecem testemunhas ou os processos acabam
em juizes do género do tristemente famoso Carnevale que por faltar um selo fiscal liberta
um criminoso ou destes que por "vícios de forma" libertam assassinos de
crianças que voltam a assassinar outras. Estes Casos parecem-me escandalosos e tão
repetidos que já só aparecem no fundo de páginas interiores. Mas afinal estes casos
não são mais escandalosos do que a pena de morte na América? Porque razão a opinião
pública italiana se comove mais e se movimenta muito mais para salvar um assassino
condenado à morte na América do que para salvar milhares de inocentes que morrem em
Itália por se oporem ao poder mafioso?
Se em Itália se empenhassem tanto em salvar a vida dos seus inocentes como se empenham em
salvar os assassinos condenados à morte na América certamente se salvariam mais vidas
humanas. Mas parece que para a cultura mafiosa italiana salvar a vida de um assassino na
América è mais importante do que salvar milhares de inocentes em Itália. E não há
duvida de que a mafia italiana matou milhares de inocentes e causou danos a milhões de
italianos. E eu não tenho a mínima duvida de que com uma NOVA JUSTIÇA, PODERIAM MORRER
ALGUMAS DEZENAS DE CRIMINOSOS, MAS SALVARIAM A VIDA A MILHARES DE INOCENTES.
Imaginemos uma NOVA JUSTIÇA onde a inteligência das galinhas se aplicava ao sistema
policial e judicial: os mais honestos, inteligentes, eficientes e competentes subiriam nas
estruturas policiais e judiciais. Precisamente ao contrário do que acontece muitas vezes
com o sistema policial e judicial tradicionais. Recordo alguns exemplos: o juiz Carnevale
que mais parecia um padrinho da mafia e que foi o juiz italiano a subir mais depressa a
presidente do Supremo, um juiz presidente de um tribunal suíço, que tentou corromper
outros juizes para favorecer um boss mafioso, casou com a advogada de um outro boss
mafioso e comum amigo, ridículos ministros da Justiça, chefes da polícia que protegem
boss mafiosos, etc. Ao contrário da tradicional "irresponsabilidade" dos
juízes, assumiriam responsabilidades os mais responsáveis. Precisamente ao contrário do
que acontece muitas vezes no sistema tradicional: recordo que no tempo da política
corrupta e mafiosa dos tempos de Andreotti e Craxi os mais honestos e eficientes juizes
foram assassinados pela mafia ou destruídos pela estrutura judicial ou política.
Imaginemos que as antiquadas leis nacionais passavam a ter um valor relativo: juizes com
juízo teriam o poder de deixar de as aplicar quando impedem a verdadeira justiça em
certos casos concretos onde a aplicação das leis faz cair o sistema policial e judicial
numa ridícula e injusta fantochada.
Imaginemos que para grandes males se aplicavam grandes remédios: aos melhores juizes
davam-se poderes extraordinários, incluso a pena de morte condicional, isto è, não a
pena de morte pelo que se fez, mas a pena de morte se fizer ou não fizer determinadas
coisas. Por exemplo, esses assassinos de dezenas de pessoas contra os quais ninguém se
atreve a testemunhar e que com a "Justiça" tradicional italiana são postos em
liberdade depois de 3 anos na prisão, seriam interrogados por um juiz que poderia restar
anónimo, isto è, poderiam senti-lo mas sem o verem nem saberem o nome. O juiz poderia
dizer-lhes que ou diziam toda a verdade e denunciavam todos os cúmplices ou morreria
depois de anos de trabalhos forçados incomunicável com familiares, advogados ou
suspeitos de cumplicidade com a mafia. Morreriam algumas dezenas de criminosos mas
salvar-se-iam milhares de inocentes.
2000-11-29
JUSTIÇA ITALIANA: SERVA DOS CRIMINOSOS E CRUEL COM AS SUAS VÍTIMAS
No programa "Forum" de 28.11.2000 uma senhora queixava-se de ter sido vítima
de um criminoso, ter sido condenado a 90 dias de prisão, pena suspensa com a condicional,
não tendo sido indemnizada dos danos. De facto em Itália os imputados podem recorrer ao
chamado "pategiamento", um processo abreviado em que confessam os crimes com
redução das penas e em que as vítimas não são indemnizadas. Para as vítimas serem
indemnizadas terão que fazer um outro processo à sua custa e procurar provas dos crimes
cometidos. A condenação do primeiro processo, a confissão do criminoso e as provas da
polícia que servirem para o primeiro julgamento não podem ser utilizadas para o segundo
julgamento. A vítima não tinha dinheiro para pagar um advogado, pagar um processo e
muito menos reconstituir provas: todos sabem com è difícil, sobretudo em Itália,
encontrar testemunhas contra os grandes criminosos.
O juiz Santi Richieri acusou estas leis de favorecerem os criminosos e prejudicarem as
vítimas. Mas pareceu-me moderado frente a uma situação que me parecem tão escandalosa
que não compreendo como è possível existirem tais leis e chamarem "Justiça"
a uma tão grande injustiça e fantochada: os mais honestos contribuintes pagam com seus
impostos uma estrutura policial e judicial que castiga as vítimas dos criminosos e as
deixa sem serem indemnizadas.
Recordo um ex-ministro de Portugal que alarmado com um aumento de 20% das pequenas
vigarices nos anteriores 7 anos, com o sistema judicial sufocado com tantas queixas,
perdoou as vigarices e aumentou as dificuldades das vítimas em recorrerem à dita
"Justiça". È evidente que o resultado é contraproducente: os vigaristas
sentem-se protegidos pela dita "Justiça" e naturalmente não só continuam como
estimulam outros a fazer o mesmo. As vítimas são estimuladas a fazer o mesmo, algumas
suportam, outras desesperam e fazem justiça por suas próprias mãos e vão para as
prisões como criminosos. Mas talvez sejam mais heróis do que Napoleão, Estaline, Hitler
e tantos que continuam a ser considerados heróis pela História tradicional matando
milhões por causas menos nobres do que as vítimas de injustiças que matam com o
desespero de não suportarem tamanhas injustiças nem terem meios legais de obter
verdadeira justiça.
No final do século passado, quando com o juiz Antonio Di Pietro e outros a Justiça
italiana atingiu prestígio internacional, o mais famoso arrependido da mafia, Tommaso
Bucceta, disse que a mafia já não tinha razão de ser porque a Justiça funcionava.
Tenho várias confirmações de que historicamente a mafia começou por ter como principal
finalidade fazer justiça aos pobres que não tinham meios de recorrer à
"Justiça" oficial. A História repete-se. Os grandes mafiosos deixam as
prisões por faltar um selo fiscal, por não passar a escrito o que foi dito ou errar as
contas e a mafia volta a ser referência de justiça.
Antonio Di Pietro e vários magistrados subiram processos de "abuso de ofício"
por pressionarem psicologicamente os réus e testemunhas a dizerem a verdade.
Se os responsáveis pelas injustiças e fantochadas da dita "Justiça"
tradicional não aprenderem os novos métodos de fazer justiça que eu divulgo ou
inventarem outros melhores serão julgados pela opinião pública e pela História como
responsáveis por muitos crimes e como fantoches de uma fantochada a que chamam
"Justiça".
POLÍTICOS, OPORTUNISMO E CARISMA
Os políticos oportunistas fazem carreira espectacular. Os carismáticos ficam na
História.
Um político oportunista parece-me o Presidente da Câmara de Palermo Leoluca Orlando.
Sucedeu um famoso mafioso Vitto Ciancimino, protegido de Andreotti, numa altura em que a
opinião pública estava farta da corrupção e mafia na política. Ficou famoso pelas
suas frases sugerindo de sentar-se na cadeira onde tinha estado um mafioso.
Quando morreu o juiz Borsellino com seus 5 guarda-costas, pouco depois de ter morrido o
juiz Falcone com os respectivos guarda-costas, num momento em que a opinião pública era
quase unânime em acusar os políticos cúmplices da mafia, Leoluca Orlando apareceu nos
telejornais acusando os políticos que não deixavam fazer justiça quando estavam
implicados amigos políticos.
Com o juiz Antonio Di Pietro e o apoio da opinião pública da "capital moral de
Itália" operou-se uma revolução judicial e moral de Itália. O fenómeno das
"mãos limpas" só se deu na "capital moral de Itália". Nas cidades
mais corruptas, onde existe uma maior cultura de mafia e corrupção, essa revolução
nunca chegou. A corrupção continuou, especialmente a Palermo.
Com a morte de Craxi, parece que fizeram dele um mártir e ressurgiu em força a cultura
corrupto-mafiosa. Esquecendo os juizes, políticos, empresários e tantos honestos
cidadãos assassinados a opinião pública italiana mobiliza-se na defesa de um
italo-americano condenado à morte na América. Leoluca Orlando, aproveitando a onda de
popularidade da campanha contra a pena de morte oferecendo cidadania honorífica ao
condenado por assassino na América. Imagino que se ocupasse em salvar as vítimas da
mafia de Palermo seria mais útil, mas isso era menos popular.
Um político oportunista e carismático parece-me Berlusconi: como empresário soube
aproveitar o dinheiro da mafia para alimentar as suas empresas, aproveitou a corrupção
oferecida pelo amigo Craxi para fazer publicidade ao Partido Socialista em troca de leis
que favoreciam as suas empresas. Mas revelou-se um carismático ao entrar em política:
compreendeu que a cultura mafiosa italiana não pode continuar com a entrada na União
Europeia e enquanto os políticos de esquerda estava ocupados na transferência da sua
querida terrorista da América para Itália e na defesa do assassino italo-americano,
Berlusconi empenhou-se numa política contra a criminalidade italiana.
Como político carismático, que vê o interesse do povo para além das modas da opinião
pública, parece-me Antonio Di Pietro. Depois da revolução jurídica iniciou a sua luta
por uma revolução política com a revolução moral dos políticos. Mas a sua
revolução tem inimigos poderosos: os mais corruptos têm mais dinheiro para publicidade
e corromper meios de informação.
"JUSTIÇA" E "VALORES" NUMA CULTURA MAFIOSA CRIMINOSA
Um médico que trabalhava numa das zonas criminosas de Nápoles, depois de ter sido assaltado e roubado 4 vezes, comprou uma pistola e legalizou-a. Apareceram-lhe dois ladrões que lhe apontaram uma pistola e queriam dinheiro e carro. Aproveitando uma distração do que lhe apontava a pistola, tirou a sua e descarregou-a toda no ladrão matando-o e pondo o outro em fuga. Foi condenado à prisão domiciliária por excesso de legítima defeza. Eu dava-lhe uma medalha e uma condecoração por ser um herói de um mundo melhor. Mas hoje se eu disser o que penso não só não é divulgado como seria considerado fora do senso comum, sobretudo dos jornalistas, intelectuais e responsáveis pela cultura e justiça actual. Nesta Itália em que todos os dias se cometem crimes mafiosos de alto nível, se um polícia mata um filho da mafia ou um insensurado médico mata um criminoso bem conhecido da polícia, resulta num escãndalo, não porque o criminoso devia estar preso, mas porque o médico usou "excesso de legítima defesa". Os noticiários italianos transmitem as lágrimas da mulher do ladrão dizendo que o seu marido não era um criminoso, apenas tinha cometido uma loucura e pedia "justiça" contra o "criminoso" médico que tinha matado o seu marido.
Num filme, um repugnante criminoso mata um homem por causa de uma mala de dólares e chamam-lhe psicopático. Ele responde: "Eu mato um homem e sou chamado um psicopático. Outros mataram milhões e foram chamados conquistadores".
Na Hiostória tradicional continuamos a estudar Napoleão, Hitler, Estaline ou os "valorosos navegadores portugueses" que no fundo roubaram e destruiram culturas para imporem a sua cultura, mas que segundo a "História dos vencedores" divulgaram "a fé e o império".
Numa cultura mafiosa e criminal como é a italiana actual eu não
tenho "bom senso", os ladrões não são condenados mas sim os que matam os
ladrões para se defenderem.Espero que as minhas ideias acabem por revolucionar esta
cultura e contribuam para um mundo melhor.
PIRES PORTUGAL ( piresportugal@hotmail.com
)
Para saber mais sobre Justiça:
CA= "CARTAS ABERTAS", ( geralmente dirigidas a personalidades ou instituições sem carácter pessoal mas em função do que representam).
DF= "DIÁRIO FILOSÓFICO", (pensamentos, ideias, reflecções).
DL= "DIÁRIO DE LUTA POR JUSTIÇA E POR UM MUNDO MELHOR".
DP= "DIÁRIO PESSOAL", (emoções, sentimentos e reflecções pessoais).
LB= "BÍBLIA DA NOVA JUSTIÇA".
LG= "O GRANDE ADVOGADO E A IMPOTÊNCIA DA JUSTIÇA" (livro de 80 páginas brevemente aqui na Internet).
LI = "ITÁLIA E SEUS QUERIDOS CRIMINOSOS".
LZ= "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS". (Livro de ficção inspirado em factos reais da sociedade actual).
= PROJECTO: ASSOCIAÇÃO DE VÍTIMAS DE INJUSTIÇAS, (AVI), ESTATUTOS.PJE= "PROJECTO JUSTIÇA OU ESCÂNDALO".