HOME: JIIMM JORNAL INTERNET DE IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR Por:

PIRES PORTUGAL

 

CONTEXTO: 2003-02 DIÁRIO DE IDEIAS EM ESTUDO

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DIÁRIO PESSOAL:

EU, PROFETA, ARTISTA, JORNALISTA, INTELECTUAL OU VELHO FALIDO ...

2003-02-25

Muitas vezes sinto-me um profeta no sentido de antecipar ideias para um mundo melhor: há 30 anos comecei a defender ideias muito populares dos actuais "no-global": andava de bicicleta à universidade olhado com desdém por todos, criticava os que andavam de carro até ao estádio desportivo para fazerem ginástica em vez de irem a pé caminhando por 20 minutos, subia escadas em vez de usar elevadores, ridicularizava o contraste do uso de palestras e todos os automatismos: gasta-se energia para não fazer ginástica e para a fazer enquanto tanta gente morre por falta de energia e pela poluição que a produção de energia provoca.

Por outro lado hoje certos "no-global" parecem-me estúpidos e ridículos: destruíram casas e negócios, queimaram carros, provocaram 500 feridos quando Bill Gates veio a Nápoles apresentar propostas para a Internet ao serviço da função pública. Precisamente aquilo em que a Internet pode mais facilmente ser mais útil para um mundo melhor, para evitar custos humanos e energéticos nos serviços públicos, aparecem estes estúpidos a causar danos e contestar o progresso útil para a maioria. A lógica primitiva destes estúpidos "no-global" parece ser esta: com a Internet e novas tecnologias um funcionário público pode fazer mais do que 100 com as técnicas tradicionais. Por isso causará 99 desempregados. É a mesma lógica dos agricultores que no início do século passado incendiavam os tractores. Mas há outra lógica: num Estado honesto e eficiente os administradores serão os mais eficientes no uso dos recursos económicos e humanos. Quer dizer que se tem dinheiro para 100 empregados que actualmente são ocupados com antiquadas burocracias, ao aplicar os progressos do senhor Bill Gates esse trabalho passa a ser feito por um e os outros 99 podem fazer outra coisa para bem da sociedade: educação, cultura, saúde, assistência social, apoio ao voluntariado e mesmo divertimento.

No dia 2003-02-21 o jornal "CORRIERE DELLA SERA" publicou no final da página 17 "... SEM MAFIA O SUL SERIA RICO COMO O NORTE", ("I costi del racket e quelli per la sicureza: la criminalità riduce del 2,5 il Pil del Mezzogiorno / Il Censis: senza mafia il Sud ricco come il Nord"). Eu cheguei a esta conclusão há mais de 20 anos sem fazer todos esses grandes estudos técnicos desse longo artigo. Se eu fosse director de jornal já tinha posto dezenas de vezes essa conclusão em primeira página com outros argumentos lógicos e evidentes: a mafia, criminalidade e corrupção são os principais responsáveis dos males evitáveis de Itália. A estupidez da administração resulta quase sempre da corrupção: os mais corruptos dão mais dinheiro ao partido e sobem na administração pública quando o partido mais corrupto, o que tem mais dinheiro para fazer publicidade ou propaganda eleitoral, chega ao poder. O cúmulo desta lógica deu-se com Craxi, "o símbolo da corrupção italiana". Ao ver nestes dias a notícia da inauguração da primeira estátua em tamanho natural a Craxi e ao ouvir na televisão Antonio di Pietro dizer que a corrupção está aumentando a níveis superiores de antes de "tangentopolis" sinto vontade de ser jornalista e trazer para as primeiras páginas este escândalo e os meios de o combater: jornalismo, cultura e justiça: Dos meus estudos de Psicologia do comportamento humano cheguei à conclusão lógica e evidente que os dois principais meios de modificar os comportamentos são a persuasão, o prémio e o castigo. Um melhor jornalismo, os melhores artistas como produtores culturais e uma melhor justiça são os melhores meios de contribuir para um mundo melhor.

Ganhei bem e facilmente a vida como artista. Uma injustiça traumatizou-me e quase me destruiu como pessoa e como artista. Nunca esqueci aquelas palavras de Amália Rodrigues com que tive a honra de actuar: "Nasci para amar e sem amor não sou ninguém ..." Penso que todos os grandes artistas são em geral pessoas que amam o público e lhe dão quase todas as suas energias. As injustiças traumatizam. O "GRANDE ADVOGADO" roubou-me as economias de muitos anos de trabalho mas o pior dano foi psicológico na medida em que roubou grande parte da minha capacidade de amar e me transformou numa bomba de ódio pronta a explodir à menor injustiça. Talvez por isso seja hoje um falido como artista e como escritor: sou o mais odiado do fórum do www.azine.org onde coloco alguns dos meus escritos. Será masoquismo? Ou esperança de aprender com as críticas?

Recordo uma reportagem de vagabundos em Itália: a maioria estava ali devido a traumatismos de injustiças que tinham sofrido. Uma reportagem num jornal de uma família que vivia debaixo de uma ponte resultava vítima de uma vigarice que lhe tinha roubado as economias pagas para a compra de uma casa. As injustiças estão na origem da maioria das desgraças evitáveis. Incluso as guerras são em geral o fruto de injustiças. Neste momento o mundo parece à beira de uma guerra que tanto pode ser uma breve guerra de desarmo de um perigoso guerreiro ditador que apoia terroristas como o início de catástrofe global com bombas atómicas de um lado e terroristas com armas químicas e biológicas de destruição de massas de outro. Procurei informações de todos os lados. Penso e desejo que não se faça a guerra. Mas estou convencido que sem a pressão das armas americanas e ingleses Saddam estava a armar-se e preparar uma catástrofe global com apoio de terroristas do género dos que mandaram aviões contra as torres americanas e proclamam a morte aos "infiéis", aos que não têm as suas crenças.

Nestes dias li mais uma vez num jornal italiano uma acusa aos EUA e à ONU por não terem evitado o genocídio de 800.000 civis no Ruanda em 1994. Curioso como só nestes dois últimos anos senti falar disto. Os jornais não falaram no assunto, ou eu só li jornais que não falaram ou li e esqueci? A verdade é que só me recordo de ter lido várias referências nos últimos dois anos, talvez devido a uma espectacular reportagem da BBC que passou em várias televisões e despertou a opinião pública. Curioso como se acusam os EUA e ONU por não terem intervindo da mesma forma que se acusam pelos mortos da intervenção no Kosovo e Afeganistão. Na verdade no Kosovo existia um ditador que estava eliminando os de outra raça e foi levado a tribunal depois de ser vencido pelas armas. Sem essa guerra teriam morrido mais ou menos? No Afeganistão foi derrotado um regime de um minoria mais guerreira e apoiante do terrorismo para se caminhar para a democracia. Foi bom ou mau para o Afeganistão e para o mundo? Os EUA não intervieram no Ruanda porque tinham perdido 18 soldados e despesas astronómicas numa outra intervenção humanitária em África sem resultado. Se tivesse intervindo e tivessem sido 400.000 mortos seria culpa dos EUA. Como não teve intervenção e os mortos foram 800.000 são acusados de negligência.

ACTUALIZAÇÃO: 2003-02

(Nota: A continuação e actualização destas ideias poderá ser fornecida de forma personalizada, em condições a combinar, para órgãos de informação, publicações, documentários,  ARTIGOS, LIVROS, PROGRAMAS DE TVFILMES , ETC.

MAIS:

 ADVOGADO DO DIABO, (ÍNDICE) 

"ADVOGADO DO DIABO" NA POLÍTICA, JORNALISMO, INFORMAÇÃO, E OPINIÃO PÚBLICA

 "PIRES PORTUGAL" NO DIVÃ DO "ADVOGADO DO DIABO"

"OS INTOCÁVEIS" DA "JUSTIÇA" TRADICIONAL E "JUIZES COM JUÍZO" PARA UM FUTURO MELHOR

DIÁRIO: 2003-02:

2003-02-23: PAZ, GUERRA, TERRORISMO E ANARQUISMO NO WWW.AZINE.ORG

2003-02-22: PACIFISMO E GUERRA

GUERRA COMO RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS?

BICICLETAS E CARROS ECOLÓGICOS?

2003-02-20: HUMOR E POLÍTICA

2003-02-18: PAZ, MASSAS E ELITES

2003-02-15: PACIFISMO À ITALIANA

2003-02-16: PACIFISMO CONTRA A MAIS ANTIGA DEMOCRACIA E A FAVOR DO DITADOR MAIS GUERREIRO DOS ÚLTIMOS TEMPOS

GUERRAS E BATALHAS PACIFISTAS, MORAIS, IDEOLÓGICAS E RELIGIOSAS

Sugestão, (em inglês):

Conferencia de Bill Clinton para a BBC: A LUTA PELA ALMA DO SÉCULO XXI http://www.bbc.co.uk/arts/news_comment/dimbleby/clinton.shtml

PAZ E FICÇÃO

2003-02-07: LEIS, TEMPO, LUGAR, POLÍTICA E JUSTIÇA

DIÁRIO: 2003-01