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POLÍCIA, LEIS E O BOM SENSO DE UTILIDADE PÚBLICA

Há uns dez anos estacionei o meu carro na minha rua em diagonal e com parte sobre o passeio. Foi rebocado, perdi meio dia para o ir levantar e paguei elevada multa. Hoje, neste momento em que escrevo, todos os carros estão estacionados como o meu estava e embora estejam ilegais não passa pela cabeça de nenhum polícia com um mínimo de bom senso mandar rebocar todos os carros da rua. Sendo uma rua residencial sem saída com falta de estacionamento seria lógico que tivesse passeios pequenos e estacionamento em diagonal. Mas quando fizeram a rua não havia tantos carros e talvez ainda andassem nos passeios as freiras da Idade Média com grandes véus na cabeça e talvez as donzelas com as largas saias para o que precisavam largos passeios. Hoje estes passeios não correspondem às necessidades sociais e seriam mais úteis se fossem mais pequenos e permitissem mais estacionamento. O bom senso das pessoas em geral sobrepõe-se à falta de bom senso da aplicação das leis a certos casos. Toda a gente estaciona ilegalmente em diagonal sobre o passeio e quando alguém estaciona bem do ponto de vista legal é criticado pela maioria. De facto estacionar bem legalmente é mal do ponto de vista social, na medida em que estacionando paralelamente e sem se sobrepor ao passeio ocupa o estacionamento de dois carros.

Não se podem mudar os passeios mas talvez se possam mudar as mentalidades e as consciências dos polícias para terem o bom senso de ser zelosos no cumprimento das leis socialmente úteis e não perderem tempo nem fazerem perder aos outros com excesso de zelo no cumprimento de leis socialmente prejudiciais. Deveria mesmo existir uma lei que se sobreponha a todas as outras: Maior tolerância nas leis que não prejudicam ninguém e cujo cumprimento se revela injusto ou anti-social.

Estacionei por um momento o carro frente aos correios nos Restauradores num passeio só para ir meter uma carta. Ao voltar já estava um polícia para passar a multa. Expliquei-lhe que só tinha ido meter uma carta, que não tinha prejudicado ninguém pois podiam passar tanto de um lado com do outro do carro. Disse que estava ali para cumprir as leis e passou-me uma multa de 5 contos.

Ali bem perto um ladrão esteve meia hora para rebentar o cadeado de uma bicicleta que me roubou, alguém me disse que tinha visto e tinha telefonado para a polícia mas ninguém apareceu.

As leis são para se cumprirem na generalidade enquanto servem o bem comum. Mas não foi o homem criado para as leis, mas as leis para o homem. Penso que o bom senso de utilidade pública deveria estar acima de qualquer lei. Não se podem mudar os passeios e as estruturas todas de um dia para o outro para se adaptarem melhor às necessidades do momento. Mas poderia haver mais tolerância às leis quando estas não servem a utilidade pública.

Penso que era de maior utilidade pública se a polícia se ocupasse mais dos ladrões e criminosos em vez de estar à espera de quem estaciona mal mesmo se não prejudica ninguém.

 

PIRES PORTUGAL ( piresportugal@hotmail.com )

Para saber mais:

JIIMM: JORNAL INTERNET DE IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR: http://members.xoom.it/jiimm :

LB= "BÍBLIA DA NOVA JUSTIÇA".

DF= "DIÁRIO FILOSÓFICO", (pensamentos, ideias, reflecções).

DL= "DIÁRIO DE LUTA POR JUSTIÇA E POR UM MUNDO MELHOR".

LZ= "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS". (Livro de ficção inspirado em factos reais da sociedade actual).

AA= ÍNDICE GERAL.