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SETEMBRO, 2001.

SUMÁRIO:

1- MORRE JIIMM, NASCE DIIMM: DIÁRIO INTERNET DE IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR

2- ARTISTA OU INTELECTUAL?

3- CARTA ABERTA AO PRESIDENTE BUSH, AO POVO AMERICANO, À NATO, G8 E POVOS MAIS CIVIS

4- TERRORISMO CIVILIDADE E CRETINICE

5- CARTA ABERTA À AMNISTY INTERNATIONAL

6- CARTA ABERTA AO POVO DO AFEGANISTÃO

7-  CRIMES, POLÍTICAS E OPINIÕES EM TEMPOS DE INTERNET E GLOBALIZAÇÃO

DESENVOLVIMENTO:

1- MORRE JIIMM, NASCE DIIMM: DIÁRIO INTERNET DE IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR

Itália, 2001-09-18.

"Nada mais velho do que o jornal do dia anterior". Mas eu penso que o meu "jornal" (http://members.xoom.it/jiimm ), è sobretudo história para o futuro. Enganei-me a abrir um texto e abri um do ano anterior. Ao lê-lo tive a impressão que continuava actual e muitas vezes me pareceu que os meus textos ganhavam actualidade com o passar do tempo. Passo a escrever sob a forma de um diário com conexões a aprofundamentos.

2001-09-18

2- ARTISTA OU INTELECTUAL?

Por um lado penso que as minhas ideias e os meus escritos podem influir para um mundo melhor. Por outro sempre ganhei a vida como artista e minha mulher ameaça-me de divórcio se não deixo de escrever e passo a "trabalhar". Os meus escritos não dão dinheiro, por isso não são "trabalho".

Por outro lado fui ofendido e magoado pelas reacções ao que escrevi. Assisto a loucuras que me parecem típicas dos tempos antigos mas inadmissíveis em sociedades civis actuais: na Irlanda as crianças foram apedrejadas e bombardeadas só porque são católicas e passam numa rua protestante; a Génova destruíram uma cidade para impedirem que 8 representantes dos povos mais ricos discutissem como ajudar os mais pobres e resolver os problemas da globalização; no miserável Afeganistão, com muita gente a viver das ajudas humanitárias do Ocidente mais rico e civilizado, 8 ocidentais riscam de ser condenadas à morte só porque difundem a sua religião enquanto se dedicam a actividades humanitárias; este mesmo país apoia terroristas que causaram danos enormes a todo o Ocidente: fala-se em 70.000.000.000 de U.S$ dólares de danos materiais dos terroristas de 11 de Setembro mas os danos mundiais são incalculáveis: muito mais tempo para controle em cada viagem, inflação, aumento dos custos de seguros em quase todo o mundo, etc.

O mundo está globalizado e deve adaptar-se a esse facto com novas formas de resolver os novos problemas. Não è com slogans, ataques terroristas ou com pedras, bombas e extintores contra a polícia e crianças INOCENTES que se resolvem os problemas. A solução deve ser cultural, política e ideológica. Nessa linha seguem 4 cartas abertas e alguns comentários:

3- CARTA ABERTA AO PRESIDENTE BUSH, AO POVO AMERICANO, À NATO, G8 E POVOS MAIS CIVIS

Itália,( versão de 2001-09-18).

O ataque terrorista contra EUA a 11-09-2001 foi visto pela maioria dos povos mais civilizados como um ataque à civilidade, como um desprezo pela vida de vítimas inocentes. Quase todos os povos mais civis se sentiram solidários com as famílias das vitimas inocentes e manifestaram a sua indignação contra todos os actos terroristas que causam vítimas inocentes. Até Arafat, (talvez mais por política…), deu espectacularmente o seu sangue para as vítimas do terrorismo. Até Dario Fo, famoso por ser um grande artista, prémio Nobel e defensor de terroristas contra "o imperialismo americano", condenou este atentado terrorista. "Todos nos sentimos americanos" dizia um título de um jornal italiano. Nesta Itália que durante mais de dez anos fez de uma terrorista uma "santa heroina" por ter lutado contra o "imperialismo americano", (cf.: http://members.xoom.it/jiimm/aaast.htm ), não senti nem li uma única opinião favorável aos ataques terroristas contra USA. Fiquei indignado por uma americana falar dos seus amigos franceses que sentiram profunda satisfação com estes actos de terror (cf.: www.forumcidadania.org ).

Em nome de todos os seres humanos e civis que condenam este género de actos apresento as minhas condolências às famílias das vítimas e manifesto a minha profunda indignação.

Mas, em minha opinião, esta indignação deve orientar-se aos verdadeiros responsáveis e não generalizar-se em formas de racismo ou vinganças indiscriminadas como as que estou assistindo: ouvi pessoas dizer que deviam matar todos os árabes, ouvi uma americana dizer na TV que o Presidente já devia ter feito como o pai declarando guerra aos árabes e vi na Internet uma sondagem com 9 em cada 10 americanos favoráveis a uma resposta militar. Em minha opinião, todas estas formas de reacção são instintivas e justificadas pela clima psicológico de indignação mas só contribuem para fomentar outros actos de violência e injustiça contra vítimas inocentes. Uma guerra que provoque vítimas inocentes corre o risco de originar outras formas de represálias e a condenação de uma parte da opinião pública internacional.

Berlusconi apoiou a ideia de Putin de um novo G8 contra o terrorismo. Eu proponho um G… de todos os povos mais civis contra terrorismo e criminalidade. Proponho O SEQUESTRO DE TODOS OS BENS DOS TERRORISTAS E SEUS CÚMPLICES. Esses bens podem ser utilizados para indemnizar as vítimas e premiar os que voluntariamente colaboram contra o terrorismo e a criminalidade. Proponho represálias económicas contra os povos que não colaborarem contra o terrorismo e criminalidade.

Mas penso que as guerras devem dar lugar a punições dos responsáveis por outros meios.

Sou por uma severa punição dos terroristas e criminosos. Não sou pelas tradicionais prisões como a de Itália onde os prisioneiros têm regalias que a maioria da população não tem: televisão satelitar e a pagamento, serviços médicos melhores e que custam mais do dobro do que custa em média para população, etc. Os terroristas e criminosos deviam indemnizar as vítimas ou trabalhar toda a vida e viver em condições humanas inferiores às dos honestos contribuintes que com seus impostos os sustentam e pagam as consequências dos seus actos.

4- TERRORISMO CIVILIDADE E CRETINICE

(Resposta a " Socialista Global", que no "Fórum Cidadania", 09/14/01 01:43:21 PM, (www.forumcidadania.org ) respondeu à carta anterior).

Pergunta-me: "Em que raio de universidade se formou na cretinice Pires Portugal?

Que é isso de povos civis e incivis?"

Respondo: Quando tinha 8 anos apanhei uma cana de foguete num monte de milhares junto ao caminho público. Meu pai perguntou-me onde a tinha encontrado e muito zangado obrigou-me a fazer 4 km a pé para ir depositar a simples cana de foguete onde a tinha encontrado. Este exemplo mostra a primeira e principal universidade: os meus pais ensinaram-me a respeitar o que não me pertence, a fazer o bem que posso e a não fazer mal a ninguém sem motivo. Essa lição leva-me a ocupar milhares de horas para fazer o que está ao meu alcance no sentido de dar um contributo para um mundo melhor. Nessa linha escrevi o texto que considera cretinice e enviei-o a centenas de jornalistas, embaixadas, etc. no sentido de evitar uma guerra que me parece possível.

Estudei 12 anos num seminário católico onde aprendi muito de várias religiões, filosofias, psicologia, sociologia e outras ciências humanas. Estudei um ano de Psicologia no ISPA onde como principais ensinamentos se resumem em duas noções: os comportamentos premiados tendem a repetir-se e os castigados tendem a ser evitados; até as galinhas com a sua limitada inteligência e instinto de sobrevivência se organizam numa escala de dependência. Por outras palavras, onde estiverem 10 galinhas haverá uma superior e que comanda todas as outras, uma segunda dependente da primeira mas superior às outras e assim sucessivamente. Licenciei-me em Ciências Humanas e sociais na Universidade Nova de Lisboa e estudei mais 3 anos de jornalismo na ESMCS. Esta "universidade" cultural ou livresca foi depois completada com trabalho em quase todos os países da Europa capitalista e comunista, Médio Oriente, Japão, África e Américas. Nesta "universidade" aprendi a tolerar muitas religiões e culturas mas não posso esconder a minha indignação contra os que fazem mal a vítimas inocentes por pura maldade, mesmo fazendo mal a si próprios. Tolero muitas religiões mas não essas. E esses não são considerados civis na minha escala de maior ou menor civilidade.

Escreve: "Claro que me indigna o bárbaro atentado e as dezenas de milhares de vitimas que pereceram neste incidente sem procedentes na historia da Humanidade. Até porque as vítimas são, mais uma vez, os trabalhadores, os empregados de escritórios e serviços, os bombeiros o povo anónimo de Nova York. Ele não contribui nem um milímetro para a libertação dos povos e o fim da exploração, antes deu azo à paranóia dos falcões, ao reforço do estados policiários e à identificação de todos os opositores à barbárie que a globalização Capitalista está a provocar como 'terroristas'".

Concordo com quase tudo o que diz. Mas não concordo que a "globalização Capitalista" seja mais barbárie do que muitos dos seus opositores. Vi as imagens da violência no G8 de Génova e penso que a globalização è um processo histórico com problemas de adaptação que è necessário resolver como em qualquer revolução. Mas os que estivera a Génova numa cega luta violenta contra a globalização incendiando carros, negócios e atirando pedras, bombas e extintores à polícia serão no futuro considerados tão ridículos como os que incendiavam tratores e combóios para se oporem à revolução industrial do início do século passado.

Escreve: "Muitas das empresas vaporizadas neste acto são directamente responsáveis pela fome, miséria e guerra que os povos 'incivis' sofrem no concreto há decénios e séculos. Pelos milhões de crianças que morrem, por ano, à fome ou por doenças facilmente tratáveis mas que a Agro-industria e industria farmacêutica não vê lucro para sacar e não permite que excedentes alimentares sejam usados para dealbar este flagelo. São os sobreviventes deste massacre quotidiano, os pais e familiares dessas vitimas que fazem crescer o numero de fanáticos enquanto uma alternativa global não for visível para eles. O ódio cego do lucro está a gerar ao ódio cego do fanatismo." Terá razão em muitos destes pontos. Mas se não existissem muitas destas empresas talvez as misérias fossem maiores e se as empresas farmacêuticas não tiverem lucro no que investem nas descobertas científicas talvez não sejam estimuladas a investigar e acabem por morrer muitos mais.

Escreve: "O que é urgente é que a revolta seja assumida pelas massas que são vitimas e não por 'salvadores' religiosos ou não, que se substituem a necessária consciência e mobilização da maioria para construir uma verdadeira democracia …"

Pergunto: onde há mais democracia? Não será a falta de democracia, a corrupção, as guerras e a falta de civilidade que está na base da miséria de muitos povos? Vejamos as duas partes de Itália, a mais e menos mafiosa. Na mais mafiosa 90% dos negócios e talvez da economia em geral paga para a criminalidade, para organizações que fazem fortunas para alguns e miséria geral, sem produzirem nada de positivo. Antes pelo contrário dificultarem a produção de bens e serviços .

5- CARTA ABERTA À AMNISTY INTERNATIONAL

ASSUNTO: PRIORIDADE À DEFESA DE VÍTIMAS INOCENTES

Concordo na quase totalidade das actividades da "Amnesty International". Mas penso que deve dar prioridade à defesa das vítimas inocentes. Ao colaborar na transformação de terroristas em heróis como aconteceu em Itália, ", (cf.: http://members.xoom.it/jiimm/aaast.htm ), corre o risco de ser co-responsável com as vítimas do terrorismo. Não compreendo como faça tanto pela defesa de alguns terroristas e criminosos e tão pouco por outros inocentes: Pouco antes do ataque terrorista contra USA a 11-09-2001 foi notícia em Itália de 8 voluntários de acções humanitárias a Kabul no Afeganistão que riscavam a condenação à morte só porque simultaneamente com actividades humanitárias faziam proselitismo católico. Podem fazer algo nestes países?

COMENTÁRIOS:

Como comentário à minha "Carta aberta à Amnisty Internacional" foram colocadas por "renzo" em 2001-09-17 no www.azine.org uma série de frases do meu sito tiradas do seu contexto e seguem-se uma série de ofensas do estilo do fundamentalismo religioso ou ideológico que è responsável por aquelas pedras e bombas atiradas contra crianças católicas só porque passam numa rua de protestantes. Pensava que isto fazia parte da História da Idade Média mas vejo que a História se repete. Seguem-se uns comentários aos comentários que não têm nada a ver com a questão que eu ponho: a Amnisty International teve um extraordinário empenho para livrar da prisão uma terrorista italiana que fazia parte e colaborou com um grupo que matou 3 inocentes. Não seria mais oportuno salvar a vida de 8 pessoas cujo único crime é o de fazerem proselitismo cristão enquanto faziam actividades humanitárias no Afganistão?.

(P.S. a 2001-12-28: A voz da AI tornou-se notícia em Itália na defeza dos voluntários terroristas que se revoltaram quando estavam prisioneiros a Kabul, mataram um americano e acabaram por morrer às centenas enquanto lutavam. Não seria melhor se a AI se ocupasse da defeza de inocentes em vez dos voluntários terroristas?).

6- CARTA ABERTA AO POVO DO AFEGANISTÃO

Não conheço o vosso povo mas as informações que me chegam dos meios de informação são as de protector e apoio de terroristas, radicalismo religioso e ideológico típico da Idade Media. Digam-me se isto è verdade ou não. Se não è verdade eu estarei disposto a colaborar para desmascarar esta ideia muito difusa nos povos que eu considero mais civilizados. Por civilidade intendo em primeiro lugar a tolerância de ideias e religiões diferentes das nossas. No jornal italiano "Corriere della Sera" de 2001-09-06 de p.14 li a notícia de 8 ocidentais, (4 alemães, 2 americanos e 2 australianos), que riscam a pena de morte porque faziam proselitismo cristão durante acções humanitárias. No dia 2001-09-05 o procurador talebano Mawlawi Noor Mohammad Saquib disse: "Puniremo-los segundo a lei islâmica. Se o crimine comporta a forca serão enforcados".

Na TV italiana a 2001-09-18 um embaixador italiano que esteve 3 vezes na Afeganistão disse que há muita miséria e que a população depende muito das ajudas humanitárias ocidentais. È verdade? E se è verdade como podem apoiar terroristas e matar voluntários humanitários só porque divulgam uma outra religião?

7- CRIMES, POLÍTICAS E OPINIÕES EM TEMPOS DE INTERNET E GLOBALIZAÇÃO

Toni, colaborador no www.azine.org , com o título "Crimes", escreveu:

"Alguém roubou o rádio do carro do Chico. A Isabel ficou com a pintura toda riscada por não querer dar dinheiro a um arrumador de automóveis. A Joana foi assaltada, na Baixa, em pleno dia, por um homem e uma seringa. Tentaram levar, por esticão, a carteira da D. Tecla. Já contei isto a tanta gente. Quase sempre a mesma resposta. Ou melhor, duas respostas possíveis. Ou a culpa é dos assaltantes, esses drogados filhos da puta, era mas é quem lhes desse um tiro nos cornos, ou é das vítimas, então ele deixou o rádio na carro, também não lhe custava nada ter dado uns trocos ao gajo." (…) "Se 80% dos crimes são de inspiração económica, então o que está por trás deles deve ser o sistema económico."

Nenhum sistema económico evitou a criminalidade e as desigualdades sociais. A pergunta que se deve por è "qual sistema económico produz menos criminalidade e mais bem-estar social?"

Recordo que após o 25 de Abril de 1974 era moda em Portugal fazer os elogios de regimes comunistas dos quais só uns grupos de estrema esquerda tinham conhecimentos. Recordo uma colega de universidade que me pintava o regime de Albânia como um paraíso. Quando se abriram as fronteiras Itália foi invadida de desesperados da Albânia que aumentaram muito o nível da criminalidade. Uma reportagem diz que 90% dos carros da Albânia são roubados aos países capitalistas do Ocidente. "Só trabalham os "barmans". Os outros estão no bar" – diz a reportagem. Se nos países ex-comunistas não havia muita criminalidade deve-se sobretudo à grande segurança policial. Na RAI, (TV do Estado de Itália) ouvi que na ex- URSS 70% da economia está nas mãos de mafias e criminalidade. Na Coreia do Norte, (comunista) morrem muitos de fome segundo um noticiário da RAI (2001-09-03). Não me consta que morram na Coreia do Sul, (capitalista).

Eu penso que a igualdade não existe na natureza e muito menos no género humano. O problema não está tanto nas desigualdades como nas injustas desigualdades e sobretudo nas fantochadas e injustiças das "Justiças" tradicionais: John Gotti, o chefe dos chefes das mafias americanas foi absolvido em dois processos quando todo o mundo sabia que era o principal chefe. Só foi condenado por ser traído pelo seu braço direito e da prisão continuou a gerir uma fortuna de mais de 42.000.000.000$00. Segundo revelou o New York Times, Roger Clinton, irmão do ex-presidente Bill Clinton, recebeu um Rolex para intervir a favor da família, (Cf.: Corriere della Sera, 27-08-2001, p.11).

Penso que em geral as empresas privadas funcionam melhor do que as públicas porque estimulam a eficiência com justas desigualdades: os mais competentes e eficientes sobem e têm privilégios. Em muitas empresas públicas italianas do tempo de Craxi subiam a directores os mais corruptos e incompetentes, ou competentes politicamente correctos: os que arruinavam empresas públicas em benefício do partido passavam a directores de outras mais ricas…

Continua Toni: "Sem drogas não haveria, logicamente, os toxicodependentes e os seus assaltos, da mesma forma que sem armas não haveria guerras e que sem propriedade privada e diferenças sociais não haveria roubos."

Da História que eu estudei consta-me que os mais antigos instrumentos que se conhecem eram precisamente armas de guerra do período paleolítico: pedras esculpidas que serviriam para matar animais e provavelmente inimigos. Hoje há armas que podem destruir o Planeta. Só uma cultura civil planetária ou global pode evitar a destruição do mundo. Isso só pode resultar de negociações pacíficas como as dos 8 representantes dos respectivos governos como o G8 de Génova e não com delinquentes, marginais e terroristas a atirar com extintores à polícia, a partir montras e a deitar fogo a carros e negócios como fizeram alguns manifestantes a Génova. Esses 8 que se reuniram pacificamente destinaram 1.300.000.000$ US dólares para os pobres do mundo. Muitos queriam que fosse mais outros menos. Mas ninguém melhor do que os representantes democraticamente eleitos pode decidir quanto. Os manifestantes violentos causaram danos de 30.000.000$ US dólares que serão pagos em parte pelos mais honestos contribuintes e em parte por vítimas inocentes. Imaginemos que estes violentos manifestantes faziam campanhas de recolha de fundos para os pobres e propaganda pacífica pelas suas ideias. Imaginemos que com educação e medidas políticas se canalizavam para os que morrem de fome ao menos uma parte daquilo que se gastou com a segurança e com a reparação dos danos. Quantas vidas humanas se salvariam?

Não digam que não è possível. Bastaria que os meios de informação ocupados com o espectáculo das violências se ocupasse do espectáculo das misérias no mundo. Na sequência da imagens de misérias da guerra no Kosovo por toda a Europa se originou uma onda de solidariedade com muitas ajudas para os pobres e miseráveis. Pena que uma parte tenha ido aumentar fortunas de mafiosos italianos e albaneses.

Continua Toni: "E eis-nos, então, chegados àquilo que me parece o mais importante no meio disto tudo. A actual organização político-económica promove as diferenças sociais. As diferenças sociais, por sua vez, promovem o roubo. Este legitima, aos olhos dos cidadãos, o aumento das polícias, de forma a que se possa manter o sistema que promove o roubo e por aí em diante, sempre em círculo. A organização mundial está, em todos os sentidos, orientada para o lucro. Só assim se compreende que uma produção alimentar mais do que suficiente para alimentar todos os seres humanos deixe morrer, a cada três segundos, uma criança de fome ou subnutrição. É este o outro círculo que é preciso quebrar. E essa quebra faz-se da mesma forma que para o círculo anterior, porque, no fundo, são um só. O que urge, é acabar não só com a noção de lucro, não só com a noção de dinheiro, mas ir muito mais fundo e destruir a própria noção de valor. Só quando todos os bens estiverem ao alcance de todos os homens, só quando a produção e o consumo forem feitos unicamente com base nas necessidades humanas é que, finalmente, se acabarão os crimes económicos. Com ou sem drogas."

Comentários: Duvido muito que "a produção alimentar seja mais do que suficiente para alimentar todos os seres humanos". Mesmo que o seja hoje, se "a cada três segundos, uma criança morre de fome ou subnutrição", com o aumento da população chegamos a um tempo que será impossível alimentar a todos com os actuais recursos. Para melhorar os recursos è necessário investir na ciência. E aqui podem pôr-se questões muito mais profundas de filosofia da sociedade: investir na ciência e no progresso ou alimentar os que morrem de fome? Imagino que para alimentar os que morreram de fome no século passado não existiriam carros, nem televisões nem Internet. Com as vacinas a UNICEF salvou 12 milhões de crianças em dez anos. Mas adiantará muito salvá-las das doenças se depois morrem de fome? Só em Itália e só em poucos dias vi notícias dos gastos enormes para salvar umas vidas: um pai pediu a morte da filha que estava há 8 anos em estado de hibernação inconsciente mantida com custosas máquinas. Muitos se escandalizaram e disseram que a medicina devia salvar cada vida humana a qualquer custo. O pai disse que a própria filha quando estava lúcida tinha visto na tv um caso idêntico ao seu e tinha dito que em semelhante caso preferia morrer. Quantas vidas humanas se salvavam se dessem de comer aos que morrem de fome em vez de gastarem uma fortuna para manterem uma doente inconsciente numa espécie de vida? Duas crianças de pobre família do Peru nasceram unidas. Itália gastou uma fortuna astronómica para as salvar e acabaram por morrer. Mesmo que vivessem, quantas vidas de crianças se salvariam com o que se gastou com duas de poucas hipóteses de sobrevivência?

Um programa televisivo exulta do êxito de centenas de telefonemas para adoptarem um cão que mostraram. Talvez com a globalização da informação passem a mostrar crianças esfomeadas que precisam de pais. Talvez os sistemas judiciais tradicionais deixem de cometer o crime de dificultar as adopções.

Para um futuro global, mesmo os que vivemos com um nível médio teremos de fazer muitos sacrifícios para aumentar o nível de vida dos mais pobres. Convido os estudantes a fazerem o que eu fiz há trinta anos: andem de bicicleta em vez de carro e com o que economizam em combustível e na palestra ajudem os que mais precisam. Façam um donativo à UNICEF para alimentar uma criança. Sobretudo não digam só que os outros devem fazer. Não façam como aqueles colegas que andavam em carros de luxo apregoando comunismo e igualdade dando exemplo de paraísos comunistas como a Albânia. Milhares de menores albanesas são vendidas como escravas sexuais para o Ocidente, segundo um relatório de 2001 da organização humanitária "Save the Children". Em algumas zonas rurais 90% das jovens com mais de 14 anos não vão à escola com medo de serem raptadas,(Cf.: "Corriere della Sera" 2001-09-03, p.2).

Um comentário diz: "é preciso derrubar este sistema e instaurar um verdadeiro sistema socialista, libertário e igualitário... a

isso chamamos a revolução social".

Onde leu essas frases? Eu ouvi-as dezenas de vezes após o 25 de Abril de 1974 quando era moda ser comunista. Fui à Hungria, Jugoslávia e Checoslováquia e encontrei-as muito piores do que Itália, Áustria, Alemanha ou Suíça. Trabalhei na Alemanha comunista e na capitalista e vi as colossais diferenças. Esse discurso era possível antes da globalização da informação quando bastava falar do paraíso da Albânia para deixar os ignorantes embasbacados. Hoje vimos a queda dos sistemas comunistas e estamos aproveitando a experiência dos seus erros e aspectos positivos. Ou pensa que se deve fazer outra revolução como a da Rússia? A esposa de um professor de História da Bulgária disse-me que a Rússia era um país próspero e onde se vivia bem antes da Revolução. Não sei o que seria hoje sem essa revolução. Mas não creio que estivesse pior se tivesse seguido uma evolução capitalista em vez do que se fez: mataram 85 milhões de pessoas dos mais ricos e possuidores de terras para distribuírem por outros. Os que sobreviveram fizeram dos revolucionários heróis nacionais. Falta saber o que seria da ex – URSS se seguisse um caminho idêntico à Europa Ocidental ou USA.

Num comentário ao anterior artigo o Sr. Manuel Baptista comenta:

"Toni escreveu: "A actual organização político-económica promove as diferenças sociais." ..."promove", eu diria antes: fundamenta-se, vive de... "As diferenças sociais, por sua vez, promovem o roubo." ...Se considerarmos que o que se chama normalmente "roubo": porém, podemos chamar roubo a toda a exploração...

além de que, nesta sociedade aquilo que se considera "crime de colarinho branco" fica geralmente impune. Em termos económicos apenas, a fraude fiscal (roubo aos cofres do estado) custa aos cidadãos explorados (que ainda por cima são praticamente os únicos que pagam os impostos) somas astronómicas!"

Com isto estou muito de acordo. Mas coloco as minhas interrogações quando escreve: "A organização mundial está, em todos os sentidos, orientada para o lucro." ...o que é "a organização mundial"? Porque é que não dizemos de maneira mais clara e mais simples que o capitalismo domina o mundo? Temos medo de chamar as coisas pelo nome?!" Conhece algum sistema mais eficiente do que o capitalismo? Duvido do que escreve: "Só assim se compreende que uma produção alimentar mais do que suficiente para alimentar todos os seres humanos deixe morrer, a cada três segundos, uma criança de fome ou subnutrição." Não morreriam mais se não existisse a eficiência do capitalismo? Qual sistema fez mais para "resolver

o problema da fome no mundo"? Ou concorda que fez melhor a Revolução Russa matando 85 milhões dos que não concordavam com a revolução?

"O que urge, é acabar não só com a noção de lucro, não só com a noção de dinheiro, mas ir muito mais fundo e destruir a própria noção de valor" ...Não posso estar de acordo com esta formulação: as "noções" de lucro, de dinheiro, etc.. não são AS CULPADAS!!! É o próprio sistema capitalista mundial que gera o lucro, indissociável da exploração e da miséria de 4/5 da espécie humana. Portanto, para acabar com isso é preciso derrubar este sistema e instaurar um verdadeiro sistema socialista, libertário e igualitário... a isso chamamos a revolução social". Este tipo de discurso è velho quase um século. Mas na prática onde resultou? Convido-o a ler o que escrevi sobre ALBÂNIA: DO PARAÍZO AO INFERNO OU AS MENTIRAS DE CERTOS COMUNISTAS : http://members.xoom.it/jiimm/dfalbania.htm .

 
Escrevi recentemente : Agosto 2001: http://members.xoom.it/jiimm/a2001-08.htm :

1 - EU, FALIDO JORNALISTA, PSEUDO - INTELECTUAL, REACCIONÁRIO, OU PROFETA DE UM MUNDO MELHOR?

2 - HERÓIS ACTUAIS: DOS HACKERS, DELINQUENTES E TERRORISTAS DE ITÁLIA A JESUS CRISTO NO "IMPERIALISMO" AMERICANO

3 - A PENA DE MORTE E OUTROS MORTOS NA SENSIBILIDADE ITALIANA

4 - MORTO DO G8 DE GÉNOVA: DELINQUENTE OU HERÓI?

5 - MANIFESTO PARA UM FUTURO GLOBAL

G8 E GLOBALIZAÇÃO : http://members.xoom.it/jiimm/a2001-07.htm http://members.xoom.it/jiimm/g8.htm .

GLOBALIZAÇÃO E JUSTIÇA: http://members.xoom.it/jiimm/gj.htm .

GLOBALIZAÇÃO E VIOLÊNCIA: http://members.xoom.it/jiimm/gv.htm .

"GLOBAL FORUM", ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MANIFESTAÇÕES ... : http://members.xoom.it/jiimm/0106g.htm .

IDEIAS PARA UM FUTURO "GLOBAL OU UNIVERSAL FORUM": http://members.xoom.it/jiimm/0106i.htm

PREPARATIVOS DO G8 DE GÉNOVA (2001.07.20-22): http://members.xoom.it/jiimm/0106p.htm .

" TERRORISMO, CRIMINALIDADE, G8 E GLOBALIZAÇÃO : http://members.xoom.it/jiimm/0106t.htm

VÍRUS, VOLUNTÁRIOS ANTI CRIMINALIDADE INFORMÁTICA ... NOVOS CRIMES E IDEIAS PARA UMA NOVA JUSTIÇA EM TEMPOS DE INTERNET : http://members.xoom.it/jiimm/vaci.htm .