ITÁLIA, MARÇO, 2001.

SUMÁRIO:

  1. AS INJUSTIÇAS DA "JUSTIÇA" TRADICIONAL …
  2. JUSTIÇA OU CRIME PREMEDITADO.
  3. MAFIA …
  4. POLÍCIA E PAPELADAS…
  5. GLOBAL FÓRUM.
  6. IDEIAS PARA UM FUTURO "GLOBAL OU UNIVERSAL FÓRUM".
  7. ITÁLIA E SEUS QUERIDOS MONSTROS, INCOMPETENTES E ADVOGADOS.
  8. CARTA ABERTA A SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
  9. ASSUNTO: O "E-MAIL" E O FUTURO DA DEMOCRACIA E JUSTIÇA.

  10. INJUSTIÇAS DA JUSTIÇA ITALIANA: ALBANESES INDEMNIZADOS POR PRISÃO INJUSTA

     

  1. AS INJUSTIÇAS DA "JUSTIÇA" TRADICIONAL E COMO NUMA "NOVA JUSTIÇA" ATÉ UM ANALFABETO PODERIA FAZER MELHOR DO QUE SÁBIOS DOUTORES NAS ESTÚPIDAS E ANTIQUADAS BUROCRACIAS
  2. Ao contrário daqueles ideais tão apregoados de que todos nascemos iguais e a lei è igual para todos, na realidade todos nascemos diferentes em inteligência, capacidades, peso, medidas e oportunidades. Na prática essas diferenças acentuam-se com o crescimento: os filhos de certas famílias podem desenvolver melhor as suas capacidades. As leis no papel podem ser iguais para todos. Na prática são os que menos precisam, os que já nasceram e cresceram com mais vantagens, os que melhor açambarcaram os recursos naturais do Planeta que se podem permitir lutas judiciais que aumentam ainda mais o seu património. Só um senhor muito privilegiado se pode permitir uma luta judicial de 14 anos que termina por conceder-lhe 74 mil contos dos impostos dos contribuintes só porque um cómico, (Herman José), lhe fez uma piada na RTP. Os pobres ou remediados não podem permitir-se de pagar advogados e andar anos a caminho de estúpidas e antiquadas burocracias dos tribunais tradicionais que podiam ser muito boas noutros tempos e continuam a funcionar o melhor possível para alguns casos mas se revelam injustas para outros.

    Na prática, ao longo da História, mais do que fazer justiça, o poder judicial foi um árbitro de poderes e em geral um aliado do poder dominante, inclusive um aliado do poder mafioso como aconteceu no tempo de Andreotti em Itália. Andreotti acabou por ser absolvido com muitas reservas: o professor de História contemporânea e presidente da Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Turim, Nicola Tranfaglia leu as 4.000 páginas da sentença e escreveu o livro "La Sentenza Andreotti", (157 p.) onde analisa o processo, a sentença e as relações entre política, mafia e justiça na Itália contemporânea. Diz que a não condenação judiciária não quer dizer que seja inocente e que não seja condenado pela História. Num artigo perdido no interior de um diário, ("La Stampa" 2001-03-21, p.37, "ANDREOTTI, LA STORIA OLTRE LA SENTENZA" ), anuncia-se este livro para a história com muitas culpas de Andreotti desde as suas amizades e relações com mafiosos à referência mafiosa do seu partido no Sul de Itália. O autor mostra-se escandalizado da "beatificação, exaltação e reabilitação civil e política" após uma sentença tão duvidosa.

    Como intuí da minha observação e me foi depois confirmado pelo maior arrependido da mafia Tommaso Buscetta e na televisão italiana pela juiz árbitro do programa "Forum" Tina Lagostena Bassi, a primeira finalidade da mafia foi fazer justiça em meios onde para os mais pobres recorrer à "Justiça" oficial era impossível ou condenar-se a burocracias para nada. As injustiças da "Justiça" tradicional e as fantochadas dos tradicionais sistemas policiais e judiciais são os principais responsáveis por muitos crimes evitáveis, por muitas catástrofes sociais que se poderiam evitar com uma "NOVA JUSTIÇA".

    As leis tradicionais, em geral feitas pelos privilegiados que nasceram já desiguais e aumentaram a desigualdade, tendem em geral a defender os privilegiados e a manter o seu estatuto de desigualdade.

    Proponho uma "NOVA JUSTIÇA" que reconheça e aceite a realidade das desigualdades, mas as torne mais justas: castigando os menos honestos e defendendo as vítimas, sobretudo as mais pobres e indefesas, precisamente ao contrário do que vejo fazer à dita "Justiça" tradicional.

    As leis devem existir como normas gerais mas condicionadas ao bom senso de justiça aplicado a cada caso concreto. Com as leis tradicionais todos os portugueses pagaram com seus impostos para se formar um advogado que depois de dez anos de carreira reconhece que pode ganhar mais com menos trabalho: vigarizando os outros em vez de trabalhar honestamente. Como è um grande advogado e conhece os buracos das leis tradicionais pode viver do trabalho dos outros. Vive há dez anos com milhares de contos que me levou com vigarices e ameaças em estilo mafioso. Ao recorrer à "Justiça" tradicional gastei tempo e dinheiro para nada: como è um bom advogado e a "Justiça"… mesmo se foi condenado à prisão e ao pagamento de uma parte das vigarices, nem foi para a prisão nem me pagou nada. São casos como este que levam ao aparecimento de mafias. Eu prefiro continuar a pedir aos responsáveis pela justiça que façam outras leis ou … ponham o bom senso de justiça acima das leis, mas façam justiça. Se judicialmente não obtiver justiça pedirei à opinião pública e à História que condene os responsáveis como fantoches de uma fantochada a que chamam "Justiça".

    Muitas leis foram feitas na Idade Média e ficaram esquecidas nos tratados de Direito em estado de letargia indiferentes às mudanças de mentalidade e forma de vida. De vez em quando saltam para os meios de informação algumas leis esquecidas que parecem anedotas para a mentalidade actual. Mas onde a "Justiça" tradicional parece mais anedota è nos métodos que usa traduzindo-se muitas vezes num maior castigo para as vítimas dos criminosos. Parece que desconhecem o telefone, os gravadores, as video-cameras … para não falar da Internet…

    Existe há mais de 15 anos um programa semanal da rede 4 da TV de Itália, "FORUM", cujo êxito se deve em grande parte ao bom senso, liberdade e humanismo dos juizes. Muitas vezes se permitem de criticar as leis e repetem frequentemente: "valendo-me da faculdade de julgar equitativamente disponho que …"

    Talvez porque este "tribunal" seleccionou os juizes entre os melhores de Itália e usa métodos modernos sem as estúpidas burocracias dos tribunais tradicionais, dá-me a impressão que os responsáveis das injustiças e fantochadas dos tribunais tradicionais deviam ver este programa e aprender como è possível fazer melhor justiça com um pouco de bom senso acima das leis. Vejamos dois casos apresentados no dia 2001-03-14:

    Um jovem estudante de medicina a Palermo, empenhado como voluntário numa associação para afastar crianças da cultura mafiosa, viu por acaso um assassínio mafioso. Como sempre acontece nestes casos, mesmo que um assassínio seja feito com muitos tiros numa praça de milhares de pessoas, para a polícias e para os tribinais tradicionais ninguém sentiu nada nem viu nada. A cultura mafiosa do Sul de Itália considera uma infâmia testemunhar contra a mafia e quem se atreva a fazê-lo pode contar com a sua morte e a dos familiares. Uns anos atrás fizeram uma lei para convencer os mafiosos a arrepender-se e a colaborar: em vez da prisão recebiam outra identidade, alojamento, protecção e um salário bastante elevado. A este jovem foi dada a possibilidade de entrar neste programa de acordo com esta lei. Embora tenha sido desaconselhado pela família ele decidiu testemunhar e entrar nesse programa. Foi renegado pela família, perdeu todas as amizades, perdeu a namorada, passou a mudar constantemente de cidade, alojamento e identidade, teve muita dificuldade em continuar os estudos e viu a sua vida arruinada em troca de colaborar com a Justiça. Mas o que mais impressiona neste caso è o facto de ter recebido o mesmo tratamento de qualquer mafioso culpado de dezenas de homicídios. Milhares de mafiosos aproveitaram esta lei para não irem para a prisão, receberem alojamento, ordenado, protecção e continuarem as suas lutas contra outros mafiosos quer continuando a matar, quer denunciando só os inimigos.

    Não poderia testemunhar secretamente sem que a mafia soubesse que ele tinha testemunhado? Com um pouco de bom senso de Justiça não se poderia fazer melhor do que com tantas leis que não têm em conta a cultura e a mentalidade de cada região? Em vez de tantas leis não seria mais justo e eficiente dar normas gerais e liberdade de métodos e meios de investigação apropriados a cada caso concreto e a cada situação particular? Se, quando começaram os grandes sequestros de pessoas, decretassem a expropriação de todos os bens a todos os mafiosos e seus cúmplices e a prisão até que fosse devolvido ás famílias o dinheiro roubado, não teriam evitado centenas de mortes e fortunas que em vez de produzir bem-estar social produziu crimes? Se condenassem os mafiosos a trabalhos forçados entre honestos trabalhadores, (que poderiam ser também uma espécie de guardas jurados e vigilantes que impedissem qualquer contacto com familiares, amigos ou mafiosos), e fossem severamente castigados até que se decidissem colaborar não evitariam piores sacrifícios de honestos e inocentes? Se fossem postos em liberdade só depois de reeducados não tenderia a desaparecer a mafia, grande parte da actual e muita da miséria que provocam ?

    Um outro caso tratado no mesmo programa: uma criança estrangeira perdeu os pais num acidente e foi adoptada por uma família italiana. Mais tarde apaixonou-se da filha do casal adoptivo, querem casar mas a lei não permite, estão para ter um filho mas este não poderá ser reconhecido pelos pais …

    Em geral as leis têm o seu valor relativo e devem ser cumpridas. Mas, como não há regras sem excepções, também não há lei que seja sempre a melhor para cada caso. Os juizes devem estar acima das leis quando o evidente bom senso de justiça o exigir, quando for melhor por razões humanitárias e de bem social.

    Alguns casos poderiam resultar uma comédia se fossem cumpridas as leis como estão escritas. Vejamos este caso apresentado no dia 2001-03-20: Um burro fazia as suas necessidades pela estrada pública frente à casa de um vizinho. Este, para não ter o cheiro da merda frente à porta e porque constituía um precioso estrume, levava-a para os seus campos e enterrava-a. O dono do burro acusava-o de ladrão dizendo que aquela merda era preciosa como ouro para as culturas e pediu uma indemnização de 100.000 liras, (500 Euros). O vizinho dizia que a merda na estrada não tinha a assinatura de quem pertencia e a podia aproveitar para fertilizar os seus campos. Não só se recusava a pagar como pediu o mesmo pela difamação de o ter chamado ladrão. A juiz Tina Lagostena Bassi leu as leis referentes aos objectos encontrados: "…Se sabe quem è o legítimo proprietário de um valor encontrado deve entregar-lho. Se não sabe deve entregá-lo à polícia que o deve guardar durante um ano se não descobrir o dono. Só depois poderá leiloá-lo. Neste caso o senhor … sabia perfeitamente que o material encontrado só poderia ter sido produzido pelo burro do vizinho e devia devolvê-lo ao legítimo proprietário. Condeno-o a pagar-lhe a indemnização pedida".

    Imaginemos que as leis eram "iguais para todos" e nas aldeias rurais alguém se lembrava de apanhar a merda das vacas e ovelhas que passam pelas ruas, a levava à polícia que por sua vez a devia manter por um ano e depois leiloá-la: "Quem dá mais por esta merda?"

    Na realidade as coisas não se passam assim mas muito pior e com piores consequências: um advogado que conhece bem as leis e como pode aproveitá-las em seu benefício pode viver no luxo com o dinheiro do fruto de anos de trabalho dos outros. A "justiça" tradicional funciona só às vezes e quase sempre só a favor dos poderosos: se ao poder da sabedoria das leis se junta o poder mafioso então a dita "Justiça" tradicional mais parece uma injusta fantochada. (Veja-se o caso d` "O GRANDE ADVOGADO E A IMPOTÊNCIA DA JUSTIÇA", http://members.xoom.it/jiimm/lg.htm ).

    Um senhor a que chamarei "VIP DOS VIPS" não me pagou um serviço combinado telefonicamente no valor de 80.000$00. Com a "Justiça" tradicional posso gastar duas ou três vezes mais para ao fim de 5 anos receber muito menos do que o pagamento do trabalho que tive. Com uma "NOVA JUSTIÇA" e com novos métodos até um analfabeto faria melhor em 3 minutos do que sábios doutores nas burocracias dos tradicionais tribunais. (Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/lb3vv.htm ).

     

  3. JUSTIÇA OU CRIME PREMEDITADO

(Para livro de ficção em preparação: "O ZÉ JUSTO NA REPÚBLICA DAS BANANAS".

CONTINUAÇÃO DE : "A CEIA DOS INTELECTUAIS. TEMA DO DIA: OS FANÁTICOS DO MUNDO BOM (2). Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/a2000-09.htm = A HONRA DA MAFIA E A FALTA DE HONRA DA JUSTIÇA.)

A revista "Famiglia Cristiana" começou a fazer uma grande campanha publicitária oferecendo as biografias dos heróis que marcaram a humanidade. Começou precisamente com Napoleão. O "ZÉ JUSTO" não compreendeu como a principal revista cristã de Itália se promovia com o "herói" (?) mais anti-cristão da Humanidade. Semeou o mundo de cadáveres desde Lisboa a Moscovo para roubar, destruir e impor os valores mais anti-cristãos: o mundo è dos mais poderosos, dos mais agressivos, dos que matam milhões de jovens na flor da idade para obterem os seus objectivos. Como pode o Papa pedir paz e justiça quando uma revista cristã exalta os "heróis" de valores tão contrários?

O "ZÉ JUSTO" continuava a acreditar na evolução pacífica em vez das revoluções sanguinárias. Mas em Itália estavam a ter êxito os mafiosos que primeiro colocavam umas bombas que matavam dezenas de inocentes e depois diziam ao Estado: "se não quereis que continuemos dai melhores condições aos nossos companheiros presos, tratamento especial com cura nos melhores hospitais para os boss da mafia, assistência às famílias dos presos, aprovação do chamado "justo processo" …" Não exigiram a liberdade imediata dos boss mafiosos porque isso era impossível e caía mal na opinião pública. Limitaram-se a exigências humanitárias que caiam bem na opinião pública e "direitos dos imputados salvaguardados pela Constituição". Em poucas palavras, o chamado "justo processo" dizia que as provas da polícia não têm valor se não forem confirmadas em tribunal. A mafia tem meios quase infalíveis de persuasão ou eliminação das testemunhas e destruição de provas.

A revista "Panorama" de 11.01.2001 levanta a hipótese de o chefe dos chefes das mafias italianas Toto Riina, fugido há 27 anos à justiça, ter sido entregue pela mafia à "Justiça" em troca de um acordo com benefícios para mafiosos. Em vez de sequestrarem imediatamente todos os documentos que se encontravam no seu esconderijo, a polícia só voltou ao local muitos dias depois quando tudo o que poderia ter interesse contra a mafia já tinha sido removido. Dois meses depois, perante o protesto das famílias das vítimas, Toto Riina passou a poder contactar com os outros presos e com o exterior. Toda a gente sabe que muitos mafiosos continuam a gerir os seus negócios da prisão e a mandar matar quem lhe apetece. È natural que as famílias das vítimas da mafia que o denunciaram e colaboraram para a sua prisão continuem a ter medo das represálias e temam pelas próprias vidas.

È neste contesto que o "ZÉ JUSTO" continua a sua luta com meios pacíficos: cartas que não são lidas, artigos que não são publicados e livros que não encontram editor…

Quando a frustração se acumula gera agressividade. Quando esta atinge níveis insuportáveis pode descarregar-se contra a fonte de frustração, contra inocentes ou contra si próprio. O suicídio e a greve de fome são formas de descarregar agressividade. Não pensava ao suicídio. Temia ser assassinado por algum daqueles que racionando logicamente pensasse que ficava mais económico pagar a um "killer" do que pagar a dívida. Mas fizera um seguro de vida e um testamento para que a sua luta por justiça continuasse depois da sua morte.

Adiara várias vezes a greve de fome com o estandarte: "FAÇAM OUTRAS LEIS OU CAGUEM NAS LEIS MAS FAÇAM JUSTIÇA"...

O seu pacifismo não lhe permitia transgressões nem agressões além das palavras. E contra estas a Justiça tradicional era muitas vezes mais eficiente do que contra os grandes criminosos. Muitas vezes adiara o seu "PROJECTO: JUSTIÇA OU ESCÂNDALO". Não sabia se lhe faltava coragem ou loucura suficiente para o pôr em prática: Mais uma vez abriu o dossier e começou a colocar interrogações, anotações e ideias:

                    A) - Escrever a todas as editoras: "Estou a preparar um grande escândalo: "JUSTIÇA  OU CRIME PREMEDITADO". Começará com a publicação do livro "AS INJUSTIÇAS DA JUSTIÇA TRADICIONAL, AS FANTOCHADAS … E AS BASES DA JUSTIÇA JUSTA". A sua promoção será feita com uma PEREGRINAÇÃO PELA: "JUSTIÇA JUSTA" : Não uma peregrinação a qualquer santuário mas uma peregrinação aos "santuários" da opinião pública, aos jornais televisões e rádios. Com uma greve de fome e recolhendo assinaturas: "OS ABAIXO ASSINADOS PEDEM QUE FAÇAM OUTRAS LEIS OU CAGUEM NAS LEIS MAS FAÇAM JUSTIÇA". O crime premeditado não envolveria mortes e feridos. A sua arma eram as palavras. Estas, mesmo exprimindo verdades, na "Justiça" tradicional, podem ser um "atentado ao bom nome" ao qual até os grandes vigaristas e criminosos têm direito, quanto mais a "Justiça" trdicional.

                        B) - Programa de televisão: "TRIBUNAL DO BOM GOSTO E BOM SENSO" …

C) -  Peregrinação à porta ou local de trabalho dos ladrões, vigaristas e criminosos…

D)- Cartas abertas … Cartas confidenciais … Cartas secretas …

 

3 - MAFIA E ESTADO NO SUL DE ITÁLIA

Do programa "A HISTÓRIA SOMOS NÓS" (LA STORIA SIAMO NÒI), (RAI3, 12.02.01, 9H):

Na Calábria o capital social está na mão dos mafiosos. São eles que gerem as desgraças e as fortunas. Os empresários não podem viver nem fazer negócios sem a mafia. È a mafia que empresta dinheiro e ajuda empresas a funcionar ou as arruína. O Estado fornece ajudas mas são os mafiosos locais que as gerem.

Um filme de 1974 mostrou uma reportagem em que todos se recusam a falar de mafia após seis mortos e oito feridos numa "faida" entre mafiosos. Outro de 1976 contava como numa "faida" entre duas mafias morreram 35 pessoas e ninguém foi condenado.

No dia 2001-03-06 os noticiários italianos falaram de mais um dos habituais escândalos: o Teatro Grego de Sicaracusa estava nas mãos de uma das mafias dando-lhes fortunas à custa dos contribuintes: os que se não deixaram corromper foram ameaçados e expulsos, serviços eram pagos por 500 vezes o preço de mercado, altos funcionários públicos e administradores públicos corrompidos …

No mesmo dia uma reportagem mostrava os carros do lixo de Nápoles escoltados pela polícia, os problemas e custos fabulosos para a remoção do lixo, a alta percentagem que a mafia recebe. Recordo notícias de carros da polícia a escoltar os carros do lixo de Nápoles porque o trabalho tinha sido dado a uma mafia e outra também o queria… Recordo outra notícia que mostrava como ao Sul a limpeza custa o dobro do Norte e ainda outra que dava umas estatísticas de que ao Sul se fazia metade do lixo que se faz ao Norte. Porque razão a limpeza de metade do lixo do Sul custa o dobro do dobro que se produz ao Norte? Porque quando entra mafia e corrupção os serviços podem chegar a custar 500 vezes o preço do mercado como disseram hoje num noticiário a propósito do Teatro de Siracusa .

Uma pequena notícia dizia que a um mafioso foram sequestrados bens no valor de 300 biliões de liras, (30.000.000.000$00). Recordo outra notícia de uma vivenda de 15 biliões de liras, 1.500.000.000$00), de um mafioso que depois de 4 anos do sequestro continuava a ser ocupada pela família e outros bens sequestrados teoricamente pela Justiça mas que na prática continuavam em poder mafioso. Um outro mafioso que foi preso recebia por mês de 5 a 10 biliões de liras obrigando os comerciantes a pagarem um tanto por mês para não verem os negócios incendiados ou serem assassinados. Há regiões em que 90% da actividade empresarial paga para a "protecção" e "justiça" das mafias. Uma senhora queixou-se em televisão porque lhe mataram o filho e disseram que tinha sido acidente. Investigou secretamente, gravou conversas ("ilegalmente" porque não tinham sido autorizadas por um juiz) e provou que o filho tinha sido assinado. O assassino foi condenado a 23 anos de prisão. Mas recorreu e porque as gravações sem autorização de um juiz são ilegais e não podem constituir prova entrou em liberdade dois anos depois. Agora a senhora tem medo por ela e familiares das represálias.

A Gela tem havido uma média de 30 incêndios ao mês, 20 a 30% de mafia e muitos outros de criminalidade difusa. Quantas catástrofes se evitariam com uma justiça mais eficiente e menos criminalidade?

4 - OS TRABALHOS DA POLÍCIA POR UM PAPEL QUE NÃO SERVE NEM PARA LIMPAR O CU E OS 9 MILHÕES DE DENÚNCIAS ARQUIVADAS SEM SEREM ABERTAS

Há cerca de vinte anos, para trabalhar em Itália precisava de um papel que chamavam "permesso di sogiorno" e perdia a validade ao fim de poucos meses. Depois deixou de ser necessário e naturalmente não sei onde pára um papel que perdeu a validade há dezenas de anos. Tendo-me casado em Itália e querendo a residência precisei de novo do "permesso di sogiorno". Não tendo o anterior mesmo sem validade tive de ir á secção de denúncias da polícia e preencher as papeladas da desaparição. Um gentil polícia acompanhou-me a uma secção para pedir uma fotocópia do modelo, ajudou-me a preenchê-lo mas evidentemente não sabia onde tinha sido feito aquele papel uns 20 anos atrás. Telefonou para Milão, soletrou todos as letras do nome, etc., mas não resultava … Acompanhou-me a outro edifício ao 2º andar, ultrapassou uma grande bicha para falar com um senhor e decidiram de fazer como se fosse o primeiro. Voltei ao primeiro guichet onde se formara uma enorme bicha, quando chegou a minha vez voltaram as dificuldades e telefonemas pela anomalia de não ter nem se saber do papel que perdera a validade 20 anos atrás mas finalmente assinei uma "auto-certificação" que substituía mais um documento e dentro de 25 dias terei esse papel que me permitirá ter outro, para outro, para outros…

Enquanto esperava a minha vez da denúncia do papel desaparecidos senti a queixa de uma senhora que tinha sido assaltada e lhe tinham roubado tudo. Pensei se não seria melhor se a polícia se ocupasse de prender ladrões e criminosos em vez de perder o seu tempo e fazê-lo perder aos cidadãos a produzir mais papeis por causa de um papel que perdeu a validade 20 anos atrás.

Recordei a dezena de bicicletas que me roubaram ao longo de vários anos, as burocracias e trabalhos por que passei como prémio de ter feito queixa, tanto trabalho para nada. Sem os meios da polícia, com os meus métodos recuperei cerca de metade das bicicletas que me roubaram. A polícia não recuperou nenhuma e castigou-me severamente com trabalhos, papeladas e estúpidas burocracias.

Recordei a notícia de 9 milhões de denúncias arquivadas sem serem abertas só numa cidade italiana. Recordo o comentário de um conhecedor que dizia que serem abertas ou não interessava pouco pois de qualquer forma não serviria a grande coisa.

Recordei umas 3 horas que perdi e fiz perder a um polícia para uma queixa que deve ter seguido o caminho desses 9 milhões.

Recordei os trabalhos para nada quando denunciei uma rede de vigaristas… (Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/lb1jj.htm = JUIZ COM JUÍZO PRECIZA-SE : DOIS ANOS, SETE ARTIGOS E MUITA BUROCRACIA, INEFICIÊNCIA E ESTUPIDEZ NO SISTEMA POLICIAL E JUDICIAL).

Recordei uma anedota que ouvi numa conferência em Itália. Só se compreende em Itália porque os polícias ("carabinieri") são considerados estúpidos. Como em Portugal existem as anedotas dos alentejanos, na América das louras, em Itália são as dos "carabinieri". Com as minhas adaptações aí vai a respectiva anedota:

Num congresso de "carabinieri" o orador diz: "Consideram-nos estúpidos, analfabetos e ignorantes mas vamos mostrar o contrário: Tu por exemplo vem aqui e mostra o que sabes:

- Quanto faz 20 mais 10?

- 40 – respondeu depois de muito pensar.

Alguém do fundo da sala grita:

Meia sala gritou:

E toda a sala gritou:

Como já escrevi noutra ocasião eu penso que em Itália os "carabibinieri" são não só mal remunerados como trabalham com más condições e estão sujeitos a muitos perigos. Um mafioso assassino de dezenas de pessoas que diga querer colaborar com a Justiça, sem fazer nada e podendo mesmo continuar a matar inimigos com a protecção dos "carabinieri", passa a ganhar mais que um "carabinier". Se fossem melhor remunerados, com mais liberdade, responsabilidade, estímulos e possibilidade de se desenvolverem, não só atrairiam para a profissão pessoas inteligentes como se tornariam mais eficientes e desenvolveriam as suas faculdades. Mas eu penso que è sobretudo nas mais altas estruturas mesmo políticas que falta sobretudo criatividade para adaptar as novas tecnologias às novas mentalidades e exigências da sociedade. Nem sempre sobem na política os mais honestos e competentes. Muitas vezes são os mais corruptos que têm melhores meios de campanha eleitoral e de comprar favores ou oferecer favores aos meios de informação para que se forme uma imagem favorável.

Muitas papeladas e burocracias poderiam ser simplificadas com o uso de computadores, Internet, auto-certificações, e bom senso na aplicação dos meios disponíveis aos objectivos mais importantes.

Um italiano acompanhava a sua namorada estrangeira prestes a dar à luz com o "permesso di sogiorno" que perdia a validade naquele dia. Faltava um certificado médico de que estava grávida. Ele perguntou se não viam que estava grávida e lamentava-se dos dias de trabalho que perdia nas bichas para tantos documentos.

Imaginei que em vez de duas pessoas no fim de uma bicha existiam vários computadores já predispostos para tratar de diversos assuntos. Uma pessoa encaminhava os que tivessem dificuldade para o respectivo computador e tirava-lhe dúvidas. Quando os dados estavam prontos passavam para o computador de um responsável. Com um botão conferiam-se alguns dados, se surgissem dúvidas ou dificuldades faziam-se algumas perguntas e com outro botão saía o documento pretendido. Para casos anómalos o responsável poderia produzir documentos substitutivos por razões humanitárias, lógicas e de bom senso: para a gravidez evidente, para não fazer perder dois dias de trabalho a um pobre em dificuldade, declarava que apresentava aspecto de evidente gravidez.

5 - "GLOBAL FORUM", ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MANIFESTAÇÕES "POPULARES", VIOLÊNCIA, MAFIA, JUSTIÇA E JORNALISMO

Realizou-se a Nápoles o "GLOBAL FORUM" sobre a administração pública e durante uma semana foi tema de primeira página na imprensa italiana a autêntica guerrilha entre manifestantes e polícia com cerca de duzentos feridos, montras partidas, prejuízos incalculáveis, (Cf. imprensa italiana: 2001.03.10-20).

Ao contrário de outras manifestações contra a globalização que me pareceram muito justas e oportunas, esta parece-me um absurdo causado pela falta ou má informação e talvez por manipulação mafiosa. Ao contrário de outras globalizações que contribuem para aumentar as desigualdades entre ricos e pobres, parece-me que a globalização e a Internet ao serviço dos governos e da administração pública pode contribuir para baixar o nível das desigualdades e melhorar a vida dos pobres e ricos.

Vi imagens de violência na televisão, li nos meios de informação muita associação destas manifestações com outras como se metessem no mesmo saco tudo o que è globalização e como se tudo fosse a favor dos ricos e contra os pobres. Não encontrei nos meios de informação nenhuma análise científica e imparcial dos objectivos concretos deste "GLOBAL FORUM", dos seus resultados e das possíveis consequências. Só na Internet encontrei referências ao discurso de Bill Gates que me parece ter dito coisas importantíssimas de como a Internet pode melhorar a forma de governo e a administração pública facilitando a vida aos pobres e ricos. Só na revista "Famiglia Cristiana" de 2001-03-25 li umas linhas sobre o que falaram alguns dos principais intervenientes. Parece-me que a informação depende mais das emoções ou de manipuladores ocultos do que do real interesse da Humanidade: imagens de sangue, de preferência se um polícia bate em pretos, velhos ou crianças para revoltar a opinião pública, podem ter mais interesse jornalístico do que ideias que poderiam revolucionar a Humanidade.

Não li nos meios de informação italiana qualquer referência ao papel da mafia nestas manifestações populares. Mas o facto de Nápoles ser uma cidade de grande controlo mafioso e por analogia com outras manifestações ditas "populares" e manipuladas pela mafia não só não excluo essa possibilidade como acredito na sua participação.

As cidades do Sul de Itália, sobretudo as mais controladas pela mafia, têm menos bens e serviços piores e a preços superiores do que no Norte de Itália porque a economia tem de pagar os seus impostos para a criminalidade. Em algumas regiões, 90% da actividade económica paga para a criminalidade. Os empréstimos bancários são mais caros porque alguém tem de pagar para os assaltos aos bancos. Os seguros dos carros são mais altos porque muitos acidentes são fictícios ou provocados. As cidades das regiões mais mafiosas do Sul de Itália produzem menos lixo mas a limpeza custa mais do que nas cidades do Norte porque até com o lixo a mafia faz fortunas à custa dos mais honestos contribuintes.

È natural que a mafia italiana esteja em primeira linha contra a globalização da administração pública. Numa cidade controlada pela mafia como è Nápoles è muito natural que aquelas manifestações "populares" sejam manipuladas pela mafia.

Uma Justiça eficiente para o Sul de Itália como a de Antonio Di Pietro a Milão poderia revolucionar mais as regiões pobres do que algumas manifestações contra certos progressos.

Imaginemos que os passaportes de todo o mundo eram substituídos por um cartão com a fotografia e contendo dados que só poderiam ser lidos pelas instituições bancárias de todo o mundo, outros dados que só poderiam ser lidos nos hospitais de qualquer parte do mundo, outros dados que só poderiam ser lidos nas entradas dos aeroportos, outros dados que só poderiam ser lidos na entrada dos estádios, outros dados que só poderiam ser controlados pela polícia e outros dados que só poderiam ser controlados por um juiz.

Os mais honestos cidadãos de todo o mundo poderiam ter a vida facilitada com auto-certificações que substituíssem papeladas e burocracias típicas da tradicional função pública. Passariam a ter mais segurança para si e para os seus bens. Pagariam muito menos impostos e receberiam melhores serviços. Pelo contrário, os menos honestos, especialmente os mafiosos e criminosos passaria a ter a vida dificultada com controlos e precauções.

6 - IDEIAS PARA UM FUTURO "GLOBAL OU UNIVERSAL FORUM"

Com a universalização dos meios de informação e dos meios de comunicação parece-me que há muita coisa que deveria ser universalizada e outra não:

Comecemos com a identificação: Em alguns países começa-se com o último nome, depois o primeiro: "my name is Bond, James Bond". Noutros diz-se o primeiro e o último. Noutros diz-se o nome completo. Isto causa muitos problemas quando se passa de uma economia local para uma globalização das relações económicas e sociais. Basta perder-se uma mala num aeroporto, encontrar o nome escrito sem se saber se provém de um país que escreve primeiro o último nome ou o primeiro para inserir nos computadores. O tratamento de dados na Internet pode ser muito dificultado pelo facto de haver diferentes normas conforme as regiões do globo. Por isso proponho que se estabeleça uma norma universal.

O endereço também pode variar de região para região. Parece-me que seria lógico passar do mais individual ao geral: nome, rua, cidade, país.

Uma das coisas mais simples e que mais confusões me provoca è a data: uns escrevem primeiro o dia, depois o mês e por fim o ano, outros começam pelo mês, depois … Em minha opinião seria da máxima conveniência universalizar começando com os dois últimos algarismos do ano, seguido dos números do mês e depois o dia. O tradicional carácter da separação: -.,ou / poderia ser simplesmente suprimido. Em todos os documentos ou informações onde se escreve uma data sem probabilidade de confusão com outro século diferente daquele em que se vive, bastaria um número de 6 algarismos para identificar ano, (só os dois últimos algarismos), mês e dia. O número 010203 significaria em todo o mundo: ano de 2001, mês de Fevereiro e dia 3. Para outros casos a data constataria de 8 algarismos: 20010203 para a mesma data. Esta simples globalização evitaria muitas confusões, permitiria que muitos programas de computadores arquivassem pela ordem cronológica ou procurassem documentos pela data, muitos trabalhos internacionais de investigação na Internet seriam facilitados e bastaria economizar alguns segundos por dia a milhões de pessoas para se traduzir numa economia global apreciável.

Da globalização de normas práticas simples de eficiência universal poderíamos passar a outras normas universais de comportamento convivencial. Embora seja difícil encontrar normas éticas ou morais universais e seja discutível a sua imposição aos outros, aqui deixo algumas sugestões:

JUSTIÇA SEM FRONTEIRAS

Os menos honestos, ladrões, vigaristas, criminosos e seus cúmplices devem indemnizar as vítimas pelos danos causados. Os governos de todos os povos deveriam tender a colaborar para que esta norma se tornasse universal. Os jornalistas, os artistas, os escritores, os filósofos e de um modo geral todos os intelectuais deveriam empenhar-se para a verdadeira justiça não tivesse fronteiras. As leis nacionais deveriam tender a ser coerentes com este princípio universal colocando o bem colectivo acima do individual.

A Internet poderia ser muito mais útil para pobres e ricos se não fosse a criminalidade informática, (Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/vaci.htm ), e a publicidade enganosa, (Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/lp.htm ).

TRIBUNAL ÉTICO INTERNACIONAL

Muitas das questões internacionais, (que, em geram, acabam por se resolver com guerras e terminam em maiores injustiças com a vitória do mais forte), talvez pudessem ser resolvidas com a colaboração de tribunais internacionais.

7 - ITÁLIA E SEUS QUERIDOS MONSTROS, ESTUPIDEZ POLÍTICA E HONESTIDADE DOS FUTUROS ADVOGADOS

Em poucos dias um jovem de 17 anos matou a namorada de 16 porque esta o deixara, um doutor em jurisprudência matou a mãe devido a problemas mentais depois da morte do pai, um jovem de 17 anos e a namorada de 16 mataram barbaramente mãe e irmão de 12 anos, outros dois namorados de 19 e 20 anos tentaram matar a mãe. O caso mais falado tem sido o da jovem que com o namorado matou mãe, irmão e parece que queria também matar o pai. Apareceu um sito onde muitos fans exprimem a sua veneração, amor e simpatia do género: "fizeste bem, és uma heroína, também eu gostaria de fazer o mesmo mas não tenho coragem … amo-te … estou contigo …"

Recordo por analogia que quando um jovem de 18 anos, Piero Maso, matou barbaramente os pais para poder gozar mais depressa a herança, também recebia muitas cartas de pretendentes, formou-se um clube de fans, muitos jovens adoptaram a moda de vestir como ele e no Carnaval era uma das máscaras predilectas de certos jovens.

Num único dia, (2001-03-23, TG5), em poucos minutos, como estrangeiro numa típica família italiana, foi bombardeado por uma série de informações que me parecem um punho no estômago: um jovem de 26 anos que matou barbaramente a mãe com um martelo e facadas foi absolvido e posto em liberdade sem obrigatoriedade de cura mental ao fim de ano e meio de prisão; outro jovem matou a mãe; os namorados que mataram mãe e irmão tanto se acusam mutuamente como procuram passar bilhetes na prisão

Isto faz-me sentir repugnância por certo tipo de gente e não percebo como possa ser possível que recebam tantas mensagens de amor…

Pouco depois num programa cómico sobre notícias, "Striscia la Notizia", a indignação continuou: Num parque estão 700 camiões sequestrados aos traficantes de cigarros: o Estado paga pelo estacionamento uma média de 500$00 por veículos, muitos são novos e poderiam ser vendidos por milhares de contos, outros estão lá há dezenas de anos, valiam fortunas e agora não valem nada; noutro estacionamento estão 250 em idênticas condições. Dias depois mostraram outro parque de estacionamento privado com 5.000 veículos, uns novos no valor de muitos milhares de contos e outros podres que tinham entrado ali novos e estavam há dezenas de anos de anos pagando o Estado 13.000 liras por dia. Uma fortuna incalculável aos danos dos mais honestos contribuintes. Cumprindo as leis aqueles carros deveriam ser leiloados e dariam fortunas ao Estado. Mas por corrupção ou incompetência estão ali a perder valor e a dar despesa contínua.

No mesmo dia o diário "Corriere Della Sera" anunciava o fim judiciário de um escândalo com centenas de aspirantes a advogados nos exames finais em que há evidência de que quase todos copiaram, quase todos tiveram urgência de necessidades fisiológicas … quase todas tiveram dores menstruais … e na sua ausência, deixando o texto do exame na mesa … alguém poderia ter copiado…

È curioso como muitos vão ao Sul fazer exames por serem mais fáceis e poderem copiar melhor: a Milão só passam nos exames 20% e no Sul passam 80%. Curioso como numa profissão em que deveria existir mais honestidade esta è uma rara excepção.

     8 -CARTA ABERTA A SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

ASSUNTO: O "E-MAIL" E O FUTURO DA DEMOCRACIA E JUSTIÇA.

Quando a Justiça não funciona e a indignação atinge limites insuportáveis, alguns pegam numa pistola e fazem justiça por suas próprias mãos. Conheci pessoalmente, (quando participei numa obra de beneficência numa prisão), um homem que nunca tinha cometido nenhum crime mas quando um companheiro lhe apanhou milhares de contos com umas vigarices para as quais judicialmente não tinha hipótese de obter justiça, mandou-lhe esta mensagem: "paga-me o que me roubaste ou mato-te". Matou-o. Não sei se o deva considerar um criminoso ou um herói. Certamente mais herói do que outros que mataram por razões menos justas e são considerados heróis. Certamente menos criminoso do que muitos que nem vão para as prisões.

Dos meios de informação recordo dois reformados que arruinaram os últimos anos de vida para fazerem justiça a quem lhes levou o fruto de uma vida de honesto trabalho. Não aprovo tal forma de justiça mas penso que a pior culpa está na deficiência da Justiça oficial.

Eu fui vítima de várias vigarices e procurei melhorar a "Justiça" tradicional. Escrevi dezenas de cartas e "E-mails" a Presidentes, Ministros da Justiça, Procurador Geral da República … Imaginei que devem receber aos milhares e não fariam outra coisa se tivessem de ler e responder a todas as cartas. Mas sempre esperei que os mais competentes tivessem colaboradores para lerem a correspondência e lhes darem uma ideia dos principais problemas. Penso que uma melhor justiça seria o meio mais fácil e económico de contribuir para um mundo melhor. Por isso continuo a escrever e a pedir justiça. De um "E-mail" que enviei a Sua Excelência o Presidente da República recebi como resposta uma carta dizendo que o assunto transitou para o Ministro da Justiça e aguarda informações solicitadas. Com esta "carta aberta" quero agradecer publicamente, estimular meios racionais e pacíficos de se obter justiça em vez dos criminais, mafiosos e violentos. Penso que a falta de verdadeira justiça por meios legais è a principal responsável da existência das mafias, de muitos crimes e de muita violência que termina em injustiças ainda maiores.

Talvez os "E-mails" acabem por se tornar um meio pacífico de lutar por justiça e dar aos políticos a oportunidade de conhecerem as necessidades e problemas dos cidadãos. Talvez acabem por receber ideias e sugestões para uma melhor democracia.

Com os meus agradecimentos e respeitosos cumprimentos

Pires Portugal

Itália, 2001-03-28

 

9- INJUSTIÇAS DA JUSTIÇA ITALIANA: ALBANESES INDEMNIZADOS POR PRISÃO INJUSTA

Uma pequena notícia no "Corriere della Sera", 2001-03-28, p.18, diz no título: "DUE ALBANESI RISARCITI CON 550 MILLIONI PER 13 MESI DI INJIUSTA DETENZIONE". Uma albanesa acusou dois albaneses de violência e foram 13 meses para a prisão. Depois provou-se que a albanesa mentiu e foram indemnizados com 550 milhões de liras, (225.000 euros), uma fortuna que talvez não ganhariam em toda a vida no seu país.

Uma das coisas que mais me impressiona na Justiça italiana è a facilidade com que honestos inocentes são condenados à prisão e os grandes criminosos a evitam. No mesmo dia foi notícia na televisão: um grande criminoso da mafia, numa licença prémio matou um marechal da polícia e fugiu, um jovem de 26 anos matou a mãe e herdou os bens depois de ano e meio na prisão …

Penso que a principal causa dos erros judiciários em Itália está no excesso de leis e falta de bom senso: numa cultura mafiosa não podem aplicar-se as mesmas leis e métodos de investigação de outras regiões. Polícia e juizes devem colaborar para descobrir a verdade, com mais liberdade e responsabilidade.

Imagino uma "NOVA JUSTIÇA" com uma lei básica e leis condicionais criadas no momento adaptadas a cada caso com grande liberdade dentro de certos limites: quando a albanesa apresentou queixa de violência deviam colocá-la frente a uma video-câmera pronta a filmá-la e dizer-lhe:

"Não estamos na Albânia, nem na Itália de Andreotti e Craxi, nem em qualquer república das bananas com essas "justiças" tradicionais que castigam os mais honestos e inocentes a pagarem para os menos honestos. Está perante um representante de uma NOVA JUSTIÇA onde os culpados, os menos honestos pagam as consequências dos seus actos. Por outras palavras, está aqui uma video-câmera que custou dinheiro, há edifícios, carros, computadores e material muito caro ao serviço da segurança dos cidadãos. Eu devo ser pago pelo meu trabalho, muitas outras pessoas devem ser pagas e trabalham para que haja segurança e verdadeira justiça. Por verdadeira justiça intende-se que os menos honestos devem pagar as consequências dos seus actos. Todos estes meios estão ao serviço da justiça e devem ser pagos pelos menos honestos. Por outras palavras, se mentir poderá passar toda a sua vida a trabalhar para pagar as consequências. Não irá para essas prisões tradicionais a viver dos mais honestos contribuintes que trabalham 16 horas ao dia para pagar com seus impostos o parasitismo dos menos honestos. Se mentir poderá passar o resto da sua vida a trabalhar para pagar as consequências. Se disser a verdade e colaborar para prender criminosos será indemnizada por todos os danos e receberá um prémio por ter contribuído para um mundo melhor e para que outras não sofram o que você sofreu. Nestas condições deve decidir se está disposta a continuar com a queixa ou não".

Nestas condições seria muito provável que a albanesa nem sequer apresentasse queixa, ou desistisse neste momento. Mas se continuasse deveria estar disponível para futuras interrogações e colaborar na descoberta da verdade. Os dois acusados seriam interrogados separadamente salientando que se dissessem a verdade poderiam ser premiados e indemnizados pelo distúrbio, mas se dissessem qualquer mentira pagariam todas consequências, inclusive os trabalhos de investigação, indemnizações, amortização dos materiais, etc. Por outras palavras poderiam passar anos numa "nova prisão" ou centro de trabalho e reeducação.

Enquanto não houver certeza absoluta as condenações, (especialmente dos que nunca foram condenados), devem ser condicionais: só se cumprem se houver confirmação posterior ou se a pessoa cometer outros crimes.

Para mi, esta dita "Justiça" tradicional è o cúmulo da injustiça: os mais honestos contribuintes italianos pagam para alojar os dois albaneses na prisão e para uma fabulosa indemnização por culpa da mentira de uma albanesa. Porque não condenam a albanesa a indemnizar os que acusou mais as despesa que ocasionou aos contribuintes italianos com o processo judicial?

  PIRES PORTUGAL ( piresportugal@hotmail.com )

Para saber mais:

Escrevi no mês anterior: http://members.xoom.it/jiimm/a2001-02.htm = MAFIA E ESTADO NO SUL DE ITÁLIA ... ETC...

AA (ACTUALIDADES) = ÚLTIMOS TEXTOS PELA ORDEM EM QUE FORAM ESCRITOS.

LB= "BÍBLIA DA NOVA JUSTIÇA".

CA= "CARTAS ABERTAS", ( geralmente dirigidas a personalidades ou instituições sem carácter pessoal mas em função do que representam).

DF= "DIÁRIO FILOSÓFICO", (pensamentos, ideias, reflecções).

DL= "DIÁRIO DE LUTA POR JUSTIÇA E POR UM MUNDO MELHOR".

DP= "DIÁRIO PESSOAL", (emoções, sentimentos e reflecções pessoais).

LG= "O GRANDE ADVOGADO E A IMPOTÊNCIA DA JUSTIÇA" (livro de 80 páginas brevemente aqui na Internet).

LI = "ITÁLIA E SEUS QUERIDOS CRIMINOSOS".

LZ= "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS". (Livro de ficção inspirado em factos reais da sociedade actual).

PAVIE= PROJECTO: ASSOCIAÇÃO DE VÍTIMAS DE INJUSTIÇAS, (AVI), ESTATUTOS.

PJE= "PROJECTO JUSTIÇA OU ESCÂNDALO".

PJSF= PROJECTO: JUSTIÇA SEM FRONTEIRAS.

AA= ÍNDICE GERAL.