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PUBLICIDADE, INFORMAÇÃO E DEMOCRACIA

Nas eleições para o Parlamento Europeu em Itália a 13.06.99 salienta-se a vitória de Berlusconi que com as suas televisões fez muitos spots publicitários. Mas a grande surpreza, considerada como um dos maiores sucessos políticos dos últimos tempos, foi a votação de Emma Bonino. A sua campanha publicitária deve ter costado entre 5 e 10 bililoes de liras, (1.000.000.000$00), entregue aos melhores profissionais de imagem, na sequência de uma outra campanha para Presidente que também deve ter custado muitos biliões. Directa ou indirectamente muitos destes biliões devem ter saído dos contribuintes. No final acabará por ser eleito quem é mais competente ou quem sabe melhor aproveitar-se dos dinheirors públicos (ou privados) e encaminhaná-los para a sua propaganda?
Se um presidente da câmara gasta metade do dinheiro dos contribuintes a compor uma rua e outra metade a dizer a todo o país que compos uma rua tem mais possibilidade de chegar a Presidente da República do que outro que gastou todo o dinheiro a compor duas ruas e não disse nada. Emquanto Sampaio era presidete da Câmara de Lisboa vários jornais publicaram páginas inteiras de publicidade a ruas que tinham sido compostas. Mas quantas outras se poderiam ter composto com o dinheiro gasto na publicidade?
A publicidade tornou-se um meio determinante de poder político e de corrupção das democracias. Quanto maior for a corrupção dos partidos acompanhada da corrupção dos meios de informação e da ineficácia da Justiça maior será o crescimento do seu poder político. Caminha-se assim para o poder da corrupção.
Berlusconi construiu o seu império de informação ajudado pelo seu amigo político Craxi. Retribuia de forma directa ou indirecta com informações e publicidade favoráveis a Craxi e ao seu partido. O político dava um toque nas leis e nas políticas que favoreciam o empresário e este retribuía com publicidade e informações.
Entretanto apareceu um juiz, António Di Pietro, com coragem e bom senso iniciou uma revolução judiciária. Berlusconi salvou-se da prizão com as suas imunidades e Craxi fugiu para África. Mas levou uma fortuna e de lá continua a manobrar cordelinhos com seus advogados e suas influências.
Antonio Di Pietro tornnou-se o homem mais popular de Itália com o seu eficiente trabalho de magistrado. Mas no apogeo da sua carreira deixou a magistratura e entrou na política. Não sei se atingiu o ponto da incompetência segundo o princípio de Peter: de excelente magistrado passou a incompetente político ou desadaptado da forma italiana de fazer poplítica. Num país em que política depende essencialmente da propaganda publicitária e que precisa de muita corrupção para obter o dinheiro para pagar os melhores profissionais, um honesto magistrado será um desadaptado.
A verdade é que até V. S., um grande vigarista que dá lições de moral e de política na televisão de Berlusconi, em parte de Itália teve mais votos preferenciais para o Parlamento. Daqui se podem lançar muitas hipóteses:
1-Um vigarista que sabe falar bem e tem à sua disposição um canal de televisão pode ter mais votos do que António Di Pietro que com a sua luta cotra a corrupção política se tornou o homem mais popular de Itália. A sua popularidade caíu com os sermões de V. S. na televisão de Berlusconi. De facto em vários dos seus sermões atacou Antonio Di Pietro. Se as leis italianas se cumprissem e se Berlusconi não fosse um dos homens mais potentes e mais inteligentes de Itália, estaria na prizão. Mas também estariam na prizão muitos dos políticos do tempo de Andreotti. Como Craxi disse ao juiz num julgamento transmitido pela RAI até eu em Portugal pude saber que a corrupção dos partidos com dinheiros ilegais era uma prática constante em todos os partidos. Se aparece um que recusa a corrupção tem menos possibilidades políticas do que outros.
2-Os partidos mais corruptos têm mais meios económicos para fazerem mais publicidade e terem mais força política. Se os meios de informação estão comprados por poderes politico-económicos e a Justiça se dobra à política as democracias transformam-se em poder da corrupção.
Claudio Martelli, ex vicesecretário do PSI, ex ministro da Justiça de Craxi, condenado a 4 anos de prizão por causa do "conto protezione", uma conta bancária usada para a corrupção do PSI, foi absolvido pela "Casszione", (Supremo Tribunal Italiano), porque não foi feita a perícia a um bilhete escrito por Martelli, que ele próprio confirmou e porque há um famoso artigo 513 que impede de condenar o imputado quando as acusações não são repetidas no tribunal. Os mafiosos matam ou ameaçam de morte as testemunhas e estas raramente confessam a verdade nos tribunais. Este "conto protezione" fez parte da bancarrota fraudulenta do Baqnco Ambrosiano e de muitos outros grandes negócios em que o dinheiro dos contribuintes serviu para crescerem os partidos mais corruptos.

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