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CARTA ABERTA AO PARLAMENTO EUROPEU E AOS POLÍTICOS DA EUROPA

ASSUNTO: DINHEIRO DOS CONTRIBUINTES PARA  MAFIAS, TERRORISMO E BRINQUEDOS DOS MILIONÁRIOS

  Uma pequena notícia, ("L`ESPRESSO"2002-07-11, Itália, P. 82), explica como mais de um bilião de euros para aproveitamento de água no Sul de Itália não aproveitou uma única gota. Vários projectos desde 1972 foram começados e nunca terminados com rios de dinheiro que terminaram em grande parte nas mafias locais. No dia 2002-07-14 anunciou-se em Itália que seguirão mais 500 milhões de euros, em parte da Comunidade Europeia, para resolver o problema da falta de água no Sul de Itália. Esse dinheiro será bem empregue ou alimentará mafia e corrupção? Não seguirá o mesmo caminho do outro bilião de euros? 

O programa italiano da tv5 "STRISCIA LA NOTIZIA" durante anos vem denunciando quase todos os dias somas astronómicas de dinheiro dos contribuintes para obras públicas que se transformam em inutilidades ou financiamento da criminalidade. Muitas obras públicas do Sul de Itália custam o dobro do Norte ou de povos mais caros como a Alemanha porque se deve pagar para a criminalidade. As honestas empresas não podem fazer concorrência porque serão incendiadas e o material destruído ou roubado. Há regiões onde 90% dos comerciantes pagam para a mafia. Alguns que resistiram foram assassinados. Desde que a Itália está unida, este fenómeno tem-se repetido: rios de dinheiro do Norte rico para o Sul pobre que terminam na criminalidade. Com a entrada de Itália na União Europeia muito dinheiro da União Europeia terminou na corrupção e mafias. Com a Justiça Italiana não se pode contar muito porque toda a gente sabe que os mafiosos matam testemunhas e continuam a ordenar assassinos da prisão. Muitos processos contra a mafia são autênticas fantochadas com testemunhas assassinadas na véspera de se apresentarem no tribunal e mafiosos absolvidos ou postos em liberdade ao fim de 3 anos por decorrência do tempo de custódia...

Um ministro de Berlusconi teve o descaramento de dizer que a mafia é uma realidade com a qual temos de conviver. Com a Europa unida alguns problemas locais tendem a alargar-se e têm consequências para toda a Europa. Penso que a causa principal da pobreza do Sul de Itália está na sua criminalidade e o dinheiro da Europa acaba por ser como deitar gasolina no fogo: grande parte vai alimentar a criminalidade. As ajudas da Comunidade Europeia para o Sul de Itália terminam em grande parte nas mãos das mafias: vacas que só existem nos papéis de um 5º andar de Roma, obras públicas incompletas, que nunca chegam a servir e custaram 60% a mais do custo real para alimentar criminalidade e corrupção. A título de exemplo pode ler-se na revista semanal "PANORAMA" de 2002-05-23, p.54: Estão para chegar 1.136.205.000 de financiamento europeu a Napoli que será dividido em grande parte pela criminalidade local como admitem as próprias autoridades: "CHE LA CAMORRA GODA SARÀ UN LUOGO COMUNE, MA NON LO SOSTIENE SOLTANTO CORDOVA. (...) L´ ULTIMO RAPPORTO DEI CARABINIERI PARLA DI 200 BANDE METROPOLITANE CHE SPADRONEGGIANO".

Fiquei escandalizado quando vi nos títulos de primeira página de todos os diários italianos que a União Europeia tinha dado dinheiro para a Ferrari. Não encontrei uma única crítica, só elogios por tal política que me pareceu escandalosa: os impostos dos pobres contribuintes servem para uma indústria de luxo de poucos milionários, para um desporto de grande poluição e que estimula as grandes velocidades causadoras de tantas mortes.

Grande parte do dinheiro dado pela União Europeia para a Rússia no tempo de Ieltsin terminou na mafia russa que o reciclou em parte em Itália. Esperamos que os 20 biliões de dólares destinados à Rússia no G8 do Canadá não sigam o mesmo caminho.

Steven Blumberg, um mutilado israelita que perdeu a família numa explosão terrorista, fez causa à União Europeia pedindo uma indemnização de 21.700.000 de Euros pelos damos. Baseia-se nas provas de que as ajudas da União Europeia a Yasser Arafat serviram aos terroristas para o mutilarem e lhe matarem a família. Segundo pequena notícia publicada em "LA STAMPA" de 2002-05-21, p. 6, as ajudas da União Europeia para Yasser Arafat são de 10.800.000 Euros por mês, um total de 1.500.000.000 U.S.$ desde 1994. Segundo a acusa, parte deste dinheiro tem servido para financiar o terrorismo.

 Os políticos da Europa não fariam melhor em dar prioridade a uma "justiça sem fronteiras" para crimes sem fronteiras, em orientar os seus recursos com mais ética, com  mais controlo para melhorar a vida dos mais pobres em vez de lhes dar armas para descarregarem contra inocentes a agressividade da sua frustração?

Sugiro:

1 - inspecções rigorosas sobre o emprego do dinheiro dos contribuintes da União Europeia;- novas formas mais eficientes de justiça internacional para crimes internacionais;

2- promoção de uma cultura da legalidade e de novos valores de convivência universal;

3- um telefone verde, uma direcção e um e-mail onde se possam fazer denúncias das vigarices e dos crimes que se conhecem. Ao contrário de alguns ESTÚPIDOS E INJUSTOS SISTEMAS JUDICIAIS TRADICIONAIS QUE CASTIGAM AS VÍTIMAS E TESTEMUNHAS DE INJUSTIÇAS, DEVEM DISTURBAR O MÍNIMO POSSÍVEL QUEM COLABORA E TESTEMUNHA, INDEMNIZAR OS DANOS, PROTEGER, MANTER O ANONIMATO EM CERTOS CASOS E SOBRETUDO DAR PRÉMIOS A QUEM COLABORA EM PERCENTUAL DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS. 

Itália, 2002-07-14