LJA

    JORNALISMO PARA AMADORES E PROFISSIONAIS

    APRESENTAÇÃO 

O jornalismo é exercido por profissionais de diferentes ramos. Até o ex-Presidente da República Dr. Mário Soares se tornou jornalista da SIC com um programa em que entrevista personalidades do seu tempo.

De facto o jornalismo não é exclusivo de jornalistas profissionais e há pessoas em diversas actividades com capacidades de fazerem bons trabalhos específicos. Mas há normas jornalísticas que se devem aprender mesmo que não se frequente um curso completo. E não percebo como simples mas importantes normas parecem desconhecidas em alguns dos principais jornais nacionais. Por exemplo no dia 11.03.99 uma notícia aparecia num diário sem dizer o principal, noutro trazia o principal no fim e só no jornal "A Capital" tinha no título e no começo o principal: "Estudo pioneiro apresentado hoje / Maioria quer menos violência na tv. / Oitenta e quatro por cento dos inquiridos (...) defenderam a tomada de medidas para reduzir a violência na tv propondo..."

    Li num diário a notícia de um congresso de médicos especialistas numa doença e fiquei desiludido por não encontrar aquilo que me parecia fundamental: as causas da doença, como preveni-la, como curá-la. Comprei outro diário que abordava vagamente só no final. Só um jornal dava à noticia um tratamento jornalístico que me parece fundamental: dizer no título e no "lead" ou nas primeiras linhas aquilo que poderá interessar à maioria dos leitores. Num jornal especializado para médicos pode ter interesse prioritário o nome dos especialistas que são do seu conhecimento, como chegaram a determinadas conclusões, etc. Mas para a maioria dos leitores de um jornal não especializado e que não tem tempo de ler o jornal do princípio ao fim é importante proporcionar-lhe no título, no lead e nas primeiras linhas aquilo que mais poderá interessar à maioria.

    Esta norma básica do tratamento jornalístico de uma notícia torna-se cada vez mais importante: aumenta a informação disponível e a dificuldade em seleccionar a mais importante para cada momento. Por isso penso que num jornal de divulgação mesmo os artifícios literários ou estéticos se podem sacrificar para ajudar o leitor a encontrar o que lhe interessa sem perder tempo com o que não lhe interessa.

Neste "século do povo" descobriu-se o poder do jornalismo. "O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente." Sendo o jornalismo dependente dos meios económicos tornou-se um alvo fácil da corrupção quer da parte do poder político, (para ter boa imagem pública e influenciar os votos), quer da parte do poder económico, (para influenciar as compras e as decisões políticas que os favorecem).

Recordo um jornalista que me contou ter recebido um cheque mil contos de uma empresa. Devolveu-o rasgado dizendo que a sua honestidade não estava à venda.

Num sistema concorrencial de mercado livre o meio de informação melhor e mais honesto teria mais público donde resultariam mais meios para progredir nessa mesma orientação. Mas quando os meios de informação passam para poderes políticos ou económicos com a finalidade de influenciar o público podem deixar de estar ao serviço do público para estarem ao serviço de quem os paga.

    Uma pessoa culta e com formação universitária desabafou comigo: "li todo este artigo e não percebi o que o autor quer dizer". Dei-me ao trabalho de ter todo aquele longo artigo e também eu fiquei sem saber o que queria dizer. Parecia um texto tirado de alguma tese científica, cheio de expressões técnicas desconhecidas do cidadão não especializado naquele assunto, caído por estranhas razões num dos principais diários nacionais. Perguntei a dois jornalistas daquele jornal e ambos me deram a entender que os artigos de opinião daquele jornal serviam para o director pagar favores...

     Isto levanta três problemas graves do jornalismo: a corrupção, a incompetência e a linguagem ou o tema técnico num jornal popular.

    Um jovem casal suicidou-se ligando o tubo de escape para dentro do carro fechado. Foi notícia de primeira página e seguiram-se suicídios idênticos. De facto as notícias de primeira  página têm muitas vezes efeitos sugestivos. Também após a publicação de "Romeu e Julieta" se seguiram muitos suicídios. Publicar ou não?

    Os meios de informação intalianos "santificaram" uma terrorista. Depois de lerem na imprensa internacional o ridículo em que tinham caído começaram a reproduzir o que se publicou no estranjeiro e começaram as críticas. Em minha opinião os meios de informação italianos contribuiram para o aumento da criminalidade e terrorismo ao tratarem esta terrorista como uma heroína(1). Sendo filha de um embaixador italiano nos USA e tendo uma irmã deputada em Itália e com indêntico espírito de luta movimentaram políticos e opinião pública para a transferir para uma prizão em Itália. Os meios de informação deram-lhe uma importância enorme em contraste com o interesse que a opinião pública num inquérito feito a 30.08.99 quando os ilogios deram lugar às críticas. Um estudo psico-sociológico deste caso seria interessante para a formação dos jornalistas e desmascarar mecanismos que estão por detrás da transformação de certos casos em acontecimentos internacionais de primeira página e suas consequências. Se o livro "Romeu e Julieta" provocou muitos suicídios, quantos actos de terrorismo não serão estimulados com o tratamento heróico dado a esta terrorrista?   

    Apresentarei alguns casos polémicos e as minhas ideias para pensar e pôr o jornalismo ao serviço de um mundo melhor.Um jornalismo honesto pode ser um dos melhores meios de contribuir para uma democracia eficiente e para   melhorar a sociedade.

(1)Cf.:

AAAST

TIST: ITÁLIA E SEUS QUERIDOS CRIMINOSOS.

TSTC: "SANTA TERRORISTA": CULTURA DE UM POVO OU INJUSTIÇA E ESTUPIDEZ A ALTO NÍVEL?
I-EPC: ENTREVISTA AO PRESIDENTE COSSIGA (em italiano).
I-EGI: ENTREVISTA AOS JORNALISTAS ITALIANOS (em Italiano).
DP990828: INTERNET, JORNALISMO, IDEIAS COMO MUNUMENTOS CULTURAIS.
CAMD:CARTA ABERTA A UM MINISTRO DE GRANDE SENSIBILIDADE E CORTESIA, UM DEPUTADO DEMASIADO HUMANO, PARTE DE UM POVO MUITO GENEROSO...

DP990831= SANTA TERRORISTA... COMUNISMO ... IMPERIALISMO AMERICANO