a2000-07

JUSTIÇA E OPINIÃO PÚBLICA NA GUERRA ENTRE ESTADO E CRIMINALIDADE

Em poucos dias morreram em Itália vários polícias assassinados pela criminalidade, vários empresários que não queria pagar para a mafia e um jovem de 17 anos que recebeu um tiro ao fugir de mota sem capacete perseguido pela polícia que o mandara parar. Este caso foi o que deu mais que falar apresentado como a inocente vítima assassinada pelo mau polícia. Mas só no "L`Espresso" de 03.08.2000, pela pena de Giampaolo Pansa se apresenta uma outra visão do ambiente e condições: o jovem gozava com a polícia que lhe tinha sequestrado outra mota e o pai, provavelmente ligado à camorra, (mafia de Nápoles), proprietário de 4 supermercados sob sequestro judiciário com acusa de ligações à camorra, oferecera-lhe outra mais potente com a qual desafiou o polícia dizendo-lhe: "prende-me agora se podes", ("Prendimi, se puoi!" pare abbia gridato durante l`ultima corsa, a mezzanote …). Foi na sequência deste desafio e perseguição que recebeu o tiro. O polícia defendeu-se que foi um acidente, ao perseguir o fugitivo com a pistola na mão partiu-lhe o tiro sem querer. Mas muitas testemunhas apareceram a dizer que o tinham visto apontar a pistola. Contra a camorra nunca aparecem testemunhas, mesmo em pleno dia em praças cheias de gente. Contra a polícia, a favor de um possível filho da camorra, mesmo à meia-noite, aparecem muitas testemunhas que viram…

Recordo quando disse a um advogado: "em Itália è mais fácil à mafia encontrar uma testemunha falsa a seu favor por 2.000$00 do que a um honesto cidadão encontrar uma testemunha verdadeira contra a mafia nem que lhe pague 200.000$00". Ele corrigiu-me para 2.000.000$00. E acrescentou: "Em Itália toda a gente sabe que testemunhar contra a mafia è quase morte certa. E a vida vale mais de 2.000.000$00".

Várias notícias desta zona de Nápoles mostram como ali manda mais a camorra do que o Estado. A polícia está farta de ser humilhada. Muitas vezes è apedrejada. Os criminosos são frequentemente protegidos pela população, por identificação, (os criminosos são da sua parte e a polícia è a inimiga), por medo ou para fazerem um favor a quem comanda. A camorra tem poder organizativo de influenciar a opinião pública e a Justiça. As televisões deram grande relevo às palavras da mãe a dizer que o polícia seria condenado à pena máxima como o pior dos criminosos. Aposto em como passará mais tempo na prisão do que muitos dos grandes criminosos que matam dezenas de pessoas para roubarem.

Em Itália 90% dos crimes da mafia ficam impunidos. Outros são punidos com penas ridículas como dois a três anos para o assassino do grande jornalista Walter Tobagi porque escrevia contra a mafia.

Como escreve Giampaolo Pansa: "…Il suo gruppo … ragazzotti uguali a lui … hanno reagito alla sua uccisione come avrebbero fatto dei delinquenti di strada. Auto della polizia assalite e distrute. Cassonetti incendiati. Barricate. Il sequestro di un autobus urbano: via i passeggeri, su i compagni del morto che ordinano al conducente di trasportarli tutti al funerale. (…) Striscione … tutti costruiti nello stesso modo. Ben stampati, in rosso e nero. Con chiamatte dirette al questor Izzo, al ministro dell`Interno Bianco, al pubblico ministero ( "Se hai le palle, dimostralo"). Neanche i cortei partitici, oggi, esistono altri poteri capaci di far meglio dei partiti. Non fatemi dire che penso a qualche potere criminale, ossia alla camorra. Che è davvero uno Stato nello Stato. E ha lucidità politica, capacità fulminea d` intervento anche mediatico, prontezza manageriale nell` usare un evento a proprio vantaggio. La teste di quel corteo funebre non testemoniava un dolore, ma una forza. (…) Volete il comento dell` italiano medio perbene? Stava in una folgorante vignetta di Marassi sulla prima pagina del "Matino" di Napoli: "Due finanzieri uccisi in Puglia. Niente proteste, cortei, striscioni. Neanche un sasso contro i gommni degli scafisti".

 DF= "DIÁRIO FILOSÓFICO", (pensamentos, ideias, reflecções).

DL= "DIÁRIO DE LUTA POR JUSTIÇA E POR UM MUNDO MELHOR".

LB= "BÍBLIA DA NOVA JUSTIÇA".

LI = "ITÁLIA E SEUS QUERIDOS CRIMINOSOS".

LJ= "JORNALISMO PARA AMADORES E PROFISSIONAIS".

LZ= "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS". (Livro de ficção inspirado em factos reais da sociedade actual).