LZMF
MÍSTICO, FILÓSOFO, INTELECTUAL... DE OUTRO MUNDO E DESTE... O TIBETANO
Esperava aquele encontro. Tinha sido seu conselheiro e amigo em momentos difíceis.
Gostava de passar horas com ele a falar ao sabor da fantazia. Tinha uma cultura geral como
poucos no mundo. Não só uma cultura livresca, passara um período de rato de
bibliotecas, mas sobretudo o seu conhecimento prático do mundo. Era filho de um
embaixador tibetano. Sua mãe deixara de ser professora universitária no Tibete para
acompanhar o marido e educar o filho. Aos 8 anos já se fazia entender em 5 línguas.
Estudou em Osford, especializou-se em Direito Político internacional e passou por
conselheiro até do Papa.
O Zé Justo sentia necessidade de se encontrar com o seu amigo tibetano como quem preciza
de lufadas de filosofia. Desde que o conhecera por acaso nunca estivera tanto tempo sem o
ver. Estivera no Japão vários meses sem notícias do País das Bananas, (PB). Sabia que
tinha começado uma revolução mas só aquele amigo lhe poderia explicar em poucas
palavras o fundo da questão. Tinha visto por acaso a cara do seu presidente na capa da
"News" a ser mostrada num noticiário mas como falavam só japonês não
compreendeu de que se tratava. Sedento das últimas notícias correu para casa do seu
amigo adiando todos os compromissos.
Era um amigo por quem tinha grande admiração. Praticava Yoga, tinha estado 3 meses sem
comer nada, apenas bebendo àgua. Percorera 100 metros descalço sobre bazas só com a
protecção do poder da mente. Descobrira valores espirituais superiores aos materiais.
Parecia que sabia de tudo e via as coisas com antecedência. Dava lições particulares à
filha do Ministro da Justiça e tinha estado com ela num hotel apesar de ser menor. Não
pagou o quarto porque ela era filha do Ministro da Justiça e de uma senhora muito
corrupta que dava as licenças em troca de benefícios milionários. Na prática fazia
despezas astronómicas que nunca pagava sistematicamente e ninguém se atrevia a
pedir-lhe. Alguns engoliam de má vontade mas a maioria entrava no negócio de boa vontade
e sabia tirar as suas vantagens.
Um dia dissera-lhe em cara: se continua assim acaba na prizão. Ela respodeu--lhe:
"Você é estranjeiro e ainda não conhece onde vive". Afinal era ela que não
conhecia os novos ventos que o Zé Justo começara a lançar no ar. O Ministro da Justiça
caíu com o escândalo da mulher e o novo Ministro deu imunidade e prémios a quem
colaborasse a esclarecer toda a verdade. Dezenas de testemunhas confirmaram a sua prizão
e as manifestações populares não permitiram atenuantes.
Até no País das Bananas as coisas começavam a ter limites. O maior Presidente de toda a
história da República das Bananas, (RB), presente em 51 governos durante 35 anos,
Presidente nos últimos 7 mandatos, fugira para um país africano para não terminar na
prizão ou linchado pela população. Entrara na política com a propaganda oferecida pelo
futuro sogro, um magnata dos mass medias com uma tipografia, um jornal, uma emissora de
rádio e perspectivas da primeira televisão privada. A primeira vitória eleitoral
coincidiu com o anúncio do casamento entre o promissor político e a filha do magnate da
comunicação. Outras vitórias políticas e outros casamentos se seguiram com duas
famílias a crescerem uma na política e outra nos negócios. Por extrema coincidência os
políticos faziam leis que favoresciam aquelas emprezas e as opiniões que passavam nos
meios de informação eram favoráveis àquela família politico-económica e até o amor
que parece não escolher política aqui coincidia quase sempre com os superiores
interesses de uma parte da nação.
A revista "News" publicara a fotografia do Presidente da República das Bananas
na capa e uma grande reportagem sobre casamentos, sexo e política. Embora a revista tenha
sido proibida de entrar na RB e apesar de poucos conhecerem inglês a tradução entrou
pela "Internet" e foi o colapço de um império político e de outro económico.
Ideológicamente aquele colapso político tinha sido muito influenciado por um chamado
"guerrilheiro anarco-intelectual" cujas armas eram as parábolas via Internet.
Raptaram-lhe o pai e só o libertaram depois de tirar os seus textos da Internet e
prometer não voltar a escrever. Alguns textos foram apanhados da Internet e circulam a
preço de ouro. O Zé Justo pagaria o que pudesse para ter esses textos. Mas mesmo
procurá-los tinha-se tornado um mundo perigoso.
O Zé Justo esperava mostrar novidades ao seu amigo tibetano: imagens e ideias de
Hiroshima e do seu museu da paz. Afinal foi o Zé que recebeu novidades: aquele museu da
paz, aquele parque todo cheio de evocações pacíficas e anti-atómicas tinha sido
construído com dólares americanos. Os americanos têm todo o interesse em criar uma
mentalidade anti-atómica para não se fazerem mais experiências, ninguém mais construir
essas bombas e ficarem a ser os únicos com tal poder na manga. O presidente de Hiroshima
em greve de fome a protestar contra as experiências nucleares não fez mais dos que
salvaguardar os interesses americanos como únicos senhores das bombas atómicas. Aliás o
Japão é quase um protectorado da América, com suas vantagens e desvantagens: a sua
Constituição foi ditada por americanos ou pro-americanos, a sua reconstrução após a
guerra foi feita com dólares americanos dos quais continuam a pagar interesses. Mas foi
melhor assim do que continuar em ruinas. Os americanos dão-lhe protecção mas impôem
condições. A sua economia depende e colabora com a americana. Os japoneses estão
comprando a América, desde as grandes indústrias automobilísticas às indústrias dos
audiovisuais e do cinema. Dificilmente surgirá no futuro uma guerra entre os povos mais
civilizados porque os interesses se entrelaçam e ninguém estará interessado em destruir
a própria economia.
Pararam frente à montra de uma livraria: Napoleão e Che Guevara sobrssaiam em duas
capas. O Zé apontou-os exclamando:
- "Dois mitos da decadente e imoral cultura tradicional. "
Mas o tibetano reagiu indignado:
-"Che Guevara é um herói que deu a vida por um ideal revolucionário".
" Pior para ele e para o seu ideal. Fazia melhor se tivesse ficado em casa a dar
assistência sexual à sua esposa do que indo para o mato a matar os namorados de várias
bolivianas por um ideal tão duvidoso como o comunismo que acabou por dar tão maus
resultados."
- "Não está provado que o comunismo tenha dado maus resultados e que o capitalismo
seja melhor."
- "Compara Cuba com as outras ilhas das Caraíbes, commpara a Alemanha ex-cominista
com a capitalista, compara Albânia e ex-Jugoslávia com Itália, copara Áustria com
Checoslováquia e Hungria que antes faziam parte do mesmo império."
- "Nas Caraíbes não vês um milionário negro. Só os brancos vivem bem. Os pretos
continuam a ser escravos como quando foram deportados de África e vivem em piores
condições do que os mais miseráveis de Cuba."
O Zé Justo não tinha estado em Cuba nem nas outras ilhas das Caraíbes mas não tinha
dúvida de Che Guevara teria feito mellhor, ( para ele, para a sua família e para as
famílias que não se formaram), se fizesse amor em vez de fazer a guerra.
(Extracto de: "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS", livro de ficção em
preparação inspirado em factos reais da sociedade actual).
PIRES PORTUGAL ( piresportugal@hotmail.com ).
Para saber mais:JIIMM: JORNAL INTERNET DE IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR: http://members.xoom.it/jiimm :
LZ= "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS".
LB= "BÍBLIA DA NOVA JUSTIÇA".
DF= "DIÁRIO FILOSÓFICO", (pensamentos, ideias, reflecções).
DL= "DIÁRIO DE LUTA POR JUSTIÇA E POR UM MUNDO MELHOR".
DP= "DIÁRIO PESSOAL", (emoções, sentimentos e reflecções pessoais).
AA= INDECE GERAL.