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ANDREOTTI

    Depois de 6 anos e meio de processo foi absolvido da acusa de mandante do assassino do jornalista Picorelli. Um "pentito" disse que a mafia matou Picorelli para fazer um favor a Andreotti. Eu nunca pensei que Andreotti tenha dito à mafia para matar o jornalista. Mas não duvido de que Andreotti foi um bom diplomata com a mafia, dela recebeu votos e apoios políticos sobretudo através de Salvo Lima e Vitto Ciancimino. Os factos mostram como a mafia progrediu e não a combateu efectivamente. Se não é culpado judicionalmente, talvez o seja moralmente. Tem pendente outro processo em Palermo.É opinião geral que este processo vai influenciar o outro.

    O povo italiano sentiu alívio: o maior político dos últimos 50 anos: 7 vezes primeiro ministro, presente em 21 governos, se fosse o mandante do assassínio de um jornalista seria uma vergonha para Itália.

    Em 1993 a Justiça italiana decapitou os dois principais partidos políticos com mais corrupção e mafia à mistura: DC e PS. Com base nos testemunhos dos "pentitos" e o eficiente trabalho de Antonio di Pietro. Cometeram-se alguns erros que estão agora a ser aproveitados para reabilitar os perseguidos.

    Giuliano Ferrara disse mais ou menos: "Seria cómico ... se Andreotti fosse condenado a Palermo ... mas como Itália é o país das incongruências ..." - RAI1 "Porta a Porta".

O ex-Presidente Cossiga defendeu Andreotti dizendo que foi ele que pressionou o decreto para meter na prizão os "boss" da mafia que o juiz Carneval libertou. O ex-Minstro da Justiça Martelli diz que é mentira e que foi ele o único que quiz aquele decreto, (cf.: "La Stampa", 29.09.99, p.6).

Andreotti teve a última palavra na aula do tribunal de Palermo onde o Público Ministério pediu 15 anos de prizão por associação mafiosa. Disse mais ou menos: "se eu, sendo Presidente, me encotrasse secretamente em pleno dia com um famoso mafioso procurado pela polícia ... deveria ser condenado não à prizão mas a ir para um manicómio. A acusa está em contradição com toda a minha vida a lutar contra a mafia." Estou de acordo com a primeira afirmação. Duvido da segunda. Sendo inteligente e "furbo", (espertalhão), em política, sabia que se declarasse guerra à mafia talvez nem chegasse a ser político, certamente não teria sido o potente político que foi. Como "bom" político conviveu com a mafia, ou pactuou com ela, obteve dela favores, sobretudo muitos votos que consolidaram o seu poder político. Os factos mostram claramente que não a combateu eficazmente.

Os meios de informação apresentaram-o como uma vítima de um estúpido sistema judidicial. Um telejornal da televisão de Berlusconi, com idênticos problemas judiciários pendentes, selecciona precisamente aquelas palavras de Andreotti que colocam o sistema judicial em ridículo. É uma forma indirecta e inconsciente de ajudar a fazer a política do chefe.

Recordo o que escrevi a 01.05.99:

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JUSTIÇA E PODERES: OS PODEROSOS TAMBÉM SE ABATEM

Depois de vários anos de investigações o público ministério pede a condenação à prisão perpétua para o principal político italiano dos últimos 50 anos: Andreotti. A acusação é de associação mafiosa e de ter sido o mandante da morte de um jornalista.
O seu poder político foi apoiado pela mafia e retribuiu deixando-a crescer e estabilizar-se. Penso que moralmente é o responsável por muitos mortos da mafia. Mas responsáveis são também os que não o denunciaram antes, os que o votaram... Mas como podiam denunciá-lo se o jornalista que o denunciou foi assassinado e os culpados só são julgados 20 anos depois?
Salvo Lima, braço direito de Andreotti, acusado de convivência, vizinhança, e garante político da mafia, foi sempre absolvido pela Justiça Italiana enquanto Andreotti esteve no poder, apesar de ser chamado mafioso nos meios de informação e de ser crença generalizada de ser o intermediário entre o poder mafioso, poder político da Sicília e poder político de Roma.
Foi assassinado e substituído por outro, Firrarello, que continua a encaminhar todas as obras públicas mais importantes para a grande empresa da mafia.( Cf.: "Corriere della Sera", 30.05.99, p.1 e 13).

ANDREOTI ABSOLVIDO A PALERMO

O senhor do TG5 repetiu a mesma consolação da anterior absolvição: "Não estivemos governados durante 50 anos por um mandante de homicídios ou um capo da mafia". Andreotti teve o bom senso de não negar a importância dos pentitos na luta contra a mafia mas o facto de não condenarem a um dia de prizão assassinos de 20 homicídios e de os encherem de milhões os convidava a dizerem qualquer coisa.Bossi criticou o uso da Justiça para pôr de parte adversários políticos.  Como sempre Berlusconi teve o melhor comentário sem deixar de chegar a brasa à sua sardinha esperando que tenha sido o último processo político: gastou-se uma fortuna em dinheiro e tempo de polícias e magistradas como uma causa sem razão de ser, pondo Itália em ridículo perante o mundo. As forçasda ordem eos magistrados ocupados durante anos com este processo permitiram a milhares de autênticos criminosos de continuarem nas suas actividades ou serem libertados por falta de tempo para serem julgados.

Neste processo intervieram 27 "pentitos", (arrependidos da mafia e colaboradores da Justiça),  que com suas mentiras criaram a montanha que pariu um rato: Por um lado os exageros sem consistência nem credibilidade como o beijo e o encontro de Andreoti com o "boss" da mafia. Por outro lado uma gestão dos "pentitos" que lhes perdoa dezenas de homicídios, lhes dá protecção, um salário suprior ao dos polícias e condições de continuarem na criminalidade ao ponto de poderem cometer assassínios enquanto gozam de todas essas vantagens. Até parece que no sistema político, judicial e policial falta muito bom senso: sobem na política vigaristas que melhor assambarcam os dinheiros públicos para as suas campanhas eleitorais, os melhres e mais eficientes juízes foram assassinados pela mafia enquanto Andreoti estava no poder, os polícias ganham menos do que os "pentitos" convidando assim os desempregados com mais inteligência a tornarem-se mafiosos em vez de polícias. Se os "pentitos" fossem premiados quando estivessem realmente arrependidos e colaborassem eficazmente com a Justiça mas severamente castigados, incluso com a prizão e trabalhos forçados até pagarem as consequências dos seus actos, não haveria tanta escravatura dos mais honestos contribuintes para pagarem pelos menos honestos.

BERLUSCONI

Antonio di Pietro conta num livro como Berlusconi tentou enterrá-lo servindo-se de intermediários aos quais propôs negócios fabulosos. A resposta das televisões de Berlusconi mostram-se diabolicamente eficientes: o grande vigarista que dava lições de moral política todos os dias num dos seus canais de maior audiência nacional, metia continuamente Antonio Di Pietro em ridículo servindo-se dos seus dotes de grande orador. (Parece que o grande vigarista foi fundador de um partido fictício para apanhar somas fabulosas dos contribuintes). Talvez porque com a popularidade dos seus sermões foi eleito Deputado Europeu deixou a televisão . Mas surgiu  outro programa que quase todos os dias pões Antonio Di Pietro em ridículo com dobragem dos seus discursos, efeitos sonoros manobrados, grandes pnanos de qualquer defeito com ridículos comentários. Não creio que Berlusconi tenha dito ao grande vigarista ou aos autores do programa "Striscia la Notizia" que que só os  contrataria se metessem em ridículo Antonio Di Pietro. Mas é  evidente que eles sabem muito bem que   metendo em ridículo o grande inimigo do seu chefe lhe estão a fazer um favor.   

PIRES PORTUGAL ( piresportugal@hotmail.com ).

LB= BIBLIA DA NOVA JUSTIÇA.