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FILOSOFANDO SOBRE HEROISMO E JUSTIÇA
Nos últimos dez anos escrevi muitos milhares de páginas sobre as minhas lamentações
por ser vítima de injustiças, ideias para uma nova justiça e para um mundo melhor.
Trabalhei muito para seleccionar os melhores textos e publicar um livro: "O GRANDE
ADVOGADO E A IMPOTÊNCIA DA JUSTIÇA". Dactilografei-o, paguei a um corrector,
enviei-o para dezenas de editoras e nenhuma o quiz publicar. Recordo o "Diário de
Ane Franc" que só foi publicado porque o pai tinha dinheiro e pagou a edição e
depois se transformou num "best seller". Isto dá-me uma certa esperança de que
os meus escritos possam ter valor um dia.
Tenciono meter todos os meus textos na Internet. Teoricamente vou estar disponíveis para
milhões de pessoas. Na prática os poucos que poderão ter interesse terão biliões de
páginas à disposição e se não houver um estímulo, uma razão e uma informação nem
sequer saberão da existência.
Num super-mercado em Itália, entre os poucos livros disponíveis entre feramentas e
comestíveis, lá estavam vários exemplares do "Diário de Che Guevara" . Até
eu o comprei entre os milhões de livros disponíveis nas livrarias. Li-o à procura de
uma explicação: como é que um homem que deixa a família e deixa o posto de ministro de
Cuba para ir para a floresta lutar contra um exército se torna um dos maiores ídolos
deste século? Foi um falido quase como Cristo, lutou por uma mensagem quase oposta à de
Cristo e que a história confirmou a sua falência, morreu jovem sem conseguir mais do que
matar uns tantos jovens inocentes que foram obrigados a pegar em armas para o combaterem,
causou a morte aos que o seguiram. Enfim uma falência total em todos os apectos. E apesar
disso aí está como mito da juventude, com seus comunicadsos a dizer que matou tantos
soldados a serem lidos por milhões de pessoas. Sinto inveja. Deste absurdo de vida só
resta um aspecto positivo, (ou negativo?): lutou até à morte pelos seus ideais apesar de
absurdos e sem resultado. Mas será isso um aspecto positivo? Heróis destes encontram-se
agora aos milhares no Kosovo: muitos kosovares que viviam bem em várias partes do mundo,
quando souberam que os serbios lhes tinham matado as famílias partiram para o Kosovo
dispostos a matar ou morrer. Tudo ao contrário do perdão que Cristo pregou. As
catástrofes sucedem-se por causa destes heróis.
Há dez anos que escrevo projectos sobre justiça ou escândalo mas todos ficaram no
papel. Os meus ideais são certamente mais justos, lógicos e viáveis do que os de Che
Guevara. Falta-me a sua coragem. Ou talvez ainda não tenha chegado o momento oportuno.
Talvez comece a 4 de Novembro com uma conferência de imprensa, (A991104).
PIRES PORTUGAL ( piresportugal@hotmail.com
).
DF= "DIÁRIO FILOSÓFICO", (pensamentos, ideias, reflecções).