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GUERRA E PERDÃO

(FUKUOKA, JAPÃO, 26.05.99, 3 HORAS DA MANHÃ)

Enquanto dormia mal numa cadeira reclinável passei quase para o lado oposto do Globo. Deixei Itália onde as Brigadas Vermelhas parecem renascer e mataram um político ex-pro-comunista mas que não se mostrou tão comunista como as Brigadas Vermelhas queriam, em Turim foi recusado o nome de Che Guevara para uma rua, há em Itália duas ruas com o nome de Estaline e várias com outros líderes comunistas, os noticiários continuam a mostrar a miséria dos kosovares que os serbos matam e expulsam das suas casas depois de violarem as mulheres e filhas. No livro "Il fattore emozione" leio o relato de um tibetano com os mesmos horrores quando a China invadiu o Tibete. A China invasora proibiu qualquer manifestação religiosa. O chefe de uma aldeia saudou um amigo juntando as mãos de maneira tradicional. Um soldado chinês viu nesse jesto uma manifestação religiosa e castigou-o queimando viva toda a sua família apesar dele pedir que o castigassem só a ele.
Robert K. Cooper, no seu livro "Il fattore emozione", refre-se à Guerra do Vietname "para defender a liberdade, os direitos e a dignidade humana". O mesmo se disse no Golfo e na ex-Jugoslávia. Por outro lado Che Guevara lutou contra o chamado "imperialismo americano" matou e deu a vida por um ideal duvidoso: Cuba está mais atrasada e vive pior do que as outras ilhas que "sofrem" o "imperialismo americano" e não foram "libertadas" pelos revolucionários Che Guevara e Fidel Castro.
Aquele tibetano que viu queimar a sua família é apresentado como um exemplo de coragem em enfrentar o presente e futuro. Recordo Cristo que pregou o perdão. Penso que para mim seria melhor se conseguisse esquecer o passado e perdoar as injustiças de que fui vítima. Mas penso que para um mundo melhor é preferível a justa vingança  do que o perdão. A guerra do Golfo e da ex-Jugoslávia são uma licção para tiranos, ditadores e expansionistas. Há mortes e guerras que salvam vidas. E há clemências que causam muitas mortes. Não duvido de que algumas mortes de brigatistas e mafiosos salvariam muitas vidas inocentes e mais úteis à sociedade.

LG