ITÁLIA, 2001-07

SUMÁRIO: SUMÁRIO: SUMÁRIO: SUMÁRIO:

          1. EU, JORNALISTA FALIDO OU PROFETA DE UM MUNDO MELHOR?

2. JUIZ DA MAFIA ITALIANA CONDENADO

3. O "GRANDE ADVOGADO", JUSTIÇA MAIS JUSTA OU "CRIME" ANUNCIADO E PREMEDITADO

         4. JUSTIÇA E GLOBALIZAÇÃO

           5. G8:

AO CUIDADO DE DIRECTORES DA INFORMAÇÃO E EDITORES

A TERRORISTA "SANTA" E JORNALISTA, O MARGINAL "MÁRTIR" E A "VIOLÊNCIA" DA POLÍCIA NO G8

G8 E GLOBALIZAÇÃO NA IMPRENSA ITALIANA

GLOBALIZAÇÃO, RAIVA E VERGONHA

JORNALISMO, OPINIÃO PÚBLICA E MUNDO MELHOR

 

1. EU, JORNALISTA FALIDO OU PROFETA DE UM MUNDO MELHOR?

Entre 1970 e 1980 penso que fui o único estudante universitário de Lisboa que se deslocava habitualmente de bicicleta. Olhavam-me como se fosse uma espécie de marginal. Eu pensava que poucos usavam a bicicleta por causa dos preconceitos criados pela cultura da sociedade de consumo. De facto a bicicleta não só me parecia o meio de transporte mais rápido e prático para movimentar-me na cidade como permitia aproveitar o tempo para fazer ginástica, importante para a saúde de qualquer pessoa especialmente para jovens estudantes.

Só passados 30 anos se promove a bicicleta nas cidades e parece entrar na moda.

Os 8 presidentes dos países mais ricos e industrializados reúnem-se a Génova e centenas de milhares preparam-se a protestar contra a globalização. Alguns parecem-me estúpidos reaccionários que se consideram progressistas quando lutam contra o progresso. Outros lutam por valores "globais" ou universais que eu muitas vezes escondi para não ser considerado degenerado.

Recordo quando deixei uma escola primária onde chovia por todo o lado e deparei com o luxo da Aula Magna da Universidade de Lisboa. As grandes desigualdades começam dentro do próprio país e dentro do próprio bem comum: escolas e universidades públicas: miséria e luxo.

Em Itália deitam-se abaixo hotéis de luxo e apartamentos de enorme valor porque construídos sem um papel mas deixam-se morrer pobres ao frio: morreram 8 só no último Inverno nas ruas de Roma. No tempo de Andreotti, com Salvo Lima e Ciancimino, (dois mafiosos amigos de Andreotti), a governar no Sul de Itália, para os mafiosos era fácil obterem licença de construção e para outros extremamente difícil. Muitos pobres sem relações mafiosas construíam sem autorização. Alguns começaram a querer "estabelecer a legalidade". Foi necessária a intervenção do exército para desocupar e deitar abaixo 60 casas de pobres que eles próprios construíram. Outras 600 ficaram na lista negra mas mudou a política e parece-me que o bom senso se sobrepõe às leis: serão legalizadas, a electricidade roubada com fios clandestinos passará a ser paga, terão esgotos e estradas mas pagarão impostos.

Milão gasta 3.000.000.000$00 para "limpar" a cidade dos "graffits" e não sei quanto para uma "obra de arte" de uma agulha gigante símbolo da moda. Suponhamos que os "graffits" são mais e melhor arte do que essa agulha? Há psicólogos que consideram os "graffits" educativos e de grande influencia no desenvolvimento da criatividade. Eu penso que a verdadeira arte è aquela que se impõe por si própria na medida que vai ao encontro nas necessidades inconscientes. Na medida em que a cultura, educação e instrução ensina arte talvez esteja a deformar a apreciação espontânea da verdadeira arte. Talvez os "graffits" que hoje são "limpos" como contra-cultura seja amanhã considerados uma arte mais revolucionária e mais útil do que muitas obras dos museus. Talvez a repressão dessa cultura origine agressões como as que ocorreram em muitas manifestações violentas.

Sempre desejei ser colaborador da imprensa em part-time. Enquanto estudava em Lisboa duas colaborações deram capa à "Opção" e "Novo Observador", duas das principais revistas do momento. Muitas vezes tive a impressão de que as minhas ideias eram impopulares no momento mas tornaram-se populares depois. O caso mais recente foi o de Silvia Baraldine em que me pareceu assistir a uma loucura colectiva da opinião pública, do jornalismo e da política. Mas "o coração tem razões que a própria razão desconhece". Os órgãos de informação continuarão a dar o que as pessoas querem sob pena de falirem. Recordo aquele dito: "depois que li no R.D. que o tabaco faz mal à saúde deixei de ler o R.D." Recordo que o manifesto nazista a favor da guerra que destruiu a Europa teve milhões de assinaturas e o manifesto de Einstein que se lhe opunha só teve duas. Nem sempre as maiorias têm razão, nem sempre as pessoas querem o que è melhor para elas, nem sempre os heróis encarnam os melhores valores, nem sempre os órgãos de informação divulgam o que interessa. Mas muitas vezes a História acaba por fazer justiça.

Hoje em Itália parece que quase todo o mundo è contra a globalização: fala-se em 150.000 que se manifestarão a Génova. Eu dou razão a alguns em muitos aspectos mas em geral sou mais favorável à globalização do que contra.

Gostaria de representar um órgão de informação ao próximo "G8". Gostaria de ganhar ao menos para as despesas. Nos últimos 20 anos escrevi muitos milhares de páginas e não recebi um tostão. Eu  que estudei jornalismo e Ciências Humanas até aos 26 anos só gasto com o que escrevo e não ganho nada. Silvia Baraldine que ficou famosa por participar de um grupo terrorista que matou 3 inoceentes tem agora um página fixa numa publicação. Ser famoso tornou-se  mais importante do que a competência para o jornalismo, para a política e para muitos tachos. Sinto-me um jornalista falido mas tenho esperança que os meus escritos ainda serão descobertos e contribuirão para um mundo melhor.
Itália, 2001-07-10.

(P.S. Continuação destas ideias em : AGOSTO, 2001:  EU, FALIDO JORNALISTA, PSEUDO-INTELECTUAL, REACCIONÁRIO, OU PROFETA DE UM MUNDO MELHOR? )

2. JUIZ DA MAFIA ITALIANA CONDENADO

Conrado Carnevale, o mais tristemente famoso juiz italiano que no tempo de Andreotti fez a mais prodigiosa subida a Presidente do Supremo donde libertava os mafiosos condenados à prisão perpétua em primeiro e segundo grau, foi agora condenado a 6 anos de prisão em apelo por colaboração externa em associação mafiosa.

È lógico que recorra ao Supremo onde será julgado pelos seus colegas. Quer seja condenado quer seja absolvido será certamente condenada a justiça tradicional da "PÁTRIA DO DIREITO":

Se for condenado será condenada a justiça tradicional de um período histórico de poder político e judicial mafioso. Mas será um sinal de mudança e de condenação do passado.

Se for absolvido será condenado um sistema político e judicial que coloca no poder os amigos da mafia e permite a carreira de juizes com tão pouco bom senso de justiça que dão liberdade a criminosos por falta um selo fiscal num documento.

NOTA: PODE DAR A SUA OPINIÃO SOBRE ALGUMAS DAS MINHAS IDEIAS NO FORUM DO TROMBONE: www.geocities.com/sssantiagooo/index.html (Página de intervenção democrática a favor da ética política: "PELA JUSTIÇA, ...)

3. O "GRANDE ADVOGADO", JUSTIÇA MAIS JUSTA OU "CRIME" ANUNCIADO E PREMEDITADO

Um advogado, ("GRANDE ADVOGADO"- como ele se considera), está há mais de dez anos a gozar milhões de escudos que me levou com vigarices e ameaças em estilo mafioso numa Itália governada por Andreotti quando os processos de mafia acabavam quase todos por ser absolvidos pelo juiz Carnevale, agora condenado a 6 anos de prisão por associação mafiosa.

Naquele tempo 3 das pessoas mais amigas, uma de Paris, outra da Checoslováquia e outra do Canadá aconselharam-me a recorrer à mafia em vez de recorrer à "Justiça". Dois juizes e vários advogados disseram-me que eu nunca conseguiria aquele dinheiro e era melhor esquecer o caso.

Tentei esquecê-lo mas pareceu-me que era como recalcar uma bomba prestes a explodir sob a forma de depressão ou agressividade. Eu que sempre me considerei uma das pessoas mais pacifistas do mundo e mais anti-violência senti-me invadir por fantasias de violência. Como descobriu Freud, os sentimentos recalcados manifestam-se com mais força por actos falidos ou comportamentos irracionais.

Tentei sublimar e escrevi um livro: "O GRANDE ADVOGADO E A IMPOTÊNCIA DA JUSTIÇA". Ainda não foi publicado mas continuo a escrever na esperança de revolucionar este sistema tradicional de se fazer justiça que permite tantas injustiças. Se judicialmente não obtiver verdadeira justiça direi o que penso da "Justiça" tradicional e de certas pessoas. Para a "Justiça" tradicional isso poderá ser considerado um "crime" contra o bom nome da "Justiça" e de certos ladrões, vigaristas e criminosos.

Se judicialmente obtiver verdadeira justiça tenciono criar uma ASSOCIAÇÃO DE VÍTIMAS DE INJUSTIÇAS e promover uma NOVA JUSTIÇA que defenda os que mais precisam.

Há mais de um mês que o tema principal da opinião pública italiana anda à volta da violência que se espera nas manifestações contra a globalização e das medidas de segurança. Eu penso que muitas violências começam quando se esgotam outras formas racionais de lutar por justiça e muitos crimes se evitariam com uma melhor justiça.

         4. JUSTIÇA E GLOBALIZAÇÃO

Uma senhora que se sentia sozinha numa grande casa com muito que fazer meteu este anúncio: "OFEREÇO ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO EM TROCA DE COMPANHIA E AJUDA NOS TRABALHOS DOMÉSTICOS". Uma jovem artista de um pequeno grupo musical que só trabalhava aos fins de semana apresentou-se e aceitou as condições.

O acordo verbal funcionou bem durante dois anos com vantagens para ambas as partes: a senhora não estava sozinha e a jovem não tinha despesas em troca de trabalhos domésticos.

Ao fim de dois anos apaixonou-se pelo sobrinho e antes de sair de casa pediu o pagamento do ordenado completo dos dois anos com os respectivos impostos, segurança social, férias, compensação de fim de contrato e tudo o que as leis italianas ordenam como se tivesse feito um contrato de empregada doméstica.

O juiz de "FORUM", (tv4 de Itália), deu-lhe razão enunciando uma das centenas de milhares de leis que a maioria dos cidadãos não conhece. A senhora deitou as mãos à cabeça indignada: "NÃO FOI ISSO QUE COMBINÁMOS. SE QUERIA UM CONTRATO DE DOMÉSTICA NEM DEVIA RESPONDER AO ANÚNCIO. SE SABIA QUE DEVIA PAGAR NÃO A ACEITAVA. ROUBOU-ME O SOBRINHO E AINDA LHE DEVO PAGAR…"

Este caso ilustra um problema fundamental da justiça tradicional: há milhões de leis que ninguém conhece. Num acordo internacional violava-se uma das 27.000 leis que nem o Ministro da Justiça italiana nem o Presidente Europeu Romano Prodi conheciam. Na prática só os melhores advogados descobrem certas leis ou normas constitucionais e só os melhores têm mais capacidade de persuasão dos juizes. Como os melhores advogados são muito caros em geral a "Justiça" tradicional funciona a favor dos mais ricos ou mais fortes.

Com a União Europeia e a globalização da política as coisas complicam-se com os tratados internacionais. Os usos e costumes de certas regiões podem ser aproveitados por grandes vigaristas especialistas no aproveitamento ou deformação do espírito das leis.

As leis têm a sua razão de ser mas a sua aplicação deve atender ao bom senso de justiça aplicado a cada caso concreto. Por um lado deve surgir uma legislação simples geral e global ou universal aceite primeiro pelos povos mais civilizados e que tenda a alargar-se a todo o Globo. Por outro lado deve haver respeito pelas culturas regionais e pelos acordos ou contratos individuais para aquilo que só diz respeito aos implicados. Por outras palavras, se duas pessoas estabelecem um acordo, os compromissos assumidos devem sobrepor-se a qualquer legislação do trabalho que não faça parte do conhecimento comum e dos usos e costumes locais.

Tomando as leis à risca quase não se faz nada que não viole alguma lei. Quando há muito dinheiro em jogo recorre-se à "Justiça" tradicional que geralmente acaba por dar razão ao mais forte, ao que tem mais dinheiro para os melhores advogados e para os meios de fazer pezar a balança da "Justiça" para o seu lado.

Foi este sistema judicial da "Pátria do Direito" que esteve na origem da mafia: na Sicília, com uma cultura muito diferente da Itália que fez as leis, a mafia tornou-se como um estado dentro do estado com a principal função de administrar uma justiça que para a sua cultura era mais justa e eficiente do que a oficial vinda de Roma.

Penso que muitos movimentos separatistas recorrem à violência porque as leis centrais não correspondem nem respeitem a sua cultura.

Eu penso que a globalização è um fenómeno ou um facto actual em contínua e rápida evolução e o grande problema da Justiça tradicional è o de ser uma estúpida e monstruosa máquina burocrática que não se adapta às mudanças sociais. Devem criar-se poucas e simples leis ou mandamentos ou normas globais ou universais sobre o que pode ter implicações universais. Mas deve deixar-se a cada cultura, a cada região, a cada família, a duas pessoas a possibilidade de fazerem um acordo que não tem implicações com outros. Parece-me evidente que duas pessoas devem poder estabelecer o acordo que quiserem se isso não tem implicações com outras pessoas. A Justiça deveria intervir como garante de honestidade e de cumprimento do acordo feito.

No caso concreto anteriormente relatado a Justiça deveria intervir se uma das partes faltasse ao acordo originando um dano à outra parte. Imaginemos que a jovem artista ficava dez ou vinte anos em casa da senhora enquanto ela podia trabalhar e tinha saúde. Por fim exigia o pagamento atrasado, a senhora tinha de vender tudo para lhe pagar e ficava nos últimos anos de vida sem nada nem meios de pagar a quem a ajudasse.

A Justiça deve respeitar os acordos e as culturas familiares, regionais ou nacionais enquanto têm relações entre si que não afectam o Globo ou estranhos a essas culturas. Mas quando as relações se tornam universais devem existir normas universais. Essas normas universais devem começar pelos princípios éticos mais universais que se devem sobrepor às leis ou comportamentos admitidos regionalmente ou dentro de certas culturas.

Como primeira norma universal proponho uma que se pode resumir a três palavras: O CULPADO PAGA AS CONSEQUÊNCIAS. Explicitando melhor: OS MENOS HONESTOS, LADRÕES, VIGARISTAS E CRIMINOSOS E OS SEUS CÚMPLICES DEVEM INDEMNIZAR AS VÍTIMAS E A SOCIEDADE PELAS CONSEQUÊNCIAS DOS SEUS ACTOS.

Uma Justiça eficiente que aplicasse esta norma a nível global ou ao menos nos países mais civilizados daria um contributo infinito para um mundo melhor. Imaginemos que o primeiro a lançar vírus era condenado a pagar as consequências: obrigado a trabalhar 14 horas por dia até indemnizar as vítimas. Os meios de informação davam a notícia e servia de exemplo para outros. Os vigaristas com cartas de crédito e com Internet sujeitavam-se a passar toda a vida em prisões a trabalhar para indemnizar as vítimas. Os vírus e os vigaristas tenderiam a desaparecer.

Se uma tal Justiça fosse acompanhada de uma cultura e uma moral universal orientada para uma menor desigualdade e para a ajuda dos pobres, se o excesso dos ricos servisse a melhorar a situação dos pobres, caminharíamos a passos largos para um mundo melhor.

Recordo o que escrevi sobre JUSTIÇA SEM FRONTEIRAS, (http://members.xoom.it/jiimm/a20001-03.htm ):

Os menos honestos, ladrões, vigaristas, criminosos e seus cúmplices devem indemnizar as vítimas pelos danos causados. Os governos de

todos os povos deveriam tender a colaborar para que esta norma se tornasse universal. Os jornalistas, os artistas, os escritores, os filósofos e

de um modo geral todos os intelectuais deveriam empenhar-se para a verdadeira justiça não tivesse fronteiras. As leis nacionais deveriam

tender a ser coerentes com este princípio universal colocando o bem colectivo acima do individual.

A Internet poderia ser muito mais útil para pobres e ricos se não fosse a criminalidade informática, (Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/vaci.htm ),

e a publicidade enganosa, (Cf.: http://members.xoom.it/jiimm/lp.htm ).

(…)

Muitas das questões internacionais, (que, em geral, acabam por se resolver com guerras e terminam em maiores injustiças com a vitória do mais

forte), talvez pudessem ser resolvidas com a colaboração de tribunais internacionais.

AO CUIDADO DE DIRECTORES DA INFORMAÇÃO E EDITORES

Pelo interesse que sempre tive pelos temas do G8 de Génova, pela formação que tive em "Ciências Humanas e Sociais", (licenciatura na Universidade Nova de Lisboa) e pelos importantes e controversos comportamentos que está a despertar, teria muito gosto em desenvolver para qualquer meio de informação, publicação ou editora o fenómeno da globalização.

TEMAS EM ESTUDO:

G8 e GLOBALIZAÇÃO ( http://members.xoom.it/jiimm/g8.htm ): O MORTO, OS VÂNDALOS, OS PRESIDENTES, A TERRORISTA JORNALISTA, O "MINISTRO DA TERRORISTA" … REVOLUÇÃO OU SEGUNDA LOUCURA COLECTIVA NA PÁTRIA BERÇO DO DIREITO E DA MAFIA? 

Itália, 2001-07-22.

Dois meses antes do vértice G8 de Génova as vozes da protesta começaram a ocupar as primeiras páginas dos jornais. As vozes de Ciampi e Berlusconi apelando ao diálogo e chamando à atenção que os objectivos dos presidentes no G8 eram os mesmos dos manifestantes foram ofuscadas pelo espectáculo da violência. Em dois meses em Itália não recordo uma voz a favor da globalização. Devo ser o único que escreveu a favor da globalização mas ninguém publicou. Todos parecem de acordo contra a globalização.

No dia 2001-07-20 as televisões italianas transmitiram em continuidade as imagens de vandalismo: dezenas de carros e negócios incendiados, pedradas contra a polícia … e por fim um morto sem nome começa a ocupar os meios de informação. Os presidentes do G8 só apareceram na televisão para lamentar o morto.

No dia 2001-07-21 todos os jornais deram o título de primeira página ao morto. Morreu uma criança numa luta de mafia noutra região de Itália mas esta não ocupa as primeiras páginas. Todos os dias morrem inocentes vítimas da mafia e criminalidade que não dão a volta ao mundo, nem dão notícia. O marginal que morreu quando tentou atirar um extintor contra a polícia será elevado a herói. Imagino que todos os que encontraram os carros e negócios queimados consideram o polícia um herói. Mas para a maioria dos italianos hoje è considerado um criminoso e amanhã …

O TG2, (RAI2, 9h.45), mostrou o ex-ministro da Justiça Diliberto, (chamado "ministro da terrorista" porque a sua principal obra foi o regresso triunfal da terrorista Silvia Baraldine ) a pedir que suspendessem o vértice por causa do morto.

O morto tomou nome e idade: Carlo, 23 anos. Correram vozes de que era um pedinte e marginal. O pai disse que não era marginal, que fazia trabalhos em negro como tantos outros jovens, mas que não queria dizer que fosse marginal. Particularmente chegaram-me vozes de quem disse que tinha dito X que o conhecia desde estudante como criminal. Nas televisões apareceram as vozes do melhor amigo e do pai. (sindicalista), a dizer que era tudo mentira, que tinha sido preso por droga mas resultara inocente, que era muito boa pessoa, que nunca fizera mal a ninguém…

Como è que uma pessoa que nunca fez mal a ninguém aparece de um momento ao outro a atirar com um extintor à polícia?

Os 8 representantes dos países mais ricos que representam ¾ da produção do Globo reuniram-se para ajudar os mais pobres e decidirem formas de desenvolvimento e luta à pobreza e doença de que pode resultar a salvação para milhões de pessoas. Mas para o mundo "civilizado" uma morte de um marginal quando tenta agredir a polícia faz mais notícia do que milhões de mortes. Uma revista italiana fala de 2 milhões de mortos nos últimos anos no Sudão.

Se estes 8 representantes dos ricos não se reunissem não seria pior para os pobres? As suas decisões serão influenciadas para bem ou para mal com estas manifestações?

Recordo quando Mário Soares foi assinar a "descolonização exemplar" pressionado pelos slogans das manifestações populares: "Regresso imediato dos soldados". Com eles regressaram muitos retornados que deixaram familiares enterrados e tudo o que tinham. Depois foram os soldados cubanos, russos e da Alemanha comunista a saquejar o que o que os portugueses deixaram. Não seria melhor uma descolonização progressiva como fez a França e Inglaterra em vez da "revolucionária" com a pressão das multidões?

Uma moçambicana não queria acreditar no que via nas vésperas do G8 a Génova: não compreendia que Génova se protegesse da violência e vandalismo com barreiras e tanto aparato policial. Depois os genovezes queixaram-se de não terem sido protegidos: viam os vândalos deitar fogo aos seus carros e destruir os seus negócios sem poderem fazer nada. Vi as imagens de vandalismo na televisão ao lado de uma senhora de Génova que deitava as mãos à cabeça exclamando: "O que estão a fazer à minha querida Génova!".

Gastou-se uma fortuna, outra se gastará durante anos para reparar os danos de dois dias. Os mais honestos contribuintes de Itália pagarão uma parte dos danos. Quantas vidas humanas se salvariam se aquilo que se gastou com a violência e vandalismo fosse alimentar os que morrem de fome?

Num anterioro encontro dos G8 sobre a luta internacional contra a criminalidade parece que a principal preocupação dos delegados italianos era aproveitarem o encontro para negociarem com os americanos a revisão do acordo e darem a liberdade a Silvia Baraldine. Os americanos devem ter pensado: "morrem todos os dias milhares de vítimas inocentes que poderiam ser salvas com uma política e justiça mais eficiente. Não se sentem ridículos de se preocuparem mais com uma terrorista cúmplice da morte de inocentes do que em salvarem milhares de inocentes?" Não lhes chegou o ridículo de se empenharem tanto com a transferência para 3 meses depois ela dizer que estava melhor na América? Não lhes parece uma ofensa às vitimas?"

Um jornal trazia a foto de Silvia Baraldine anunciando que terá uma secção numa publicação. Uma terrorista condenada na América a 43 anos de prisão por fazer parte de um grupo que num assalto a um porta-valores matou 3 pessoas tornou-se uma heroína em Itália e passa a ser jornalista. Até dois prémios Nobel, José Saramago e Dario Fo, assinaram uma petição ao Presidente Italiano Ciampi para conceder-lhe a amnistia. Foi para casa com um tácito silêncio da imprensa italiana porque naqueles dias a opinião pública estava muito sensibilizada por bombas e ataques terrorísticos. Fazem dos terroristas heróis e jornalistas e depois querem que não haja terrorismo e actos de vandalismo?

A RAI deu continuamente a palavra ao "ministro da terrorista" e ao seu sucessor ex-ministro da Justiça Piero Fassino que apelaram à manifestação contra o G8. Os mais honestos contribuintes são os principais a pagar. E isso poderá chamar-se o que quiserem mas não "justiça". Os dois ex-ministros da Justiça são dos principais responsáveis.

 

REVOLUCIONÁRIOS OU REACCIONÁRIOS?

Os que protestam contra a globalização são revolucionários ou reaccionários?

Em Itália o maior mito ou herói dos que contestam o G8 de Génova è Che Guevara. Mas foi um herói ou um estúpido falido que morreu, matou e causou a morte de inocentes por uma causa falida como mostrou a História?

Piero Fassino, ex-ministro da Justiça, número 2 do centro esquerda de Itália, e com ele vários dos principais políticos do governo de esquerda que preparou o G8, aparecem na televisão italiana a apoiar a contestação. Contestam o que eles próprios prepararam?

Todos dizem estar contra o terrorismo. Mas a esquerda italiana fez da terrorista Silvia Baraldine uma heroína e gastou com ela uma fortuna. Nenhuma das vítimas do terrorismo teve indemnização que se aproximasse do que o Estada ou o povo italiano gastou para o regresso triunfal da sua querida terrorista. O ex-ministro da Justiça ficou conhecido como ministro da terrorista pois ele próprio afirmou o grande empenho do seu ministério pela terrorista que depois de 3 meses numa prisão italiana disse que estava melhor na América.

A esquerda italiana, muitas vezes associada ao terrorismo, sempre na primeira linha contra o "imperialismo americano" não será uma "reaccionária" ao progresso industrial italiano que muito colabora com América? A História não está provando que as relações com America deram melhores resultados do que com a ex-URSS? Quem como eu viveu nas duas Alemanhas, (capitalista e comunista), antes da separação pode comparar as diferenças.

 

GLOBAIS ANTI-GLOBALIZAÇÃO

Nove de cada dez jovens anti-globalização usa Internet e escuta música descarregada da Internet sem pagar nada para os autores. Uma grande parte calça e veste produtos de "marca" mesmo que falsificada.

TODOS DE ACORDO E TODOS CONTRA

Todos estão de acordo no essencial do encontro G8: combater a pobreza no mundo, defender a saúde e o meio ambiente, resolver os conflitos internacionais e evitar as guerras.

Mas parece que quase todo o mundo contesta que se reunam os representantes dos 7 países mais industrializados e Rússia para discutir esses problemas.

A questão fundamental está na confiança ou não nos representantes eleitos "democraticamente", na sua legitimidade e nas suas intenções.

Se os representantes dos mais ricos se reúnem para ajudar os mais pobres deveriam receber um banho de gente a aplaudi-los semelhante às visitas do papa. Mas parece precisamente o contrário: peregrinos de todo o mundo dirigem-se a Génova para protestar. São falidos que invejam os ricos e os seus representantes? Um jornalismo mais científico do que sensacionalista deve procurar resposta a estas questões:

  1. As "democracias" funcionam? Os eleitos são os melhores representantes das maiorias? Ou representam multinacionais que compram e corrompem os meios de informação para enganarem os eleitores?
  2. Os ricos procuram ajudar os pobres ou vender-lhe armas e medicamentos? Será verdade que 94% das ajudas aos pobres ficam nos países ricos ou vão para os ricos dos países pobres? Na República da Moldávia, um dos mais miseráveis países da ex-URSS, "A FILHA DO EX-MINISTRO DA SAÚDE PARASCA ABRIU 20 FARMÁCIAS PRIVADAS ONDE VENDE NORMALMENTE MEDICAMENTOS DAS AJUDAS HUMANITÁRIAS INTERNACIONAIS…" – Alberto Bobbio in "RITORNO AL MEDIOEVO" (REGRESSO À IDADE MÉDIA), em "Famiglia Cristiana" 2001-06-10, p.64. O "Al Capone" lá do sítio tem a tomba mais luxuosa do país, no oposto da simplicidade da de Craxi na Tunísia. Quanto dinheiro das ajudas humanitárias de Itália e da Europa não terá ido para a riqueza da filha do ex-ministro da Saúde e para a tomba do "Al Capone"?
  3. O Presidente do Senegal disse que o seu País e toda a África não estão contra as multinacionais. Ao contrário, serão bem-vindas. Uma das principais multinacionais italianas, gasta uma exorbitância, (60% se não me engano), em publicidade para persuadir um consumo que muitas vezes faz mal: muitos italianos sofrem de obesidade e segundo alguns médicos o principal responsável está nas "merendas" entre refeições, (que são típicas daquela multinacional). Um alimento que poderia salvar a vida aos esfomeados contribui para a morte prematura de muitos que comem demasiado. Porque não se investe em África e nos países pobres? Porque razão as ajudas humanitárias para África terminam muitas vezes em armamentos e contribuem para aumentar a miséria?

Penso que a melhor ajuda que se pode dar aos países pobres não está na luta contra a globalização mas sim na globalização dos bens, do progresso, da educação, da cultura e dos melhores sistemas políticos no que têm de melhor, respeitando cada cultura no que têm de genuíno e inofensivo a nível global.

2001-07-25:

Várias vezes pensei que 3 dias depois do G8 de Génova começaria a contestação em sentido inverso, à semelhança do que sucedeu com Silvia Baraldine. De facto só agora vi pela primeira vez um jovem a contestar a violência de Génova num programa de jovens. Já tinha visto muitas pessoas idosas, sobretudo de Génova que ficaram sem os carros e negócios.

Nas ruínas de Génova apareceu escrito em inglês: "VÓS FAZEIS PROJECTOS, NÓS FAZEMOS A HISTÓRIA". Senti uma dúvida de terror: e se tivessem razão? De facto não foram os historiadores que fizeram a História embora muitos escritores a ajudaram a construir. Recordo o livro de Espínola: "Portugal e o Futuro" que tiveram grande influencia na revolução portuguesa de 25 de Abril de 1974. Alguns dos movimentos contestatários inspiram-se em livros.

Os livros de "História" em que estudei estavam cheios de guerras. Recordo que quando via as espadas dos guerreiros não queria acreditar que alguém fosse capaz de a espetar noutra pessoa. Parecia-me uma coisa demasiado horrível para ser feita por um ser humano. Mas talvez naquela altura me divertisse a atirar pedras e sentir os vidros a partir-se.

A visita a Hiroschima fez-me pensar muito: morreram mais de 100.000 pessoas em poucos minutos. Mas aquelas duas bombas fizeram história: puseram fim a uma guerra e talvez o medo tenha evitado muitas outras guerras.

Agora os potentes reúnem-se para dialogar e evitar guerras enquanto uma multidão faz guerra. Foi notícia em todo o mundo. Estranhei que em Portugal tenha despertado pouco interesse. Estranhei que ontem a Visão na Internet colocasse o vulcão da Sicília em primeira página e não falasse do G8. Enviei centenas de e-mails com as minhas ideias mas não tive reacção. Não sei se ninguém concorda com o que eu digo ou se o assunto não interessa enquanto não aumentarem os mortos e feridos. Será necessário continuar a fazer guerras para fazer a História?

Eu continuarei a escrever esperando uma revolução pacífica, ou uma evolução em vez de revolução.

2001-07-26:

A TERRORISTA "SANTA" E JORNALISTA, O MARGINAL "MÁRTIR" E A "VIOLÊNCIA" DA POLÍCIA NO G8

O morto no G8, (cf.: http://members.xoom.it/jiimm/g8.htm ), continua nas primeiras páginas: por toda Itália, a Paris e em várias partes do Globo fizeram-se manifestações contra a violência da polícia. Entretanto morreu uma criança nas guerras de mafia e um vendedor num quiosque foi assassinado para lhe roubarem a caixa. Estes não fazem notícia. O marginal que morreu com o disparo do polícia ao qual estava atirando um extintor tornou-se uma espécie de santo mártir. Não compreendo como pode haver manifestações contra a violência da polícia por causa desta morte. Imaginem um jovem polícia de 20 anos ferido e ameaçado por uma multidão enfurecida que o agredia com tábuas e lhe estava atirando um extintor. Quem não se defenderia com a pistola?

Entretanto aparece num jornal a fotografia da famosa terrorista Silvia Baraldini, (cf.: http://members.xoom.it/jiimm/aaast.htm ), anunciando que passará a ter uma página na publicação mensal: "Max" onde conta as emoções depois de 18 anos de prisão dos 43 a que fora condenada.

As vítimas do terrorismo e dos danos da violência no G8 não estarão muito contentes com estas beatificações de terroristas e marginais.

 

G8 E GLOBALIZAÇÃO NA IMPRENSA ITALIANA

Os meios de informação italianos deram grande importância ao espectáculo da contestação da globalização, pouco às ideias dos 8 representantes e quase nenhuma aos aspectos positivos da globalização.

Se exceptuar qualquer frase de Berlusconi a admitir que a globalização é um facto inelutável e o Papa a dizer que é necessário globalizar a solidariedade, não recordo ter ouvido ou lido qualquer defesa da globalização. Nos últimos meses em Itália parecia que todos estavam de acordo em manifestar-se a Génova contra a globalização. Só diferiam se lutar mais ou menos violentamente.

Senti-me como um estranho que pensa diferente da maioria ou da quase totalidade do meio em que vivo: A GLOBALIZAÇÃO, "MUNDIALIZAÇÃO" OU "UNIVERSALIZAÇÃO" SÃO UMA EVOLUÇÃO MAIS POSITIVA DO QUE NEGATIVA. SÃO CONSEQUÊNCIA LÓGICA DA EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO. A VIOLENTA E ESTÚPIDA CONTESTAÇÃO RADICAL DA GLOBALIZAÇÃO DEVE DAR ORIGEM A UM INTELIGENTE GOVERNO DA SUA EVOLUÇÃO.

GLOBALIZAÇÃO, RAIVA E VERGONHA

CARTA ABERTA AO SR. António Cunha E AOS REVOLUCIONÁRIOS OU REACCIONÁRIOS DA GLOBALIZAÇÃO

(Ideias inspiradas no encontro G8 de Génova e na carta do Sr. António Cunha publicada a 12.07.2001 na "Grande Reportagem" com o título: "Barcelona 2001- A Vergonha")

Com o desenvolvimento das comunicações, transportes e formas de produção surgiu a globalização: destruiu-se o muro que separava os comunistas dos capitalistas e os problemas que antes eram só locais passaram a ser globais: a pobreza, a saúde, o meio ambiente deixaram de ser um problema de cada nação ou de cada continente para se tornar uma preocupação global. Se os mais ricos se reúnem para discutir esses problemas, perdoar dívidas, oferecer 1.300.000 U.S.$ para a saúde em África, os pobres e os que sentem boa vontade em ajudar os menos fortunados deveriam deixar trabalhar os legítimos representantes dos povos, aplaudir o que vai ao encontro das suas ideias e criticar, como fez o Sr. António Cunha, aquilo com que não concorda.

Ao contrário da "global" opinião pública actual que parece unânime na luta contra a globalização, eu penso que são mais os aspectos positivos do que negativos. Penso que se devem corrigir os aspectos negativos e governar a globalização para que o excesso prejudicial dos ricos transborde para os pobres em vez de ser estupidamente destruído por políticos, (Cf.: GLOBALIZAÇÃO, POLÍTICOS E POLÍTICAS: http://members.xoom.it/jiimm/gp.htm ), por juizes, (Cf.: GLOBALIZAÇÃO E JUSTIÇA: http://members.xoom.it/jiimm/gj.htm ) e por manifestantes violentos, (Cf.: GLOBALIZAÇÃO E VIOLÊNCIA: http://members.xoom.it/jiimm/gv.htm ).

Gostaria de perguntar ao Sr. Cunha se participou às "mobilizações contra a globalização capitalista" por prazer pessoal, por gosto ou pelo sentimento altruísta de contribuir para um mundo melhor. No caso de ser altruísta gostaria de lhe perguntar se conhece outro sistema político que tenha funcionado melhor do capitalismo. Eu vivi nas duas Alemanhas, capitalista e comunista, Checoslováquia e Hungria. Pouco antes da Hungria se tornar comunista contavam-se duas anedotas que reflectem o sentimento popular de quem è forçado a ser comunista e começa a ver os resultados do capitalismo. Diziam as anedotas:

  1. O condutor do presidente americano ao chegar a um cruzamento pergunta:

Em circunstância idêntica o presidente russo respondeu:

Em circunstância idêntica o presidente húngaro respondeu:

Muitas vezes procurei trabalho em países comunistas para os conhecer por dentro. Penso que hoje ambos os sistemas assimilaram vícios e virtudes de ambas as partes. Mas não duvido que em geral o capitalismo deu melhores resultados.

Faço minhas as suas palavras mas em sentido oposto: "Nenhum ministro, nenhum director de jornal, nenhum polícia, poderá apagar da minha memória as imagens de

crueldade gratuita …" Mas enquanto o Sr. Cunha se refere à crueldade dos polícias eu refiro-me à crueldade e violência que vi nas televisões italianas dos manifestantes de Génova contra a polícia e contra tudo. Vi uma multidão que cercou um carro da polícia arremessando-lhe tábuas, pedras e um extintor. Um disparo matou o jovem e impediu que o extintor atingisse o polícia. Não se pode saber o que sucederia se o polícia não fosse armado como queriam os manifestantes. Das imagens eu estou convencido que o jovem não morria mas morriam aqueles 3 polícias e talvez muitos outros.

A organização do G8 custou uns 100 milhões de dólares, (segundo TV da Rússia, ou 150.000.000.000 liras, segundo um sito da Internet), na maioria foram gastos com a segurança porque se esperavam as manifestações. Os danos foram enormes: 30 milhões de dólares americanos segunda a TV da Rússia e 100.000.000.000 de liras segundo TV de Itália. Quase todos esses danos serão pagos pelos mais honestos contribuintes. Onde está a violência gratuita? Quantas vidas humanas se salvariam se esses meios fossem orientados para os que morrem de fome, para os doentes de África, para a investigação no sentido de melhorar a saúde e o meio ambiente? Ou pensa que as multidões manipuladas por fáceis slogans são mais aptas a gerirem os impostos e a resolverem os problemas da Humanidade?

"A inteligência das massas è inferior à média dos seus componentes". Os eleitos dos povos mais ricos são os melhores representantes desses povos. Os contestadores nem todos são os menos inteligentes e desadaptados da evolução global. Muitos são idealistas com respeitáveis sentimentos altruístas. Mas ninguém melhor do que os representantes eleitos está em melhores condições de decidir o tipo de ajuda aos pobres. Ao contrário da maioria que hoje se manifesta contra a globalização eu penso que deve ser governada com inteligência e valores filosóficos, éticos, morais e humanitários "globais" ou universais. Por outras palavras o patriotismo deve dar lugar ao universalismo, as culturas que favorecem uma melhor convivência global devem tender a globalizar-se e outras devem ser combatidas. O mundo deve unir-se no combate à cultura mafiosa de certas regiões, à ladroagem, corrupção e fanatismos violentos.

O Sr. Cunha diz que "tinham sido destruídas cerca de 20 montras e cabines telefónicas"… viu "os estragos, (…) muitas montras partidas, todas de multinacionais com um curriculum pouco invejável, ou bancos, (…) e muitas pilhagens anticapitalistas". E pergunta: "De onde nos vem tanta raiva?" (…) "Tratou-se de uma violência unilateral,

perpetrada por um corpo de polícia absolutamente desumano e em

número mais do que suficiente para evitar a destruição de qualquer

uma das montras quebradas".

Como pode ser unilateral se disse que tinham sido destruidas 20 montras? Ou foram os polícias que destruíram as montras?

    Diz depois: "A sensação que fica é que a polícia sabe que pode contar com a ajuda dos media naquilo

que se tornou a grande batalha do poder capitalista: a conquista da

opinião pública para a criminalização dos movimentos sociais

contestatários à ordem que estabelece. (…) Nas primeiras

páginas dos jornais do dia seguinte falar-se-ia de "confrontos", os

editoriais colocariam mais uma pitada de cor no rótulo de

"manifestantes violentos". (…) Saímos com uma sensação de vazio. Tinha-se

conseguido, mais uma vez, colocar numa mesma praça milhares de

pessoas com perspectivas muito diferentes sobre o mundo que

querem, mas, mais uma vez, tudo se tinha passado de forma morna,

quase como uma manifestação da CGTP, sem pontos altos, sem

grande aspecto de luta. (…) Alguém gritava, ao apontar para um grupo de pessoas:

"Polícia! Polícia!". De repente, começaram a tirar ferros e paus de

dentro das calças e a correr. (…) juntamo-nos às duas centenas de pessoas que dançavam e gritavam contra a repressão policial. As cargas policiais começaram, mais uma

vez sem que tenha havido nenhuma provocação por parte dos

manifestantes. Tratava-se, aparentemente, de cargas de "precaução",

naquela de "vejam bem com quem se metem, antes de tentar reentrar

na Praça", oficialmente pública.(…) Em segundos, as bastonadas sucediam-se,

uma das quais com tal força que se ouviu a, pelo menos, 20 metros.

No cimo das escadas da parte de baixo da praça, um grupo de

polícias à paisana, com pinta de terroristas urbanos, olhava, triunfante.

(…) O Tribunal popular para julgar os crimes do Banco Mundial e das

instituições do capitalismo global, marcado para as 18h00, não se

realizou. A sala de audiências estava ocupada. A polícia tinha

marcado o ritmo. A polícia tinha ganho. (…) Ilegalizem-me já! Prendam-me!

Matem-me! Mas não me obriguem a viver num mundo destes sem que

possa reagir".

Se os factos se passaram a Barcelona como o Sr. Cunha os relata tem muita razão de se indignar mas não tem razão de fazer pagar as consequências aos mais honestos contribuintes ou a desgraçados inocentes. Até as galinhas com a sua pouca inteligência e grande instinto de conservação se organizam segundo uma ordem de dependência dos mais aptos à sobrevivência. Os 300.000 manifestantes que destruíram Génova não são mais competentes do que os legítimos representantes de quem produz mais e melhor para ajudar os mais pobres. Os problemas resolvem-se com negociações dos mais inteligentes e mais aptos a representar as maiorias e não com a agressividade dos falidos a partir montras e queimar carros e negócios.

P.S. Pode dar a sua opinião sobre estas e outras das minhas ideias no "FORUM DO TROMBONE www.geocities.com/sssantiagooo/index.html (Página de intervenção democrática a favor da ética política: "PELA JUSTIÇA, PELA CLAREZA, PELA VERDADE").

     

JORNALISMO, OPINIÃO PÚBLICA E MUNDO MELHOR

2001-07-31

A violência do G8 continuou nas primeiras páginas da imprensa italiana e da TV. No final do vértice, seguindo as imagens da TV em directo, fiquei com a impressão de que uma invasão de vândalos selvagens tinha destruído Génova mediante a impotência da polícia. Depois desta informação ter sido "tratada" e seleccionada fiquei com a impressão de os violentos tinham sido os polícias. Sobretudo na RAI e FR2 (France 2), parece que seleccionaram as imagens mais violentas da polícia a bater em manifestantes. As imagens dos que atiravam bombas, pedras, tábuas e extintores contra a polícia e que vi em directo parece que foram depois censuradas. Só Berlusconi e o seu Governo defendeu a polícia. Da esquerda só recordo Rutelli a dizer que não queria identificar a esquerda com a acusação da polícia.

A imprensa internacional atacou muito a polícia italiana. Por todo o mundo se fizeram manifestações com a fotografia do morto, um marginal delinquente divinizado como um santo mártir, à semelhança de Silvia Baraldine. Mas nas minha previsões enganei-me: ao contrário do que aconteceu com Silvia Baraldine que 3 dias depois do seu regresso triunfal de uma prisão americana para uma italiana começou a tornar-se cada vez mais impopular, o morto de Génova tornou-se cada vez mais popular sobretudo no estrangeiro.

Esta criminalização da polícia e divinização de uma terrorista e de um marginal não contribuirá para que os problemas se enfrentem com o terrorismo e a violência em vez do diálogo e da razão?

Quantas vidas humanas se salvariam se os gastos com Silvia Baraldine e com a violência a Génova fossem orientados contra a luta à criminalidade, terrorismo e corrupção? Não se poderia contribuir mais para um mundo melhor aplaudindo os ricos que se sentam a uma mesa e discutem como ajudar os pobres em vez de destruir negócios, casas e carros de inocentes?

Os meios de informação que colaboram com estas devinizações de terroristas e marginais não estarão a ser vítimas de manipulações injustas? Será justo que o povo italiano tenha pago uma fortuna incalculável com uma terrorista e deixe morrer inocentes vítimas do terrorismo?

CONTINUAÇÃO NO MÊS SEGUINTE:

AGOSTO, 2001:

1 - EU, FALIDO JORNALISTA, PSEUDO-INTELECTUAL, REACCIONÁRIO, OU PROFETA DE UM MUNDO MELHOR?

2 - HERÓIS ACTUAIS: DOS HACKERS, DELINQUENTES E TERRORISTAS DE ITÁLIA A JESUS CRISTO NO "IMPERIALISMO" AMERICANO

3 - A PENA DE MORTE E OUTROS MORTOS NA SENSIBILIDADE ITALIANA

4 - MORTO DO G8 DE GÉNOVA: DELINQUENTE OU HERÓI?

5 - MANIFESTO PARA UM FUTURO GLOBAL

Para saber mais sobre:

    GLOBALIZAÇÃO:

    http://members.xoom.it/jiimm/g8.htm : G8 e GLOBALIZAÇÃO: O MORTO, OS VÂNDALOS ...

http://members.xoom.it/jiimm/a2001-03.htm , Março, 2001:

GLOBALIZAÇÃO: DO CARTÃO COMUM DO CIDADÃO AO CARTÃO UNIVERSAL.

PREPARATIVOS DO G8 DE GÉNOVA (2001.07.20-22).

G8, HISTÓRIA E PERSPECTIVAS.

G8: VIOLÊNCIA E RAZÃO, POBRES E RICOS, JORNALISMO E FILOSOFIA, HERÓIS E REACCIONÁRIOS.

CHE GUEVARA, REVOLUCIONÁRIO OU FALIDO REACCIONÁRIO, HERÓI DOS FALIDOS …?

G8, GLOBALIZAÇÃO E DIÁRIO DE FÉRIAS.

"FAMÍLIAS" ANTI-GLOBALIZAÇÃO .

" TERRORISMO, CRIMINALIDADE, G8 E GLOBALIZAÇÃO.

"GLOBAL FORUM", ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MANIFESTAÇÕES ... VIOLÊNCIA...

IDEIAS PARA UM FUTURO "GLOBAL OU UNIVERSAL FORUM" .

VIRUS GLOBALIZAÇÃO E JUSTIÇA:

http://members.xoom.it/jiimm/vaci.htm:

                  VOLUNTÁRIOS ANTI-CRIMINALIDADE INFORMÁTICA;

                CARTAS ABERTAS AO PARLAMENTO EUROPEU: Nº 3 ASSUNTO: NOVA JUSTIÇA E "TRIBUNAL INTERNACIONAL DE BOM                                  SENSO" CONTRA NOVOS CRIMES INFORMÁTICOS

                NOVOS CRIMES E IDEIAS PARA UMA NOVA JUSTIÇA EM TEMPOS DE INTERNET

                 CARTA ABERTA AO MINISTRO DA JUSTIÇA  (...) JUSTIÇA SEM FRONTEIRAS CONTRA OS CRIMES SEM FRONTEIRAS.

http://members.xoom.it/jiimm/a2001-03.htm :

                JUSTIÇA SEM FRONTEIRAS;

JUSTIÇA:

http://members.xoom.it/jiimm/a2001-06.htm =  "JUSTIÇA" NOS BASTIDORES DE UM PALCO DE PODERES...

http://members.xoom.it/jiimm/a2001-05.htm = IDEIAS PARA A JUSTIÇA DO FUTURO :

  1. A INTELIGÊNCIA DAS GALINHAS APLICADA AO SISTEMA POLICIAL E JUDICIAL;
  2. JUIZES COM JUÍZO INDEPENDENTES E RESPONSÁVEIS;
  3. A LEI DO BOM SENSO DE JUSTIÇA ACIMA DE TODAS AS LEIS,
  4.  

    http://members.xoom.it/jiimm/lb.htm = "BÍBLIA DA NOVA JUSTIÇA" ,

    http://members.xoom.it/jiimm/lb2a.htm = APRESENTAÇÃO DA NOVA JUSTIÇA: IDEIAS E PRINCÍPIOS…

    http://members.xoom.it/jiimm/lb3fj.htm = FUTURA JUSTIÇA: MAIS JUSTA, EFICIENTE, PRÁTICA, …

    http://members.xoom.it/jiimm/ca.htm = CARTAS ABERTAS …

    http://members.xoom.it/jiimm/dl.htm = "DIÁRIO DE LUTA POR JUSTIÇA E POR UM MUNDO MELHOR".

    http://members.xoom.it/jiimm/lg.htm = "O GRANDE ADVOGADO E A IMPOTÊNCIA DA JUSTIÇA".

    http://members.xoom.it/jiimm/lz.htm = "O ZÉ JUSTO NO PAÍS DAS BANANAS". (Livro de ficção …)

     

Escrevi anteriormente:

ÚLTIMOS TEXTOS PELA ORDEM EM QUE FORAM ESCRITOS.

AA= ÍNDICE GERAL.

    JIIMM: JORNAL INTERNET DE IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR: http://members.xoom.it/jiimm (1ª página).

PIRES PORTUGAL (E-mail: piresportugal@hotmail.com).